Realidade - Última Parte

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Realidade - Última Parte

Lauren Jauregui's Point of View.

— Eu achei que tinha sido sequestrada. — É a primeira coisa que ouço ao chegar em casa.

— Eu te deixei uma mensagem. — Revirei os olhos para meu irmão enquanto procurava o cabo para conectar meu celular na tomada.

— Por onde você esteve?

Larguei a bolsa na cama e me sentei quando o aparelho vibrou e a tela se iluminou mostrando o número um por cento.

— Não lembro quando assinei um termo para te dar satisfação. - Bufei irritada ainda pensando que sentia falta dos momentos em que vivia em uma casa sozinha. Não que ele tenha feito algo horrível, mas me irritava sua forma de falar.

— Lauren, tentaram invadir sua casa e você ainda acha que eu não ia me preocupar se sumisse por dois dias?

— Agora você se importa com a invasão? Porque naquele dia você estava insinuando que eu sabia quem tinha entrado, que eu sabia que isso ia acontecer, depois deixou um homem mentir para mim, você sabendo a verdade e não tratou de fazer nada. Agora não estou aqui para fazer o que quer e você está preocupado com o meu bem-estar?

— Não é isso, você sabe que não é! — Exclamou e foi a primeira vez que olhei para ele desde que cheguei em casa.

Chris parecia realmente nervoso e me incomodava suas mudanças repentinas de humor. Por mais que eu quisesse de alguma forma compensar pelo tempo perdido, não achava mais que ele devia viver a minhas custas. Talvez seja a hora dele encarar seus demônios sozinho. Balancei a cabeça e soltei o ar dos pulmões.

— Chris, se você quiser ficar aqui, você pode. Mas não venha depositar sua culpa em mim.

— Sabe, Lauren, eu me culpo sim, eu admiti isso, fiz coisas erradas e ainda faço, mas em nenhum momento vim aqui para ser sustentado por você, não fale comigo dessa forma.

Permaneci em silêncio por um tempo até ele continuar.

— Sinto muito se eu fiz você se sentir assim. Sinto pelo comentário que fiz na frente da polícia e sinto por não ter dado uma surra naquele mentiroso.

— Chris... — Sentei no colchão e o encarei, observando aquela sua expressão, sobrancelhas juntas e olhar desanimado. - Estou cansada, conversamos amanhã, ok?

Eu sabia que não era o que ele queria, mas ele me respeitou ao sair do quarto e fechar a porta. Era difícil ter que lidar com as emoções que preenchiam o meu peito porque ao mesmo tempo que eu queria ser uma irmã melhor, eu queria também voltar no passado quando eu não o tinha por perto. E talvez eu me sinta aliviada já que Taylor nunca me retornou e nunca veio me procurar. Eu me afastei de minha família porque não queria mais nada do que eles tinham a me oferecer. E no fundo não me sinto culpada, não por isso.

Devo admitir que não consegui dormir aquela noite. Pensava no nosso tempo juntas e tudo que Camila havia me contado. Seu passado difícil e a morte dos pais em seu aniversário... uma dor tomou conta de mim, queria entender mais daquele ser humano, poder de certa forma estar ao lado dela, mesmo que tenham passado anos, que obviamente ela deve ter amadurecido antes da idade para cuidar da irmã... queria ser a pessoa que aliviaria sua carga. Que a confortasse. Não sabia porque os sentimentos eram tão intensos, mas pensava na mulher, querendo manter um pronome possessivo na sentença. Ter a capacidade de chamá-la de minha, de dizer em alto e bom som, que o caminho que ela anda, ela vai de mãos dados comigo. Mas a camada que a envolvia de mistério ainda me era impenetrável, eu podia sentir, densa e solitária.

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