TimothéeEu não posso aguentar.
Aperto meus punhos ao lado do corpo, encostando a cabeça na parede, batendo-a com força, cada pancada traz uma dor insana para o meu corpo, sugando a energia que ainda tenho para me sustentar de pé, minhas mãos começam a tremer, e eu não consigo parar de respirar tão forte que meus pulmões estão doendo.
Eu não posso aguentar.
Eu estou doente.
Minha mãe está doente, não consigo compreender como tudo isso está acontecendo tão...
Eu estou doente.
Olho para o lado ao ouvir passos vindos do corredor, eles cessam devagar.
"Eu consegui, você tem razão, foi mais fácil do que pensei." Ouço Nicole dizer a alguém e espio pela brecha das paredes. Ali está meu pai, de braços cruzados. "Tudo isso está sendo feito pelo bem do nosso filho, Astrid disse que não o procuraria mais."
"Não?" Escuto meu pai parecendo bem surpreso. "Como pode fazer algo assim?"
"Você concordou comigo desde o início."
"Mas eu não sabia que era tão sério!"
Eu engulo em seco, e acabo por cair no chão sem forças de todas as mentiras que meus pais podiam criar, essa acabou comigo para sempre, meus pais não queriam minha felicidade, queriam poder. Eu iria desistir de Astrid só para que eles parassem de atormenta-la, eu queria muito que ela fosse feliz comigo, sinto sua falta e não se passaram nem horas desde que ela deixou esse lugar, eu não conseguia respirar.
"Você está bem?" Yuri me pergunta ao surgir a minha frente e me puxar para um abraço, eu a aperto em meus braços, encostando a testa no seu ombro, ela fica em silêncio, o que eu preciso agora disso.
Eu amava Astrid, mas entendia tudo que estava acontecendo. Entendia minha mãe e o que ela tinha para mim, eu pertencia a uma família diferente, uma família poderosa que poderia destruir qualquer um em um estalo de dedos rápido, e eu não queria ser a causa da destruição da vida de Astrid.
• • •
"Ele é um jovem incrível." A mãe de Yuri está dizendo enquanto estamos em um jantar deprimente com uma mesa gigantesca a nossa frente, eu só consigo beber vinho desde que me sentei diante da minha família e da família de Yuri. "Nossa filha está muito feliz." Ela continua, eu não quero ouvir o que ela tem a dizer sobre mim, provavelmente Yuri está sendo legal comigo, mas eu tenho sido um péssimo colega e um marido.
Yuri olha para mim, estendendo sua taça para um brinde, eu ergo a minha e brindamos a não sei o que exatamente, porque Yuri e eu não nos conhecemos suficiente e estamos casados. Ainda estamos casados, isso significa muito. Astrid. Eu sinto tanto.
"Finalmente..." Nicole diz, ela ergue a taça. "Aos recém casados!" Fecho meus olhos devagar querendo cessar as lágrimas, eu me levanto da mesa e vou para o meu quarto mesmo aos chamados da minha mãe. Bato a porta com força ao entrar e me jogar na cama. Eu deveria parar de me lamentar e fazer algo a respeito, minha mãe está me causando um dos maiores problemas da minha vida e a única coisa que sei é ficar parado vendo ela me destruir.
Levanto e vou em direção as portas, passo pelos seguranças e desço em direção a garagem de carros, pego uma das chaves do Porsche, eu preciso achar Astrid, e dizer a ela o que eu sinto, posso estar errado, mas eu gostaria que tudo isso parasse de uma vez.
Pego meu celular no porta luvas e procuro pelo nome de Astrid. Ela não me atende em dois toques, eu tento novamente e um ruído do outro lado soa pelos alto-falantes do carro.
"Astrid?"
"Steven." Engulo o seco na garganta, o que diabos o Steven está fazendo com a Astrid?
"Steven? Que diabos?"
"Astrid está ocupada agora, você deveria ligar depois."
"É urgente. Estou indo até a casa da Gentlyn..."
"Você não deveria vir, a Astrid me pediu por isso."
Confuso, bato as mãos no volante.
"Você não sabe de nada!"
"Eu sei que você não para de machucá-la! Você ainda está casado com a Yuri, e tudo isso não vai acabar enquanto você continuar sendo um babaca sem sentimentos e se importar somente com seu nariz."
"Eu não..." Olho para frente com os olhos embaçados, o volante gira nas minhas mãos quando desvio de alguém no meio da estrada e o carro despenca pela rua, batendo em uma vidraça, os cacos explodem ao redor e o retrovisor racha em pedaços. Meu corpo voa para frente em um baque estrondoso, minha cabeça chia e meus ouvidos são preenchidos por um barulho fino, meus olhos estão tremendo quando olho para as minhas mãos e vejo sangue, minhas pálpebras se fecham devagar e tudo fica escuro demais.
Não consigo entender quando abro meus olhos, uma luz intensa brilha sobre minha cabeça, e eu fecho os olhos mais uma vez com a dor que atinge todo meu corpo por um momento, escuto vozes vindas de algum lugar bem perto, mas não ouso voltar a ver quem é, me viro de lado, ficando incomodado, então estou de olhos abertos ainda mais confuso.
Esse definitivamente não é meu quarto.
Levanto em um movimento brusco chamando atenção dos meus pais.
"Timmy." Nicole diz se aproximando de mim e segurando minhas costas. "Cuidado você sofreu uma concussão."
"O que?" Eu pergunto ainda mais confuso com toda essa situação, olho ao redor do quarto e vejo uma garota sentada na poltrona, inclino a cabeça devagar tentando reconhecê-la, mas minha cabeça dói só de pensar nisso, eu me deito novamente e minha mãe acaricia meus cabelos. É engraçado que não me lembro de como vim parar bem aqui, as paredes brancas sem nenhum tipo de vestígio de decoração, a sala grande, com a bandeira dos Estados Unidos balançando perto das janelas gigantes. "O que aconteceu?" Meu pai e minha mãe se olham confusos.
"Não se lembra de nada?" Meu pai se aproxima, e apoia a mão sobre a minha. "Você sofreu um acidente na loja de conveniência depois que saiu do jantar."
"Eu matei alguém?" Pergunto desesperado, me mexendo na maca desconfortável.
"Acredito que não." A garota diz, ela se levanta devagar e vem até mim. "Você vai ficar bem."
"Quem é você?" Pergunto, minha mãe solta um engasgo pavoroso e para de acariciar meus cabelos puxando sua mão.
"Você não se lembra de mim?" Pergunta, seus olhos estão cheios de água em um minuto, eu suspiro e me afundo no travesseiro.
"Yuri, eu sou a Yuri." Ela responde, levando as mãos até a boca e abafando um choro triste.
Eu não me lembro dela, não me lembro de nada.
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TOMORROW| Timothée Chalamet
FanfictionAstrid Davis tem dezoito anos e está no seu último ano da faculdade de jornalismo, quando ela recebe uma nota ruim que pode faze-lá repetir seu semestre, ela precisa provar seu valor em uma nova matéria exclusiva, o momento perfeito chega na férias...