CHAPTER NINE

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Timothée

Estamos sentado a meia hora no sofá de Gentlyn, desde que ela desapareceu pela cozinha. Nem se quer consigo olhar para Astrid, eu me sinto envergonhado demais para dizer qualquer palavra é só piorei tudo, eu nem devia ter insistido em vê-la novamente, o que eu estou fazendo? Eu não sou assim, eu se quer dou bola para as garotas, mas será que estar casado com Astrid me deixa mais vulnerável?  Até porque nunca precisei ir atrás de uma garota, muito menos uma garota como ela, o que Astrid tem de tão diferente que me deixa assim? Fora de si.

  Estou arruinando a eleição do meu pai, as pessoas vão começar a focar mais em mim, ainda mais com meu aniversário chegando, tudo isso tem que acabar. Levanto depressa e vou até a cozinha, Gentlyn está preparando duas canecas de chá, ela nem olha para mim e sei que está brava pelo meu erro. Eu devia ter escutado todas as suas palavras, mas estou acostumado a não dar importância para o que é certo.

"Quando isso vai acabar?" Pergunto, trazendo seus olhos até mim, ela suspira devagar e arrasta a caneca na minha direção.

"Eu não sei." Gentlyn suspira de novo, e vem até mim, suas mãos apertam meus ombros e ela me puxa para um abraço forte, encosto a testa no seu ombro. "Vai ficar tudo bem Timmy." Sussurra, pela primeira vez a vejo sendo menos dura do que ela costuma ser, Gentlyn solta um pigarreio e se afasta, arrumando o terninho cinza. "Leve para Astrid, vou pedir para a Jenny arrumar o quarto de hóspede." Eu balanço a cabeça, pego a caneca e volto para a sala, Astrid me olha desconfiada. Ela está com seu celular na mão, sacudindo de um lado e outro.

"Eu não consigo falar com meu pai." Diz, olho novamente para as suas mãos, seu celular deve ser dos anos 2000, está tão velho que a tela está rachada. Eu enfio a mão no bolso da jaqueta e entrego o meu a ela.

"Tenta." Peço devagar, Astrid recua um pouco, mas aceita, pegando meu celular e indo para o outro cômodo. Coloco sua caneca sobre a mesa de centro. Tenho quase certeza de que estou indo pelo caminho certo com ela, deixando que Astrid fique a vontade nessa situação estranha, somos tão diferentes, ela não está acostumada com tanta agitação, eu nem sei nada sobre ela, sobre sua vida, o que eu deveria ter feito a muito tempo era perguntar, mas sei que não estou interessado suficiente nisso.

"Ele não atende." Ela me entrega o celular e senta ao meu lado. "Deve estar furioso comigo."

"Acho que não." Eu sussurro, e Astrid me encara. Sei que não posso dizer muito sobre sua família, eu nem a conheço e não sou muito bom em confortar as pessoas. Gentlyn desce as escadas atrás de nós, seus saltos sendo escutados por longe, ela para a nossa frente.

"Astrid vai dormir no quarto de hóspede e Timothée no sofá." Eu abro a boca em protesto embora eu seja parado pelo dedo indicador de Gentlyn levantado.

"Eu posso dormir no sofá." Astrid diz e eu balanço a cabeça.

"Seja um cavalheiro Timothée." Gentlyn segura os ombros de Astrid. "Vou levá-la para conhecer seu novo quarto." Elas duas somem pelo corredor e eu fico sozinho com o sofá que vou dormir.

     Eu mal consigo dormir quando me deito um pouco mais tarde, as luzes estão sendo apagadas por Gentlyn, ela passa pela sala e se curva sobre o sofá, batendo no meu ombro.

"Confortável?" Pergunta achando graça, eu mordo meus lábios para não sorrir.

"Nenhum um pouco." Ela ri, e apaga a luz do abajur ao meu lado, pego meu celular sobre a mesa de centro, estou querendo ver os comentários sobre mim, por mais que eu tente evitar, parece que as coisas agora estão mais assustadoras, amanhã tenho a entrevista com a Cosmopolitan e não quero dizer que simplesmente Astrid e eu somos só dois conhecidos, porque sei bem que não é isso, eu não posso sentir nada por essa garota, meus pais jamais aprovariam ela de qualquer forma e eu conheço minha mãe para saber que ela tornaria a vida de Astrid um inferno.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora