A Hora Certa

21 2 2
                                    

48

A Hora Certa

Era a quinta vez naquela semana que Sofia Cabello ia para a delegacia. Verônica a encontrou como sempre, sentada em sua sala observando sua respectiva cadeira, vazia.

- Srta. Cabello, quantas vezes tenho que te dizer que não precisa vir até aqui, basta um telefonema.

A delegada depositou o copo descartável de café sobre a mesa e passou os olhos pela menina que roía as unhas, mas a encarava com um olhar penetrante.

- Quero ver com meus próprios olhos, quero ter certeza de que está fazendo de tudo. De tudo para achar a minha irmã.

Sua voz saiu fraca e forte ao mesmo tempo, como se fosse um ultimato, mas dito por alguém que gaguejava por estar tremendo muito.

- Estou fazendo tudo...

Verônica ia se sentando quando a garota se ergueu irritada, o movimento foi tão brusco e repentino que a mesa a sua frente balançou e o copo caiu, despejando líquido quente na madeira e no chão. A mulher não desviou o olhar da menina que agora tinha a pele vermelha e exalava um ardor pela expressão.

- Você acha que ela é uma criminosa! Que ela fez algo de ruim para Lauren! Eu já te disse, minha irmã não sequestrou ela, Camila não teria como fazer isso!

A mais velha se ergueu tentando acalmá-la. Era difícil manter os nervos sob controle quando ela mesma queria pular na garganta de alguém. Principalmente dos policiais que estavam de vigia naquela noite.

- Eu não acho nada. Estou só investigando, agora o desaparecimento de três pessoas. Duas das quais tenho muita afeição, por isso, me entendo no seu lugar e se fosse por mim, eu não faria ninguém aqui parar nem por um segundo até encontrá-las.

- ENTÃO FAÇA!

Verônica suspirou derrotada e se sentou na cadeira que rangeu com seu peso, quase como um insulto, era verdade que tinha ganhado ao menos dois ou três quilos nos últimos dias, tudo isso pelo nervosismo e ansiedade que a situação lhe causara.

Sofia tentava segurar as lágrimas de tristeza que se misturavam com raiva e revolta. Estava sozinha, se não fosse por Mason. Mas não era a mesma coisa do que ter a irmã ao seu lado e todo mundo achava que ela era uma perseguidora louca que tinha sequestrado e matado um monte de gente.

O telefone da policial tocou, era Dinah, pela décima vez naquele dia. Sua cabeça latejou, estava com uma carga enorme sobre suas costas e sabia que a amiga estava à beira de ter um colapso absurdo. Sua "namorada" e amiga tinham sido sequestradas praticamente na sua frente.

- Está vendo? - Mostrou a tela para a menina. - Pode me ligar, quando quiser. Eu já disse, prefiro que fique na sua casa, protegida, como é mesmo o nome do seu tio...?

Quando Sofia anunciou o desaparecimento da irmã, era óbvio que mais do que isso seria investigado. E uma menor de idade não poderia ficar sozinha dessa forma, sem supervisão, por isso teve a brilhante ideia de apresentar "Mason Cabello Estrabao", seu tio que por ventura estava visitando a cidade e que ficaria para lhe proteger. Tudo caiu como uma luva, mesmo que seja mentira, até descobrirem já teria passado um bom tempo.

- EU QUERO A MINHA IRMÃ!

O pressentimento que se instalava na jovem era o pior de todos. A cabeça da delegada agora girava. O que mais poderia fazer?

- Por favor, Sofia, volte para sua casa, fique com o seu tio e espere, eu estou aqui, se precisar de mim, pode me ligar. Agora se me der licença, tenho que atender minha amiga.

STALKEROnde histórias criam vida. Descubra agora