CHAPTER TWENTY NINE

215 13 4
                                    

Timothée

   Bato a mão contra o abajur do meu quarto, quebrando tudo que posso e está na minha frente, jogo as almofadas no ar com toda raiva e ódio que posso. Como eu posso estar vivendo com tanta coisa ao mesmo tempo? Ainda seguro os documentos de Gentlyn nas mãos, tremendo tanto que mal consigo ler todas as letrinhas ali, meus olhos estão cheios de lágrimas e eu soluço com força com a mão na boca.

  Isso me machuca tanto, saber que Gentlyn é minha mãe e ainda mais difícil de aceitar que todos esses anos ela esteve comigo ao meu lado e me dando apoio não como uma verdadeira mãe, uma agente.

"Timothée." Hailey diz ao abrir as portas do meu quarto e aparecer com uma pilha de livros nos braços. "Esses são os livros da sua aula de francês." Balanço a cabeça e aceno para que ela deixe na estante ao lado, eu mal consigo respirar nesse momento e estou agradecido que Yuri me deu o devido espaço que eu precisava, então eu não precisava me preocupar com casamento, nem com nada. "Sua mãe está pedindo para que compareça na sala oval."

"Tudo bem..." Sigo Hailey para a sala oval do outro lado da mansão, a sala oval é a sala principal do meu pai onde ele trabalha o dia inteiro, tem uma mesa oval de vidro e paredes brancas sem nenhum tipo de decoração, há bandeiras dos Estados Unidos balança atrás dele em um arque. "Me chamaram?" Meu pai está ali sozinho, sentado na sua cadeira principal, minha mãe não está ali de verdade. "Pai..." Ele acena para que eu me sente e eu puxo uma cadeira do outro lado da mesa.

"Timothée, eu não fui sincero com você quanto queria." Não mesmo, mas não digo isso a ele. "Eu queria ter sido e ter dito que Gentlyn era sua mãe, mas eu não podia estragar o que Nicole fez por nós." Ele aponta para si mesmo e depois para mim, eu me sinto injustiçado, Nicole sempre teve as mãos em mim com controle, tudo para ela tinha que ser do seu jeito é isso não era o dever de uma mãe, controlar o próprio filho.

"Pai." Ele assente para que eu fale. "Eu quero tentar com Gentlyn, como a minha mãe, sei que isso não pode vir a mídia porque seria ruim para a sua eleição, seria ruim para todos nós." Espalmo as mãos na mesa de vidro. "mas Gentlyn foi a única pessoa que me apoiou como ser humano, que me viu como um, ela é minha mãe independente da sua história com ela."

  Meu pai fica quieto apenas assentindo, acho que ele sabe que tenho razão, não podemos excluir a Gentlyn de nossas vidas mesmo que eu quisesse que isso nunca tivesse acontecido, que ela fosse apenas minha agente. Não sei como Nicole ficaria se soubesse que quero tentar com a minha mãe verdadeira, não quero machucá-la, mas é necessário abrir todas as feridas que estamos escondendo e se isso voltasse para a mídia, tudo acabaria para nós.

"Eu te amo filho." Meu pai levanta e vem até mim para um abraço, é a primeira vez que ele me abraça com tanta sinceridade e amor, nossos corpos parecem aquecidos com a admiração que sinto por ele, ele se afasta com as mãos no meu rosto e seca minhas lágrimas com o polegar. "Me desculpa por não ter sido o pai que você merece." Eu assinto devagar e encosto a testa na sua, cerrando os lábios para engolir o choro. "Você merece ser feliz com aquela menina."

  Eu afasto bem devagar, inclinando a cabeça.

"Sei que sua mãe, quer dizer...Nicole, provavelmente vai fazer um alarde, mas é sua escolha encontrar a mulher com quem você quer se casar."

"Pai." Ele balança a cabeça.

"Não acho justo que você sofra ainda mais por não poder amar." Eu tento sorrir, é inevitável quando estou indo para a porta e aceno para ele, quero correr atrás de Astrid, encontrá-la e dizer que eu amo demais, que sinto sua falta e quero estar ao seu lado.

  Eu ligo para Steven , mas ele não me atende de verdade, eu corro para o seu bar, passando perto da vidraça eu consigo ver os cabelos de Astrid, os fios escuros caindo por suas costas esguias, ela está rindo com um copo na mão, e Steven está com a mão no seu joelho, eles parecem rir muito, e parecem mais íntimos do que eu consideraria normal, aperto meus olhos para ver melhor e decido entrar, mas me interrompo ao ver Astrid se inclinar e beijar sua bochecha, seu vestido se ergue um pouco nas coxas grossas e ela fica intimidada do jeito que sempre fica quando comete um erro, a cena diante meus olhos me deixa envergonhado, eu apareci no pior momento da história e agora estava ali, parado como um idiota encarando meu melhor amigo e a garota que eu gosto em um flerte sem sentindo, eu me encolho e fico um pouco nervoso quando os dois me encaram e Astrid deixa o copo cair no chão causando um estrago total.

"Timothée." Não sei porque a surpresa em me ver, em menos de quarenta e oito horas estávamos em uma discussão e agora ela está flertando com Steven, meu melhor amigo. Eu não a conheço de verdade e Nicole tem razão disso, não sei quem é Astrid Davis. "Timothée!" Ela me chama quando dou as costas depressa. "Espera!"

"O que você quer?" Pergunto expelindo a raiva que estou sentindo por ter visto isso, pode não significar nada, mas para mim tudo isso ainda me entrega uma estranheza.

"O que você quer?" Ela repete indignada e coloca as mãos na cintura. "Você veio me procurar, não acha que estou farta de você me humilhar? De fazer sofrer da pior maneira?" Astrid se aproxima e tudo que quero fazer é agarra-la e beija-la, mas estamos no meio da avenida de Washington, por que ela está em Washington? Por que ela tinha que estragar tudo?

"Eu não quero que seja assim Astrid, pode ter certeza que isso acaba comigo." Coloco a mão sobre o peito. "Mas já vi que você decidiu seguir em frente..."

"Sim, decidi seguir em frente porque estou cansada de ser uma mancha na sua vida."  Suas palavras cortam meu coração de verdade e eu quero desaparecer por ter feito isso com ela. Empurro as mãos para os bolsos e contorno para voltar para o carro. "Isso! Me de as costas como você sempre faz!"

  Eu giro nos calcanhares e vou até ela, segurando seu rosto e a puxando para mim, me entrego em seus lábios macios que tanto senti falta, do gosto da sua boca presa ao meu, suas mãos descem por minha nuca. Ela me abraça e eu escuto seu choro no meu peito, a abraço com mais força ainda, acariciando seus cabelos, seu cheiro fica todo em minhas roupas e eu me sinto bem de novo. Com todas as coisas que podiam acontecer Astrid foi uma delas.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora