A Confissão - Oitava Parte

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A Confissão - Oitava Parte

Stalker's Point of View

Nós conhecemos Dinah no último ano, ela estudava química, farmácia e às vezes estranhava a quantidade de remédios que eu tomava. Era verdade que viver com uma pessoa de idade influenciava sua tomada de decisões com relação à sua saúde.

- Você nem tem TDAH! - Ela encarou o frasco de pílulas na mesa ao lado da cama.

- É só por precaução. - Dei de ombros, a verdade é que fazia-me focar no que realmente importava, ela. Apenas ela, porque agora ela quase não vivia no nosso quarto. Não é que morava com Adrian, mas passava mais tempo junto dele do que comigo e essa sensação eu não conhecia.

Talvez ela achasse que eu fazia o mesmo com o Eddie, mas ele agora voltara para a casa do irmão, depois da morte de seus pais, as coisas ficaram diferentes e por mais que ele não fosse uma pessoa ruim, eu não tinha a intenção de estar o tempo todo ao seu lado. Collie cumpria muito bem com esse papel e Eddie sabia que eu não me dava bem com ele. Não assinei esse contrato para ter que me envolver com seus problemas, é apenas uma distração para que os outros não notem onde meus olhos estão.

Lauren...

Eu usava cada vez mais o seu nome, desperdiçando como se o pudesse, mas o gosto agradável que deixava na minha boca me fazia tê-lo com mais vontade em meus lábios.

- Mani, não é um vírus, não é como se você fosse pegar na próxima esquina que virasse... e esse é para pressão alta, desde quando você tem todos esses problemas de saúde?!

Eu não tenho nenhum, mas o efeito de cada um pode me ajudar em uma coisa. Se eu amassar a pílula amarela para alergia no suco verde dela, ela passa o resto do dia com dor de cabeça e sono, o que significa que dorme no nosso dormitório e às vezes até mesmo abraçada comigo.

Então... isso justifica o uso.

- Vou jogar tudo fora enquanto estiver dormindo. - Ela deu um belo sorriso e ajeitou o cabelo pintado de vermelho depois de largar o frasco.

- Minha avó usava todo tipo de remédio. - Eram poucas as vezes que eu falava dela, mas Dinah era uma boa ouvinte, uma boa falante e uma ótima amiga e estar ao lado dela evitava o vazio de não estar com a Lauren. - Acho que aprendi com ela.

- Só me prometa pensar um pouco melhor nas suas escolhas, na nossa vida já basta a Lauren para dar problemas que envolvam drogas.

Fingi uma risada para evitar o assunto que eu não me acomodava. Tudo começou com as bebidas, no começo achei que não seria grande coisa, mas quando Adrian apareceu, as coisas foram piorando. Ela nunca o fazia na minha frente, mas de vez em quando voltava de manhã e não sabia onde estava sua cama, ou colocava o celular dentro do pequeno aquário que enfeitava o dormitório e até teve uma vez em que ela simplesmente deitou no chão, entre a porta e o quarto e começou a dormir como se fosse o lugar mais confortável do mundo.

Aquilo me incomodava mais do que seu relacionamento com Adrian e por mais que agora ele estivesse trabalhando e não usasse mais nada, ela ainda abusava de vez em quando. Era raro, mas acontecia.

- Estou de olho nele. - Admiti, minha promessa, eu protegeria ela a qualquer custo. - Nada de ruim vai acontecer com ela.

- Vocês devem ser como irmãs. - Dinah sorriu, parecia ter levado um tempo para pensar no assunto. - Lauren me contou que se conheceram quando eram pequenas.

- Sim, ela era minha vizinha.

Eu não contava nossa história porque era nossa, as lembranças cabiam a mim e a ela, mas algo em Dinah me permite dizer mais, me permitia admitir que eu viveria uma vida inteira para tê-la ao meu lado.

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