Timothée
Astrid, Astrid, Astrid.
Eu quero gritar. Eu não consigo parar de ouvir seu nome na minha cabeça, estou em pânico e sem fôlego quando levanto da minha cama e me arrasto para o banheiro, lavo o rosto com água gelada para despertar. Parece que tudo que fiz para distanciar essa garota da minha vida não está funcionando, eu estou em busca de algo que não está me fazendo bem. Como ela ousa fazer tudo isso?
Me desmoronar com todos esses sentimentos confusos. Como ela pode fazer isso?
"O que eu devo fazer?" Pergunto em ninguém em questão, mas todos a minha volta me olham com um olhar recolhido e confuso. "Me desculpa." Lamento baixo, Yuri segura minha mão por alguns instantes e perco completamente minhas energias. Meu pai me olha desconfiado, desviando o olhar para a minha mãe que está inquieta do outro lado da mesa, eu me sinto patético de novo, por que ela não simplesmente some da minha cabeça? Por que preciso....
Eu te amo.
Quantas vezes eu já disse a Astrid que a amo?
"Vamos oficializar o casamento com uma grande festa!" O ministro John diz me alertando e me fazendo olhá-lo como o restante da mesa está. "Eu mal posso esperar para a minha Yuri se casar com o Timothée."
Eu também não, penso em desânimo, mexendo no talher solto no prato, eu peço licença para sair da mesa e sigo para o jardim fechado atrás da mansão, eu me sento perto da fonte de água, ouvindo o barulho do chiado das ondas caindo pela porcelana brilhante e se desmanchando. Mexo a mão contra o peito, sentindo uma dor esquisita penetrando, fecho meus olhos e procuro respirar o suficiente.
"Astrid era o amor da sua vida." Ouço a voz de Yuri e abro os olhos. "Ela costumava ser o amor da sua vida."
Eu engulo em seco percebendo o olhar triste e sem vida de Yuri.
"Não vou mentir que eu sempre tive inveja dela, por ser a garota do seu coração, mas essa é a verdade, vocês se amam." Levanto devagar e me aproximo dela.
"Como pode dizer isso?" Eu me lamurio sentindo que estou partindo o coração da minha futura noiva. "Como pode dizer que amo outra mulher? Uma oportunista como ela..."
"Não Timothée, você disse que não poderia me amar porque a ama demais, tanto que jamais perceberia quem eu sou." Ela segura minhas mãos com segurança e confiança, eu as aperto. "Eu quero que seja feliz, então deixe ela entrar na sua vida novamente, mesmo que não se lembre, ela é a garota que fará sua vida diferente, não eu."
Eu mal consigo respirar, solto as mãos de Yuri e corro em direção as portas do jardim, olho para trás e ela me lança uma piscadela gentil, preciso ir atrás de Astrid, preciso pedir desculpas por tudo que causei e acreditar que ainda existe uma parte de mim que ama aquela mulher loucamente.
Eu queria saber o que era amar de verdade, quando Yuri me disse que Astrid era capaz de me amar do mesmo jeito que um dia eu a amei, por que não consigo me lembrar disso? Por que algo tão grande seria tirado de mim com tanta facilidade? Eu faria diferente se pudesse, não iria afastá-la de mim.Estou correndo a plenos pulmões antes de chegar em algum lugar onde não faço ideia onde é, mas minha mente me traz bem aqui, em frente de uma casa pequena, com cercas brancas e um hall de entrada minúsculo, eu subo as pequenas escadinhas e vou em direção a porta, meu punho demora no ar, incomodado com a sensação no meu estômago que me denúncia que estou mais nervoso do que o comum, eu não sei o que estou fazendo, posso destruir tudo se não souber usar as palavras, eu poderia ter me planejado por esse momento estranho, a porta se abre e uma mulher de cabelos castanhos, pele pálida e olhos escurecidos surge na porta, eu cerro os olhos agoniado com a maldita dor de cabeça que estou sentindo.
Ela é mais importante do que pensa.
"Mamãe." Murmuro, recebendo um sorriso em troca, ela me puxa para um abraço apertado, eu gemo com a dor nas minhas costas, eu sei que ela é mais do que a Gentlyn que conheço, é isso me deixa ainda mais confuso porque estar aqui me traz lembranças.
"Timmy, você está bem!" Seu tom é mais agudo que o normal e me faz questionar se eu estou mais sensível do que o normal. Eu a abraço de novo, olhando por cima do seu ombro e encarando a sala vazia. Tem algo que preciso saber, eu deveria ter crescido aqui, sem toda essa dor de tantas mentiras, por que minha mãe está deixando que eu descubra tudo por mim mesmo? Eu não queria que ela fosse uma mentirosa de primeira, Gentlyn não é minha mãe, ela me abandonou e mentiu. De repente fecho a cara e pigarreio.
"Onde está a Astrid?" Pergunto, ela abre a boca com um O gigantesco.
"Ela não mora mais aqui, se mudou para a casa do Steven a alguns meses." Eu pisco algumas vezes, como assim morando com meu...
"Quanto tempo se passou desde que eu..."
"Você entrou em coma Timothée." Ela diz, eu olho ao redor, tudo está ficando abafado e minhas pernas estão amolecendo e mal consigo ficar de pé sem querer lembrar de todos os mínimos detalhes sobre mim, eu não quero me lembrar. "Você passou oito meses em coma e Astrid te procurou nos primeiros dias que acordou, mas você..." Gentlyn engole em seco. " Mas você a dispensou porque seu casamento com a Yuri está chegando."
"Eu..." Engasgo com as palavras, foram oito meses perdidos.
"Eu sinto muito." Ela me puxa para um abraço e eu desvencilho, descendo os degraus e encarando a rua vazia, eu paro de costas para Gentlyn e ainda sinto seu olhar sobre mim.
"Entra." Ela pede gentilmente, dou meia volta e vou em direção a porta para acompanhá-la, eu quero mesmo ouvir o que ela tem a dizer sobre mim. Tudo que perdi nesses oito meses foram dolorosos e estranhos, eu queria que tudo isso fosse parte de um sonho, e que eu estivesse acordando bem agora."Quando sofreu o acidente, sua mãe proibiu que todos seus amigos ficassem ao seu lado, até mesmo eu, sua mãe." Eu ergo uma sobrancelha, ela esfrega as coxas com nervosismo, eu mal posso esperar para ouvir o resto. "Nicole, não foi muito fácil nesses oito meses em que você ficou em coma."
"Parece que tudo que vivi desapareceu e nada faz sentindo. Eu estou com medo."
"Eu sei." Ela ergue a mão para segurar a minha. "Mas estou do seu lado. Para sempre." Diz, a sua sinceridade não me deixa confortável, eu só não sei como confiar em todos a minha volta, eu solto sua mão e quero sair daqui o mais rápido possível, mas não consigo me mover, minha vida está de ponta cabeça e quero que todas as peças se encaixem, perdi Astrid para sempre, eu não acredito que perdi.
Oito meses foram suficiente para acabar com a minha sanidade.
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TOMORROW| Timothée Chalamet
FanfictionAstrid Davis tem dezoito anos e está no seu último ano da faculdade de jornalismo, quando ela recebe uma nota ruim que pode faze-lá repetir seu semestre, ela precisa provar seu valor em uma nova matéria exclusiva, o momento perfeito chega na férias...