CHAPTER FIFTY EIGHT

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                       Timothée

  Havia tudo para ser o certo agora, eu estava confiante de que Astrid e eu estávamos indo pelo caminho certo, sem segredos, sem esconder nada que parecesse certo entre nós, eu queria confessar que ainda me sentia culpado por tudo que passamos pela parcela de culpa que era minha por ela ter sofrido tanto ao entrar na minha vida, eu queria que dessa vez fôssemos devagar, primeiro queria contar aos meus pais que Astrid estava grávida e só poderia fazer isso quando voltasse para Washington na semana que vem.

"Você tem certeza?" Astrid estava deitada ao meu lado na sua cama de solteiro do hotel, estávamos espremidos entre lençóis e almofadas que cheiravam um pouco a mofo. "Eu quero muito que a Gentlyn saiba que voltamos." Ela se inclinou e pegou seu celular na mesa de lado e jogou para mim que o pegou.

"Você quer que eu ligue?" Perguntei confuso, pensei que ela queria dar a grande notícia.

"Você é filho dela." Argumentou, dei de ombros e procurei pelo número de Gentlyn na lista de Contatos, falar com a minha mãe depois de tanto tempo me fazia sentir que estava cometendo um erro, ela estava chateada comigo? Ainda havia mágoas por eu ter feito Astrid sofrer? "Põe no viva voz." Apertei o botão e a voz suave de Gentlyn soou pelo quarto.

"Astrid?" Astrid me deu um sorriso confiável e eu pigarreei.

"Mãe." Eu disse. Ainda olhando para Astrid. "Tudo bem?"

"Timothée." O tom de voz dela mudou para um pouco de decepção. "Tudo bem, algum problema?"

  Por que ela sempre achava que tinha um problema?

"Ah, não, a Astrid está aqui do meu lado, acho melhor você falar com ela." Empurrei o celular na direção de Astrid que me devolveu.

"Astrid? Vocês estão juntos em Paris?" Ela disse um pouco mais animada.

"Sim, nós estamos juntos, dessa vez pra valer." Astrid disse e eu fiquei olhando para seus olhos verdes bonitos.

"Isso! Eu sabia que isso ia acontecer, bom, eu tinha pouca fé vindo do Timmy, mas tudo deu certo." Eu podia quase imaginar Gentlyn sorrindo.

"Obrigado mãe, pelo apoio moral." Debochei.

  Eu tinha tanta coisa em mente, que não sabia qual delas era a prioridade, não sabia se Astrid ainda pensava em casamento, se ainda queria se planejar ou apenas pensar no bebê, passei a mão por cima da sua barriga volumosa escondida pelo vestido largo. Me imaginei sendo um pai, talvez fosse menos parecido com o meu, seria mais amoroso é compreensível, seria o homem que ele nunca foi. Eu queria ser melhor.

"Estamos prontos de verdade." Ouvi Astrid dizer, Gentlyn ainda estava na linha.

"Eu fico feliz por vocês." Astrid abriu um sorriso para mim e eu me senti ganhando o mundo.

                                *

   Recebi uma ligação de Hailey um pouco mais tarde, passei metade do dia deitado com Astrid vendo o sol se pôr, mas já estava na hora de encontrar Ellie. Hailey havia marcado todas as minhas entrevistas e ensaios de fotos para a semana que vem, eu não estava nem um pouco pronto para lidar com isso outra vez.

  Deixei Astrid dormindo, não conseguia pegar no sono e sair para beber e espairecer um pouco.

"O que vai querer?" O barman disse assim que me sentei. "Ei, você é o primeiro filho!"

"O próprio." Debochei. "Vou querer o que tiver de mais forte." Ele assentiu, se virou e pegou uma garrafa grande colocando a minha frente.

"Isso vai servir." Disse, repousando um copo pequeno ao lado da garrafa. "Qual é o problema? Gatinhas americanas?"

  Gatinhas Americanas? É assim que os franceses falam?

"Eu já tenho uma gatinha americana." Falei com certo tom de brincadeira. Ele riu.

"Sei, sei, você nunca sabe quando elas vão causar problemas que vão te levar a pedir a bebida mais forte do bar."

  Ele tinha razão, por que diabos eu estava bebendo?

"Na verdade...eu tenho um problema." Disse, e o homem voltou-se para mim com mais atenção. "Eu acabei de voltar com a minha namorada, Astrid, só que...eu não tenho tanta certeza do que fazer, ela está grávida."

   O homem abriu a boca em um O gigantesco e encheu meu copo com a bebida.

"Sabe, é meio difícil agora, porque como você disse, ela está grávida e você não sabe o que fazer, e nem como fazer, mas é só ficar do lado dela, vai valer a pena." Ele piscou.

  Era um bom conselho.

"Temos que parar de nos encontrar assim." Senti uma mão no meu ombro e me virei para ver Erica, ela estava deslumbrante com um vestido preto minúsculo que destacava completamente as linhas magras de seu corpo. Ela beijou minha bochecha e senti a camada de batom grudando na minha pele. O barman riu. "Quero um martini de morango." Erica pediu e sentou ao meu lado. "Queria ter dito antes, mas você sumiu da festa. Muito obrigado por me acompanhar."

  Levantei o copo da bebida quase vazio e tomei o ultimo gole.

"Eu senti que ainda tínhamos algo." Ela disse e eu quase engasguei.

  Erica terminou comigo e era fácil demais me lembrar disso. Ela dizia que eu era apenas um garotinho e nem tínhamos idades tão distantes.

"Não temos." Resolvi dizer, eu queria que ela soubesse que Astrid era minha nova paixão.

"Por causa daquela garota? A garçonete?" Ela torceu o nariz.

"É, ela é minha..." Eu nem sabia dizer o que Astrid era, não tínhamos chegado nessa parte. "Namorada?"

   Erica riu.

"Nem você sabe direito o que ela é sua, você nunca foi um homem de compromisso." Ela me lembrou, pelo menos eu não era um homem de compromisso, agora eu desejava mais do que nunca ser. "Você nunca vai ser um cara de compromisso, eu te conheço Timothée, melhor do que ninguém. Você me beijaria nesse momento se eu estivesse nua."

   Eu olhei para ela e encarei seus lábios vermelhos, alguma coisa me fazia sentir atração por ela.

"Não." Falei e levantei. "Você não me conhece mais." Erica abriu um sorriso, mas vacilou assim que me viu ir embora depressa. Eu gostaria que ela nunca tivesse me dito isso.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora