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Encontro
O Stalker sabia, que o que quer que tivesse que fazer, deveria ser realizado por suas mãos. Sentia a necessidade em sua pele, como um vício latejante, a constante adrenalina e profunda abstinência.
Samuel Pisano, mais conhecido como Sam, era um jovem com seus vinte e três anos, quase vinte e quatro, recém-graduado em direito, mas nunca quis se tornar um advogado, por mais que seu pai, o Sr. Gregory Pisano, tivesse decidido isso desde seu nascimento. Por isso que dois anos atrás, o pai dono de uma firma, decidiu dar ao filho a grande oportunidade de trabalhar em seu escritório, como um auxiliar que viveria a rotina de diversos profissionais com muita experiência. Que grande oportunidade para um aluno como ele, mas que desgraça para um filho! Ouviu sempre falar sobre justiça, mas não achava justo viver a vida que vivia.
O jovem odiou a ideia, tudo naquele contexto o deixava constipado, desde o pensamento de ter que usar gravatas todo dia até o simples fato de precisar carregar o fardo de sua família.
O seu desejo mais profundo não importava, era frustrado e deixava isso claro. Toda manhã, por volta das seis, saía de seu apartamento no centro da cidade e com sua bicicleta de setecentos dólares, rodava por volta de quinze quilômetros em aproximadamente quarenta minutos. Era rápido, ágil, fazia isso desde seus quinze anos de idade. Tinha o corpo de um atleta, músculos pequenos, mas definidos, ombros largos e coxas grossas.
Chegava suado com sua roupa da Nike, justa na cor preta, a mesma que pagou umas centenas para esbanjar, removia os tênis macios e especiais para o esporte e mergulhava em um banho no chuveiro com pressão forte e água quente. Depois de vestir o terno que mais odiava, tomava seu café com duas colheres de açúcar e um pouco de leite, não gostava de nada amargo.
Levava cerca de dez minutos para chegar no prédio do trabalho e desde o acidente com a bebida de Gustav, tinha decidido arriscar se atrasar e tomar o seu café da manhã em casa do que perder a própria vida caso alguém mal intencionado decida envenená-lo sabotando sua xícara de café. Aquela mensagem no número bloqueado não o assustava, apenas seus próprios pensamentos.
Sempre foi um tanto paranoico, tapava a câmera do notebook com fita adesiva, verificava duas vezes se fechou as janelas antes de sair de casa, usando a tranca de metal. De vez em quando até mesmo mudava o caminho que fazia na rua para que ninguém o pegasse desprevenido, seja na ida para o trabalho ou na volta, até mesmo no caminho que fazia de bicicleta toda manhã. Mas Sam achava que isso era normal. Precauções que o manteriam seguro, em sua cabeça, todo mundo fazia a mesma coisa.
O Stalker se alimentou disso, não vivia de padrões, gostava da inconsistência e sabia que no fundo, a morte de Samuel seria de bom grado para Lauren e para ele mesmo. Afinal, quem merece viver uma vida da qual não sente prazer em viver?
Parecia que o destino havia se precipitado porque naquela semana, os freios da bicicleta de Sam decidiram não funcionar e quando ele desceu a ladeira da qual não era seu caminho habitual, acidentou-se ao não ser capaz de controlar a velocidade da queda.
No hospital com o braço quebrado e a torção no tornozelo, além da pele queimada por ser arrastado no asfalto, Samuel não conseguia parar de pensar que se tivesse feito seu caminho de sempre, não estaria nessa situação.
Mas é essa a questão. Possibilidades. O que aconteceria se fizesse o caminho de sempre? Será que realmente teria se esquivado do acidente ou aconteceria algo pior? É difícil dizer, mas a ideia mirabolante agradou o Stalker, que sorriu satisfeito ao observar o homem sair do hospital dois dias depois.
Lauren Jauregui's Point of View
Ela saiu do carro, os olhos não desgrudaram de mim, de início pensei que simplesmente daria a ré para me atropelar, mas em seguida percebi que apenas estava retirando o cinto de segurança. Ainda não sabia seu nome, nem o risco que poderia ser me aproximar, mas fazia uma semana que eu sonhava com ela praticamente toda a noite, era estranho, podia até mesmo ser perturbador, mas eu não perderia a chance de ter a certeza de que o que eu já senti uma vez, havia retornado.
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STALKER
FanfictionVocê já teve a sensação de ser seguida? E se na verdade isso não for só uma sensação? E se tiver realmente alguém te perseguindo? O tempo todo, vendo as suas ações, comandando a sua vida. Você sentiria... medo? E se você não for a única peça nesse...