100. Astrid

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Querido Timothée

Eu escolhi ser feliz, realmente decidi consertar minha vida depois de quatro anos em que você se foi, todas as vezes que penso em você me dá mais vontade de viver, escolhi cuidar de mim mesma e do nosso filho, conheci pessoas legais que me fizeram acreditar na vida e queria que você tivesse tido pessoas assim.
Talvez se tivéssemos tido pequenos cuidados, você estivesse vivo agora, e não teria passado por tudo isso. Mas quem sabe? Quando estamos sofrendo é difícil saber quais sentimentos estamos enfrentando de verdade, eu sei que você não entendia o que estava acontecendo e por isso não pediu ajuda por mais que todos nós estivéssemos dispostos a te ajudar.
Não sei porque naquela noite em específico você escolheu tirar sua vida e quais pensamentos estavam passando pela sua cabeça, se era medo, culpa, desespero. Talvez todas as coisas ao mesmo tempo. Mas você decidiu isso e deixou o sofrimento e dor com todos aqueles que te amavam também. Mas tudo bem.
Vamos nos acostumar com isso.
Agora eu estou feliz Timothée, de verdade e não penso mais em você, estou me apaixonando por outro homem, estou finalmente libertando meus sentimentos de você, eu me sinto egoísta, mas eu quero viver, eu quero que meu filho viva também, estamos seguindo em frente e sabe o quanto isso é libertador? Muito.
Mas eu ainda te amo, porra, como eu te amo, e sempre vai doer, por mais que eu tente esquecer. As coisas nunca vão mudar e aquela noite vai ficar marcada para sempre na minha memória, você nunca vai viver o amanhã para saber como todos eles são uma porcaria sem você.

Eu amasso o papel e jogo na lata de lixo, deito de costas na cama olhando para o teto e fecho os olhos. Ouço o barulho da porta e espio devagar.

"Mãe." Luka me chama, e vem até mim. " Posso te falar uma coisa?"

"Pode." Bato a mão na cama para que ele sente.

"Eu quero..." Ele respira fundo. "Acho que eu preciso muito ir a terapia."

"Tudo bem. Harry e eu vamos procurar." Coloco a mão em seu ombro e ele prende um sorriso no rosto. Seus lábios se fecham e ele desaba me abraçando com força. "Vai ficar tudo bem." Esfrego suas costas lentamente, seus soluços enchem o quarto inteiro. "Você é muito forte sabia?" Eu levanto seu rosto.

"Eu não sou forte." Ele balança a cabeça.

"Você é sim, é o garoto mais forte que já conheci." Limpo suas lágrimas com os polegares. "Eu sei que tudo que passamos foi um baque enorme, mas isso vai passar." Ele assente devagar.

Uma batida na porta nos interrompe e eu permito que entre, Harry enfia a cabeça entre a brecha.

"Tudo bem?" Ele pergunta.

"Sim." Respondo e levanto. Luka fica de pé. "Só estamos conversando."

As coisas mudaram e sempre vão mudar, o destino é falho, mas em algum momento ele sempre acerta, só não sabemos em que estante estamos destinados a confiar nele.

Eu me casei e fui feliz de novo, nós mudamos para Nova York dois meses depois do nosso casamento e compramos uma casa em Manhattan, eu estava trabalhando no jornal, as manchetes estavam lotadas hoje.

"Eu vou pegar um café do outro lado." Harry assentiu e girou na cadeira me lançando um sorriso, desci pelo elevador e caminhei até o outro lado da rua cruzando o engarrafamento até a cafeteria que eu estava acostumada. Meu ombro esbarra em alguém.

"Me desculpa." Eu disse, olhei para seu rosto achando familiar, mas não dava para reconhecer com os óculos escuros e o boné, ele não disse nada e saiu abrindo a porta. "Que estranho." Murmurei, indo até a bancada e pedindo meu café com creme de todos os dias. "Obrigada." Agradeci ao pegar meu copo, ao sair acabo pisando em algo, me abaixei para pegar, estranhando o anel prateado. Olho mais de perto, observando os detalhes.

Não, não pode ser, não pode ser mesmo.

Tem as minhas iniciais.

Não pode ser uma coincidência.

Apresso meus passos, ainda tenho esperanças de que posso encontrá-lo, Meus pés se agitam ainda mais apressados empurrando as pessoas a minha frente enquanto vejo suas costas.

Eu tenho que alcançá-lo, ofegante, ponho a mão ao peito, e paro, o perdendo de vista.

Não pode ser ele, eu sei que estou ficando maluca.

Olho para a aliança na palma da minha mão e aperto entre os dedos, apresso-me para voltar até a empresa, meu coração está prestes a sair pela boca. Retorno ao escritório e sento à mesa. Harry olha para mim um pouco preocupado.

"Você viu um fantasma?" Ele caçoa.

"Acho que eu..." Sopro o ar pesado. "Nada. Desculpa." Bebo um gole de café e começo a trabalhar até o sol se pôr.

Harry e eu vamos para casa caminhando pelas ruas iluminadas e o trânsito casual da cidade, gostamos da energia que emana desse lugar. Ele passa seu braço ao redor de mim e me aquece com seu calor, encosto a cabeça em seu ombro me aproveitando.

Uma sombra permeia em meio ao mar de pessoas, eu aperto os olhos para ver melhor.

meus pés automaticamente saíram do lugar, esbarrando nas pessoas, eu puxo seu ombro e tiro seus óculos escuros, aqueles olhos. Os olhos verdes estão gritando comigo.

"Timothée?"

Aviso da autora:

E aqui se completa os 100 capítulos da história mais complexa que já escrevi com esse final super louco e sem explicação nenhuma, sim tem uma explicação, mas eu deixo vocês imaginarem suas teorias.

  Muito obrigado a todos que votaram e comentaram, e não deixem de checar Can you tell me, minha próxima fanfic.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora