78. Timothée

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Eu não queria partir, sentia que estava deixando algo valioso para trás para seguir meus verdadeiros sonhos, sentia que estava sendo patético e egoísta, eu não queria ser um homem assim, embora soubesse que meus planos não eram ter uma família, não era se apaixonar, não era se casar com uma mulher incrível, queria viver como um astro de Hollywood, queria ir em festas e conhecer pessoas, namorar as mulheres mais bonitas do ramo, mas tudo era uma miragem ultrapassada do que eu era antes, um garoto de dezessete anos afortunado pelo dinheiro do próprio pai.

  Me dei conta que a demora em empacotar as malas me trazia mais ansiedade, Astrid não passara em casa, tudo estava intocável como sempre. Dobrei as roupas na mala, e as organizei no carro assim que fechei o apartamento deixando a chave debaixo do tapete.

''Você tem certeza?'' Gentlyn me perguntou, ela me ajudou a carregar as malas pelo saguão. ''Eu acho que isso é uma ideia horrível, não precisa ir embora de Washington.''

''Eu preciso, mãe.'' Eu quase lamentei, fechando o porta-malas. ''é uma decisão que estou fazendo por mim, pelos meus sonhos.''

''Seus sonhos?'' Gentlyn disse chocada, há algo em seus olhos que me julgam de maneira sugestiva. ''Você pediu por uma família, a dois anos atrás era tudo que queria, estar com Astrid, se casar com ela, e agora está largando tudo isso porque conseguiu ser uma celebridade?''

  Hailey desceu as escadas, usando seu típico terno cinza, ela se aproximou e acenou para Gentlyn, eu era capaz de ver aquele olhar de julgamento da minha própria mãe.

''Eu tenho que ir.'' Falei, passei meu braço ao redor da cintura de minha mãe e a apertei contra meu corpo. ''Vou sentir sua falta.'' Murmurei em seu ouvido e me afastei.

''Também vou sentir sua falta.'' Sussurrou, Hailey afagou minhas costas, e entrou no carro.

''Quando perceber que está cometendo um erro, pode me ligar.'' ela riu descontraída e voltou a me abraçar com os olhos cheios de lágrimas. ''De verdade.''

  Eu só queria estar bem comigo mesmo, entender o que eu estou fazendo na minha vida.

''Obrigado mãe.'' Abri a porta do carro, e entrei, pela janela acenei para Gentlyn com o carro indo embora, eu sentiria muita falta dela enquanto passasse meu tempo em Nova York, eu começaria novamente, entenderia como faria para aceitar minha nova realidade. Hailey me entregou meu cartão de crédito.

''Não deixe ela mudar sua cabeça.'' Hailey ralhou com os dentes cerrados. ''Astrid vai atrapalhar sua vida e o melhor a se fazer é aceitar isso.''

''Aceitar? você me convenceu a deixa-la, você tem que ter certeza do que está fazendo por mim, porque a fama é muito importante na minha carreira, eu finalmente saí das asas do meu pai e posso fazer melhor do que ele.'' Hailey estendeu a mão.

''Confia em mim?'' Disse.

''Confio.'' Respondi com atenção, Hailey acenou em concordância. ''Confio em você.'' 


  Nossa primeira parada foi em um bar lotado em Nova York, comemoramos com uma porção de tequila, shots pequenos que me deixaram zonzo no primeiro minuto, Hailey bebeu o primeiro copo depressa, enquanto eu estava no terceiro copinho ignorando a queimação presente na minha garganta.

''Você pode tomar quantos quiser, é por minha conta.'' Alguém esfregou o braço por meu pescoço, uma garota que parecia ter idade para ser minha irmã, usava um vestido apertado que detalhava suas curvas na cor azul que usava, combinava com o tom moreno de sua pele e os cabelos escuros como carvão puro.

''Obrigado?'' Questionei, sentindo a adrenalina queimando meu peito. Hailey riu levando seu coquetel até a boca. ''Qual é seu nome?'' eu estava tão doidão que não conseguia enxergar o rosto dela. Balancei a cabeça espantando a visão embaçada.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora