Timothée
Era o pior jantar em família que tive em séculos, eu ficava calado e abaixava os ombros sempre que era obrigado a responder qualquer coisa. Também nem conseguia olhar para Yuri sem me sentir um merda, de qualquer forma eu nem comia muito como antigamente, não conseguia por nada na boca. Me retirei da mesa assim que terminei e fui até o jardim tomar ar fresco, eu esperava ficar mais tempo sozinho, mas Yuri veio até mim e sentou ao meu lado.
"Sente falta dela?" Pergunta, se referindo a Astrid, eu não pensava em Astrid porque estava muito ocupado com entrevistas e ensaios de fotos, além de ter uma porção de aulas de francês no meu horário livre em que Hailey não me deixava respirar, eu queria mesmo não ter tempo para pensar em Astrid, porque me fazia ser miserável.
"Não, não tenho tempo para pensar em ninguém." Eu me levanto para sair, ela segura meu pulso e me impede, ficando de pé a minha frente, Yuri me abraça com força com seu perfume adorável circulando meu corpo, me sinto até bem por receber um abraço, em tanto tempo. Me envolvo em seus braços, afastando seus cabelos do rosto, Yuri é uma menina bonita e se fosse antes de conhecer Astrid, talvez eu não estivesse tão preocupado, eu iria querer mesmo estar com ela, mas não, minha vida não podia seguir nesse rumo.
"Eu ouvi sua mãe dizendo que não iria parar com a compra da casa da Astrid." Eu me afasto devagar, dando dois passos, esfrego a minha cabeça, a raiva dominando meu corpo, piso firme até a sala de jantar e aponto na direção da minha mãe.
"Você me prometeu!" Eu grito, meu pai arregala os olhos e balança as mãos para me interromper. "Você me prometeu que deixaria Astrid em paz quando eu me casasse com a Yuri, não é justo!" Bato as mãos na beira da mesa, derrubando uma taça que dança pela madeira e se espatifa no chão, meu peito sobe e desce com a tensão presa no meu corpo, minha mãe sorri e passa a mão pelo cabelo.
"Querido, por favor." Ela repuxa o sorriso e olha para o ministro. "Eu sinto muito por isso."
"Não, não sente." Eu aponto novamente para ela. "Você não vai destruir a vida da mulher que eu amo."
Eu vou até a porta, mas ela me para do outro lado, estão todos na sala do saguão olhando na minha direção.
"Se sair por essa porta, uma ligação e eu ponho a casa da Astrid por água a baixo." Ela ameaça, estou tão cansado disso que solto um grito, Yuri tenta se aproximar e eu a empurro para trás e da cai no chão, aperto meus olhos encolhido perto da porta, puxando meus cabelos com raiva, meus dedos estão tremendo e eu estou cada vez mais sem fôlego. "Pare de fazer uma cena Timothée, você sabe o que é melhor para essa família e se está disposto colocar tudo isso pelo fim por causa de uma bastarda que seduziu você pelos cantos..."
"Não diga isso!" Grito, batendo a mão contra o abajur e o derrubando. "Você não sabe nada sobre Astrid, não sabe nada sobre ela para dizer isso."
"Você também não a conhece, presumo, o que sabe sobre ela? Além de que mora no Texas com um pai sem emprego e que a mãe dela é uma atriz fracassada de Hollywood por dormir com todos os homens que vê pela frente, essa é a pessoa que você quer que represente nossa família?"
Não, não era.
Engulo em seco e arrumo meu blazer, piso firme pelas escadas para ir até meu quarto, os seguranças param diante o batente e eu bato a porta com força, me encostando nela e deslizando para o chão, perco me completamente na dor que estou sentindo por não saber o que fazer, se Gentlyn estivesse ao meu lado, eu ainda poderia lutar contra a minha mãe, eu fico em silêncio ouvindo meu celular vibrar no bolso e ao pegar, vejo o número de Astrid na tela.
Jogo meu celular no chão, ouvindo o baque enquanto se espatifa perto da quina da cama, levanto e vou até a varanda olhando para a noite estrelada, meu coração está disparando e minha mente está pedindo por ajuda enquanto me venço, meu pai ficaria com a imagem ruim se as pessoas soubessem sobre Astrid o que a minha família inteira sabe, mas eu sempre fui julgado por fazer o que sempre quis, sem que minha mãe vinhesse a pegar no meu pé como está fazendo agora, eu faria da vida dela um inferno a partir de agora, e não me importava que eu tivesse minha imagem sujeita a essa família, eu saio do quarto e pego meu carro nos fundos, engatando a marcha pela rua e os portões se abrem depressa enquanto passo e aumento a velocidade sem rumo.
Sinto o vento fresco no meu rosto, uma mão no volante e a outra mudando o tom da música, quanto menos espero uma luz ultrapassa o carro e eu perco o ritmo, minha mão escapa do volante e o carro derrapa contra outro, girando pela rua, o cinto escapa do meu corpo e eu sou levado para o banco do carona, caindo perto do vidro até tudo parar de girar, abro a porta e pulo para fora, desnorteado e com a cabeça pulsando devagar, cambaleio para os lados até o outro lado, onde uma Ferrari está soltando fumaça pelo capô.
Abro a porta do motorista e me deparo com a amiga de Astrid, Ellie. Ela passa as mãos pelos cabelos sujos de sangue e olha na minha direção erguendo os olhos furiosos. Ao saltar do carro, ela bate suas mãos no meu peito.
"Você está maluco?! Quer me matar?!" Ela continua a bater no meu peito e suspira, encostando a testa no meu ombro. "Merda..." bato as mãos nas suas costas em um quase abraço estranho.
"Você que veio na minha direção." Eu não podia culpá-la. "Vou te levar ao hospital e podemos chamar a polícia." Aponto para o seu carro com a lateral amassada, ela assente e espera por mim, ligo para a polícia e esperamos até anotar o boletim, eu tinha outro problema aqui, a amiga de Astrid. Passo o braço pelo seu ombro, e a levo para o meu carro, estaríamos a caminho do hospital a poucos minutos.
"Me desculpa." Ela lamenta e não sei pelo o que exatamente, então pigarreio. "Por expor você e a Astrid, eu me senti tão má por isso, eu não devia ter feito isso, talvez eu estivesse com inveja dela."
Dou de ombros, não importava mais, não agora.
"Você está mesmo casado?" Ellie pergunta.
"Estou." Respondo.
"Com uma garota que nem conhece?" Ela volta a perguntar, eu não podia lançar detalhes sobre meu casamento com Yuri. "Você não gostava da Astrid?"
"Ela está no passado e preciso apagar esse pequeno erro." Era estranho falar sobre isso com uma garota que nem conheço direito, eu estaciono em frente ao hospital e abro a porta para ela.
"Você não vem?" Ela pergunta incrédula. "Como vou voltar para casa?
"Toma dinheiro para o táxi." Puxo cinquenta dólares da carteira e entrego a ela. "Boa sorte." Fecho a porta e ligo o motor do carro para ir embora, eu preciso ir até Gentlyn, mas não fazia ideia de onde ela estava e precisava descobrir.
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TOMORROW| Timothée Chalamet
FanfictionAstrid Davis tem dezoito anos e está no seu último ano da faculdade de jornalismo, quando ela recebe uma nota ruim que pode faze-lá repetir seu semestre, ela precisa provar seu valor em uma nova matéria exclusiva, o momento perfeito chega na férias...