95. Timothée

60 3 24
                                    

Aviso: esse capítulo contém conteúdo sensível.

"O que você vai fazer?" Hannah me pergunta, eu largo o baseado no cinzeiro e sopro a fumaça. "Vai tentar entrar em uma briga com Astrid?."

"Eu nunca pensei que fosse chegar a esse ponto." Olho para ela, respirando profundamente, o cansaço me deixa atônito, mal consegui dormir a noite toda. "Nunca pensei que Astrid me faria ir tão longe."

   Pego meus comprimidos na gaveta e tomo levando um gole de água a boca.

"Se descobrirem sobre seu diagnóstico nunca vão deixar você ficar com o Luka."

"Eu sei. Por isso ninguém pode descobrir essa merda toda. Isso não pode sair dessa casa." Eu levanto, e jogo o frasco de remédios de volta na gaveta. "Estou cansado da Astrid. Estou cansado de ela controlar minha vida." Hannah se levanta da poltrona e vem até mim, me abraçando por trás e deixando um beijo em minha nuca.

"Você não precisa dela."

"Não." Respondo. Luka entra no quarto e para na porta, ele abre um sorriso forçado.

"Você vai me levar na escola?"

"Ah é! Porra...quer dizer...merda...sim." Aponto na sua direção, depressa, beijo os lábios de Hannah e vou até Luka. Pego sua mochila e o guio pelo corredor até o carro.

"Você está fedendo a maconha." Eu olho para ele com a sobrancelha arqueada.

"Já sentiu cheiro de maconha antes?" Eu questiono ligando o motor, Ethan ri e coloca a mochila no colo.

"Os garotos mais velhos do segundo ano fumam no pátio de trás."

"Nunca chegue perto disso, entendeu?" Ergo o dedo indicador no seu rosto.

"Então porque você fuma?" Ele questiona e ergue a sobrancelha.

"Porque eu posso." Respondo.

  Pego a próxima rua e sigo em silêncio, não tenho muito para dizer a Luka, passei quase oito anos da minha vida perdendo parte de todas as coisas boas que ele viveu. Ele podia me odiar, mas ao contrário disso, está aqui comigo.

"Por que você não me odeia?" Pergunto com o coração pulsando de ansiedade.

"Porque eu não tenho motivos." Ele olha para mim.

"Eu fui embora Luka." O lembro. Luka sopra o ar pela boca.

"Mas você voltou, alguns nunca voltam." Balanço a cabeça. "E ainda por cima, você está tentando é isso é legal."

"Valeu?" Abro um sorriso de lado.

Estaciono em frente à escola, Luka se despede e sai correndo do carro. Um suspiro sopra por entre meus lábios e me sinto aliviado. Ele não me odeia, porra, ele não me odeia.

"Você está bem?" O Dr. Robert pergunta, bebendo um gole de café minuciosamente olhando para mim de relance. "Parece mais feliz."

"Acho que estou." Respondo, esfregando as mãos nas coxas. "Quer dizer...acho que nunca estive tão feliz nesses oito anos."

"Quer me contar?"

"Não." Respondo. O Dr. Robert franze a testa e ri.

"Tudo bem, tudo bem." Ele anota algo em seu pequeno caderno. "Está tomando os medicamentos?"

"Toda manhã."

"Está usando algum tipo de droga?"

Ah pelo amor de Deus.

"Só baseado, quando estou estressado."

Ele aponta a caneta na minha direção.

"Você tem que parar."

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora