TOMORROW| Timothée Chalamet

CHAPTER THIRTY FIVE

                       Timothée

"Então somos casados?" Eu digo confuso de toda história que Yuri me contou, ela me entrega uma capa de CD do John Legend, e eu cubro um sorriso precipitado. "Você escolheu isso?"

"Claro. Você sabe que All of Me foi a música que tocou para mim no seu aniversário?" Eu arqueio as sobrancelhas, se Yuri e eu somos casados, tudo que minha mãe disse afinal era mesmo real, eu não estava pronto para me casar tão jovem, mas aqui está, minha esposa. Ela é bonita, seus olhos puxados se erguem junto ao sorriso de dentes brancos.  Yuri se deita no espaço pequeno da maca e coloca a mão sobre meu peito, a cabeça no meu ombro e acaricia minha mão com a ponta dos seus dedos.

"Eu te amo tanto Timmy." Ela sussurra em meu ouvido, e dessa vez sorrio um pouco mais, apertando os olhos quando uma pontada atinge minha cabeça. Levo a mão na lateral do rosto. "Você está bem?" Yuri ergue a cabeça.

"Estou, foi só uma dor esquisita." Eu me afundo no travesseiro, pego sua mão e olho para a aliança em nossos dedos, eu nunca imaginei me casar e ainda por cima acabar não me lembrando de nenhum dos detalhes, mas é algo tão recente que não posso reclamar. As portas do meu quarto se abrem e minha mãe aparece, ela une as mãos emocionada demais ao me ver com Yuri.

"O jantar está pronto. Yuri, posso falar com você?" Nicole pergunta, eu saio do quarto e deixo as duas para trás, mas sou acompanhado pelos dois seguranças até a sala de jantar onde está meu pai.

"Filhão." Ele segura meu braço devagar e acena para a cadeira ao lado. "Amanhã é nosso dia de jogar basquete juntos. Mas se não estiver recuperado..."

"Estou bem...eu acredito, só estou com algumas dores e também não consigo me lembrar de nada. É tudo estranho." Ele assente como se me entendesse, mas sei que não me entende, parece que lá no fundo tem algo que ninguém quer me contar, embora eu ache que se fosse mesmo importante eles teriam falado alguma coisa. "Pai, tem alguma coisa que eu devia me lembrar além do que me contaram?" Meu pai franze a testa e leva uma colher de arroz a boca.

"Sua mãe não contou tudo você acha? Nem sobre a Astrid?"

  Eu engasgo com água.

"Astrid? Quem é Astrid?" Pergunto, eu com toda certeza sabia que já tinha ouvido esse nome. Tem alguma coisa acontecendo. Levanto da mesa passando depressa por minha mãe que hesita ao meu lado, junto a Yuri, eu respiro fundo, procurando me acalmar, não posso sair assim novamente, seria burrice.

"Timmy." Yuri me chama com a voz calma e se aproxima de mim, segurando meu braço. "Você precisa descansar."

"Sim." Respiro fundo, ela tem razão, nunca estive tão cansado em toda minha vida. "Obrigado." Me inclino para beijar Yuri e ela se afasta um pouco nervosa, eu inclino a cabeça confuso, se somos casados deveríamos... "Me desculpa."

"Sem problemas, vem, eu te acompanho até seu quarto." Yuri me guia pelas escadas e o corredores até o meu quarto, antes que ela vá eu seguro seu pulso.

"Você sabe de alguma...Astrid? Eu sinto que deveria me lembrar dela." Yuri tira os cabelos do rosto e suspira, sentando na ponta da cama.

"Eu não conheço nenhuma Astrid, por que acha que devia se lembrar disso?"

"Eu não sei." Dou de ombros. "É um pouco difícil para mim ainda entender que somos casados, como foi nosso pedido de casamento?" Ela engasga devagar e leva a mão ao peito,

"Na verdade você me pediu em casamento aqui, na Casa Branca." Seus olhos se desviam de mim, por algum motivo ainda acho que ela está mentindo. "Foi muito bonito."

"Claro que sim, mas que simples." Eu debocho, me deitando de costas na cama. "Yuri, eu quero que isso seja real de novo, mas não consigo me lembrar de muita coisa, eu queria saber..." eu me inclino, apoiado no cotovelo, Yuri se curva, passando o polegar por minha bochecha. Ela abre um sorriso bonito. Seus lábios se curvam um pouco e eu me aproximo para beija-lá, ela parece muito mais surpresa quando estou a beijando devagar, deixando que tudo que está ao nosso redor seja esquecido, nossas bocas se afastam em um arfar pequeno e eu abro um dos sorrisos estranhos, não foi um beijo tão...apaixonado como imaginei que seria, se Yuri e eu estamos casados, por algum motivo deveria haver uma chama de paixão e carinho, mas não há nada, nada além de uma dureza estranha. Eu me deito na cama e bato a mão ao meu lado no espaço vazio para que ela se deite comigo, Yuri se arrasta pelo colchão macio e deita a cabeça em meu peito. Fecho os olhos um pouco cansado, meu corpo está tão exausto, eu me deito de lado desviando de Yuri e aperto os olhos quando um flash estranho me deixa em alerta.

   Eu não suporto mais Gentlyn.

É uma voz estranha, chorosa que me deixa louco só de pensar que eu sou a causa desse sofrimento, um rosto brilha no fundo da minha mente, cabelos escuros, olhos claros, pele pálida, ela é extremamente linda. Astrid. Eu pulo da cama, suando, eu sei que são nove da manhã, o sol já nasceu a muito tempo e minha mãe não ousou me chamar para o café da manhã.  Yuri não estava mais ao meu lado e eu decidi me vestir para descer.

   Na sala de jantar, meus pais estão reunidos com os de Yuri.

"Timmy." Minha mãe se levanta de onde está e segura os meus ombros ao se aproximar, eu dou um sorrisinho de lado e aperto os lábios devagar. "Estávamos falando sobre sua recuperação."

"Hm." Murmuro, achando engraçado que eles estejam falando de mim.

"O médico vai vir dar uma olhada em você."

"Quem é Astrid?" Eu pergunto, o rosto da minha mãe fica pálido de repente. Olho para o meu pai com as sobrancelhas erguidas, esperando que eles me dê uma resposta. "Eu perguntei quem é..."

"Uma amiga sua." Meu pai diz, cruzando os dedos sobre a boca.

"Onde ela está? Eu quero falar com ela."

"Hoje não." Minha mãe me impede.

"Hoje sim." Eu digo, exigindo que ela pare de me esconder dos meus amigos. "Eu preciso ver meus amigos."

  Ela olha para o meu pai e suspira pesado. "Dê mais um tempo Timmy, você está se recuperando e eles podem atrapalhar isso."

"Eu duvido que isso aconteça" Resmungo, Nicole segura meus ombros de novo e me guia até a cadeira, eu se quer consigo comer com a ideia de que minha mãe está tentando me afastar dos meus amigos em que não consigo me lembrar. Eu quero muito que esse pesadelo acabe de uma vez. Eu quero me lembrar da minha vida antiga e ter certeza que não estou sendo passado para trás.

   Olho para a mulher de cabelos vermelhos que entra na sala e sorri por toda parte, minha mãe olha para mim.

"Filho essa é sua agente, se lembra dela?" Eu me lembro um pouco dela, não muito, mas o suficiente para saber que ela foi estressante.

"Sim." Dou de ombros, e levo uma colher de panqueca na boca com dificuldade, a faixa na minha mão está suja de sangue, da ferida que abriu na lateral. "Vou precisar me retirar." Me levanto e sou seguido pelos seguranças até o banheiro, eu pego a caixa de medicamentos para trocar a gaze, e colocar um creme no hematoma. Pego meu celular e procuro pelos Contatos até achar o nome de Astrid, olho para a porta fechada e me afasto para o outro lado do banheiro, entrando na banheira e fechando a cortina.

"Astrid." Murmuro, quando ouço um ruído do outro lado, escuto um suspiro.

"Timothée." Sinto que ela está sorrindo do outro lado.

"Astrid, eu quero me lembrar de você."

"Então se lembre. Timmy."