SIXTY FOUR

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Timothée

É aniversário da minha mãe, Gentlyn, eu queria muito comemorar ao lado dela porque parecia ser importante para todos nós, até mesmo meu pai, Nicole saiu de férias para Orlando e voltaria no final de semana, enfim, meu pai queria fazer uma celebração na casa branca. A agitação pelos corredores estava imensa, com Ramos de rosas sendo carregados de um lado e outro e o saguão particular virando uma celebração.

"Acha que eu exagerei?" Perguntou meu pai ao meu lado, enquanto ajeitava sua gravata.

"Não." Menti, estava exagerado pra caralho. Havia várias mesas com toalhas brancas e balões dourados, Astrid me abraçou por trás e pendurou seu queixo em meu ombro.

"Está lindo Marc, você fez um ótimo trabalho." Ela disse.

"Não elogiei ele demais, o ego dele é gigante." Debochei e meu pai soltou um grunhido. "Minha mãe vai adorar." Garanti, Gentlyn gostava dessa combinação de cores e estava tudo muito bonito.

"Merda, eu esqueci de pedir para pegarem o bolo!" Meu pai saiu correndo porta a fora e Astrid riu por cima de meu ombro. Eu a girei para mim com as mãos na sua cintura.

"Você está linda." Ela estava usando o mesmo vestido de dois dias atrás, com ajustes nos ombros, e um corte nas costas.

"Você disse que esse vestido era horrível." Astrid me lembrou, merda.

"Eu não disse nada disso." Me defendi esfregando a cabeça, ela riu jogando a cabeça para trás em uma risada muito boa. Eu adorava a risada de Astrid. Era algo que me deixava imensamente feliz. "Sabe o que eu estava pensando?"

"Não leio pensamento."

"Ouch." Levei a mão ao peito. "Vamos acampar."

"Acampar?" Astrid inclinou a cabeça confusa. "Com quem?"

"Sua amiga? E meus amigos?" Sugeri. "Seria legal! Passaríamos um tempo juntos e você poderia conhecer melhor meus amigos."

"Você nunca me falou deles." Ela disse. Eu não havia me lembrado do fato de que estava certa, na realidade eu não tinha amigos. Além de Steven. "Devia falar com o Steven." Aconselhou, ela tinha razão, Steven era meu amigo desde criança e eu simplesmente estraguei tudo.  "Vai ser melhor."

"Vou falar com ele." Disse em uma promessa, eu faria isso por mim, Steven foi uma grande parte da minha vida e eu fiz questão de afastá-lo para longe. "Você vai ficar bem?"

"Vou." Astrid respondeu. "Vou ajudar seu pai com os preparativos, esteja aqui às sete." Ela bateu nos meus ombros.

   Atravessei o saguão e fui até as limusines paradas atrás da casa, pedi ao motorista para me levar até o bar onde Steven trabalhava, pensando em quais palavras eu diria a ele.

                                *

    Encontrei Steven servindo duas bebidas a uma garota. Ele me olhou assim que entrou e me deu as costas para ir ao bar. Eu me aproximei.

"Me vê uma tequila." Pedi, Steven pegou a garrafa e colocou sobre a bancada. "Quero falar com você." Ele me olhou nos olhos e riu.

"Até parece que vou ter uma conversa que não vai terminar em você cuspindo palavras de baixo calão na minha direção."

   Cerrei os lábios.

"Vim pedir desculpas." Comecei, Steven encheu meu copo. "Pelo que causei, pela confusão que desfez nossa amizade, poxa Steven, você é meu melhor amigo e eu não lhe dei ouvidos porque achei que estava tentando me fazer infeliz, mas pelo contrário, você estava me ajudando."

"Hm." Ele resmungou. "Me desculpa também por ter causado tanta confusão por causa da Astrid, eu não devia ter dito aquilo."

  Eu a amo.

  Ele amava Astrid, mas não tanto quanto eu a amava.

"Hoje é aniversário da minha mãe, você pode aparecer na mansão hoje." Convidei. Steven olhou ao redor.

"Tenho que ficar no bar hoje, mas obrigado." Acenei, bebi o resto da tequila e me levantei.

"Tudo entre a gente?" Ele perguntou incerto.

"Claro." Pisquei na sua direção e decidi sair dali antes que tivesse uma recaída das grandes.

  Cheguei antes da sete, mas Astrid não estava na casa, meu pai estava arrumado, vestindo um terno vermelho vinho, os cabelos penteados para trás e seu perfume enchendo o ambiente.

"Isso tudo é para a minha mãe ou o que?" Debochei e ele soltou risinho fraco.

"Quero receber bem os convidados." Ele disse, embora eu soubesse que não era isso. "Astrid foi buscar Gentlyn, talvez ela demore um pouco."

   Balancei a cabeça, fui para o meu quarto e esperei pela minha roupa, assim que uma das empregadas colocou o cabide pendurado no closet, tomei um banho e passei um bom tempo dançando de toalha. Era patético, mas eu estava feliz como nunca, porque todas as feridas estavam se curando, eu estava resolvendo todos meus problemas e de verdade, nunca estive melhor.

    Vesti o smoking azul, com a gravata borboleta desfeita e mesmo assim desci para o saguão onde já havia algumas pessoas, eu estava um pouco ansioso pela primeira vez de estar comemorando algo com Gentlyn, minha verdadeira mãe, era um momento especial.

"Aqui está ele." Meu pai disse e franziu a testa ao olhar para mim, ele sorriu um pouco e arrumou o laço da minha gravata. "Timothée, esse é o Dan, ele veio do Texas, é advogado."

"Olá." Apertei sua mão firme e sorri. "O que te fez vir para Washington?"

"Estou procurando por uma pessoa." Ele disse confiante.

"Já a encontrou?" Perguntei curioso.

"Ainda não. Mas sei que vou." Eu assenti e pedi licença ao meu pai para pegar uma taça de champanhe, a música leve tocava aos fundos e os convidados bebiam e se divertiam, meu celular vibrou e o nome de Astrid estava na tela.

"Já estou chegando." Ela disse quando atendi.

"Tudo bem, vou avisar meu pai." Falei, desliguei e guardei o celular no bolso, fui até meu pai que ainda estava com Dan, e avisei a ele que Gentlyn e Astrid estava a caminho. Esperamos por meia hora, até ouvirmos os baques dos saltos pelo corredor, Astrid vinha cobrindo os olhos de Gentlyn, devagar as duas estavam chegando mais perto do saguão enquanto todos estavam em silêncio.

"O que é isso?" Perguntou Gentlyn e Astrid se afastou, minha mãe riu assim que todos pularam e gritaram para ela, aplaudindo. Ela estava linda de vestido azul com o decote pequeno. Os cabelos soltos em ondas. Minha mãe era muito bonita. "Meu Deus, Timothée." Ela olhou para mim e chegou mais perto, me abraçando, Astrid estava parada a poucos metros olhando em outra direção e me dei conta que estava encarando Dan. Eu me afastei devagar sem que minha mãe percebesse e eu suspirei ao ver Dan dar alguns passos até ela.

"Astrid." Ele disse, o centro das atenções agora era eles dois, ela o puxou para um abraço apertado e eu fiquei os olhando com um pouco de ciúme, eu não fazia ideia de que a pessoa que ele procurava era Astrid é isso me deixou ainda mais incomodado ao perceber que havia algo entre os olhares deles, eu me retirei do saguão imediatamente.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora