STALKER

Morto Para Mim - Última Parte

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Morto Para Mim - Última Parte

O Sexto Mês - Último Capítulo da Primeira Parte de Stalker/ Dividido em Quatro Partes.

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Lauren Jauregui's Point of View

O portão de ferro não parecia difícil de escalar. Não havia câmeras de segurança, pelo menos não do lado de fora. Afinal, quem invadiria um cemitério no meio da noite?

O vestido já estava rasgado, pela forma como corri abruptamente para longe e peguei o táxi. O homem que dirigia se incomodou de me trazer até aqui, ainda mais nas minhas condições, percebi no olhar dele e na forma como saiu apressadamente depois que deixei o carro. Olhei ao redor e tirei os saltos. Larguei onde caíram e passei a subir descalça pegando impulso para agarrar a grade. Não fazia exercícios físicos, por isso nem sei como consegui chegar ao topo, apenas me apoiei na mureta e desci de uma vez batendo os joelhos no chão. Gritei com uma dor forte, latejante e o som do metal chacoalhando chamaria a atenção de qualquer um a metros de distância.

Minha pele sangrou com o corte do atrito e estava um pouco fraca para me levantar, ainda tremendo, mesmo assim o fiz com pressa e passei a andar em frente, quase que sem conseguir me manter ereta. Usei a lanterna do celular para iluminar o caminho, em modo avião não receberia qualquer mensagem ou ligação. Não queria falar com ninguém, muito menos saber dela agora.

No final das contas, essa era a coincidência e eu deveria ter temido e não subestimado. Odiava essa palavra agora e seu significado fajuto.

- Merda. - Bati com o pé em uma lápide e quase tropecei de cara. Não imaginava que aquela noite seria tão fria e me arrependi de não sair com um casaco, o vento agredia minha pele e a sensação estranha de estar em um lugar como esse, nesse horário, só piorava tudo. Tinha deixado de ser supersticiosa, na verdade, nem lembro de um dia me considerar assim, mas odiava qualquer ideia agora que não fosse a mais simples e pura realidade, sem qualquer ilusão ou omissão.

Não me recordava ao certo o setor, apenas sabia que era na direção oeste à primeira entrada, passando da pequena redoma velha e quebrada. Investira meu dinheiro para dar um bom sepultamento a ele. Erro. Erros, apenas erros se seguem na minha vida. Nunca estive certa, apenas errada. Dezenas, centenas de erros.

Passei a caminhar com mais pressa. Não gostava de estar ali, mas precisava colocar tudo a limpo. Quando encontrei a parte que me recordava, passei a olhar ao redor com mais atenção, buscando e buscando... algumas flores secas e então...

Ali estava.

Adrian Miguel Cabello Estrabao.

05/08/1984 - 09/10/2017

Apenas isso. Pedra, grama, sem flores, sem qualquer pessoa para chorar por sua morte. Apenas eu que por um ano sofri com a culpa. Mas estava enganada? Será que...

Ajoelhei-me deixando a luz iluminar as letras e número, sabia que minha pele sangrava pela queda e sentia a dor latente em minhas pernas, mas preferi ignorar. Minhas mãos deslizaram pelo gramado seco e respirei fundo. Levou um tempo para criar coragem e com as pontas dos dedos comecei a arrancar as folhas miúdas.

- Filho da puta.

Com dificuldade enfiei os dedos na terra, puxando pela raiz e sentindo os grãos entrarem em minhas unhas. Um grande punhado escapou, por sorte não estava tão úmida já que não chovia a alguns dias. Passei a movimentar com mais pressa, firmando meus dedos côncavos e rasgando a camada densa de cima. Pequenas pedrinhas e coisas secas passaram a agredir as palmas, mas ignorei encarando aquele nome.