Mulher - Segunda Parte

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Mulher - Segunda Parte

Lauren Jauregui's Point of View.

A única coisa que eu não esperava daquela noite era entrar em um carro na direção de outro estado que daria por volta de mais de quatro horas de viagem, por isso que quando ela disse aquilo, eu surtei.

- Está louca?!

A música invadia o carro e a mulher dirigia sem se importar, apenas com o foco na rua, ainda próximo ao bar, eu podia muito bem impedir isso e voltar, pegar um táxi e meu rumo de volta para casa.

- Tem algo mais importante a fazer?

Ela só podia estar brincando.

- Mais importante do que viajar com uma estranha para outro estado só com a roupa do corpo não parecendo em nada com um sequestro?

- Para começar não somos mais estranhas, lembra? Acabamos de nos conhecer no bar, sabemos o nome uma da outra e não vejo algemas ou cordas no seu corpo, então você pode muito bem sair a hora que quiser.

Mais uma vez ela me encarou, esperou por um instante e quando permaneci em silêncio, voltou a dirigir com um sorriso triunfante.

Eu não podia acreditar no que estava acontecendo, era real? Depois de todo esse tempo isso estava realmente acontecendo? E por que eu não estava desistindo? Por que eu permaneci no carro? Por que eu ainda queria conhecê-la? Na minha bolsa eu tinha apenas um cartão de crédito, algumas notas de dinheiro, meu celular, balas de menta, chaves e um livro pequeno. Nenhuma roupa, nenhuma bagagem para visitar um lugar desconhecido, mas ali eu estava, pronta para uma aventura inesperada.

Ri de mim mesma enquanto o vento fazia nossos cabelos esvoaçarem, a Lauren de anos atrás estaria mais do que orgulhosa, vibrando e talvez eu tenha visto ela ao olhar no reflexo do espelho retrovisor.

As luzes da cidade passavam por nós como se desse suas despedidas e eu podia ouvir ela cantarolando a música da rádio.Seu cantarolar era agradável e por um momento até pude fechar os olhos e apenas sentir o vento que cortava o meu rosto. No fundo eu sabia que deveria dar a volta, ir embora, pedir para que ela parasse o carro... e talvez ela fizesse, não estava me obrigando a nada.

- Se quiser posso fechar. - Ela mencionava o teto do carro e eu neguei, não me lembrava de um dia ter dirigido em um conversível e gostava da sensação diferente, do vento que cortava o rosto, dos sons altos, das luzes e do céu escuro, a pequena sensação de adrenalina. A exposição, quase como se estivesse andando a pé com rapidez.

Na primeira parada que tivemos ao abastecer, me ofereci para pagar a gasolina, já estava envolvida no sequestro de forma que tinha aceitado que definitivamente cometeria um erro, mas estava inclinada a descobrir o resultado. Camila negou e a mesma fez todo o trabalho, enchendo o tanque e retornando ao banco do motorista até parar por um instante me fazendo quase abrir a boca para perguntar o que havia de errado.

- Quer trocar?

- O que?

Ela bateu duas vezes no volante e imediatamente dei uma boa risada.

- Tem certeza? - Não gostava de dirigir qualquer carro que não fosse meu pelo constante pensamento de que imediatamente cometeria um erro que arranharia toda a lataria ou pior.

Camila imediatamente saiu do carro e deu a volta, esperando que eu passasse para o lado. Por fim, dei de ombros e passei as pernas para o banco, tendo que manter o vestido preso ao corpo e quando ela fechou a porta, dei partida no carro que rangeu e tremeu. Pensei para mim mesma que quem sempre dirigia uma caminhonete velha de câmbio manual não encontraria problemas em dirigir um conversível automático.

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