Luka era meu primeiro filho e significava muito para mim, ele se parecia muito comigo, os olhos verdes, a pele pálida e as bochechas estreitas. Eu o amava muito como pai, mesmo um pai que não sabia de nada sobre como cuidar de um filho. Quando o vi pela primeira vez nos braços de Astrid comecei a chorar como um bebê, porque para mim aquilo significava que ficaríamos juntos para sempre, que o elo que me unia a Astrid era definitivamente Luka. Eu amava Astrid com meu coração, ela foi a primeira mulher a me despertar uma energia descomunal e atrativa da maneira como nunca olhei para outra sem pensar no quanto Astrid era pequenina e indefesa.Katherine já era o oposto, e não fazia meu tipo, eu não precisava estar bebendo para perceber que ela não era meu tipo, era uma garota comum, que faria o tipo do antigo Timothée, aquele que não sabia amar, não sabia enxergar o que era a vida de verdade e agora parecia que eu era algum outro tipo de homem abduzido por uma mulher sedutora que agora não falava comigo.
Terminei de lavar os cabelos e fui direto vestir a roupa, disponho o roupão por cima e pego a garrafa vazia de vodca da outra noite esquecida ali e jogo fora o resto da bebida seca no ralo da pia.
''Merda.'' Meu celular estava vibrando sobre a cama, e corri para pega-lo em uma brusca esperança de ser Astrid, o nome na tela me deixa murcho. ''Oi mãe.'' Falei, andando com a garrafa de vidro na mão. Comecei a falar sobre Nova York e que tinha visitado todos os museus de arquiteturas preferidos dela. Nicole era uma mulher cheia de cultura e almejava a vir para Nova York. Mas eu estava mentindo para ouvir aquela risada gostosa do outro lado do telefone como se eu soubesse o que estava fazendo.
Nicole estava a dois meses lutando contra o câncer no cérebro, depois da separação com meu pai, a situação passou a ficar ainda mais complicada porque ela se isolava da nossa família e voltava seus problemas apenas para ela, ficando tempo de mais só em seu quarto e nos evitando. Papai costumava a visita-la quando tinha seu tempo, estava ocupado preparando seu casamento com outra mulher e não havia se passado nem dois anos ainda. Eu sentia por ela a tristeza que era passar por tudo isso, eu não conseguia imaginar o quanto aquela mulher como minha mãe me fazia feliz.
''Vou enviar as fotos da premiação.'' Prometi, orgulhoso de que eu seria indicado ao meu primeiro Oscar essa noite, eu estava nervoso beirando a hormônios, tomei um café para diminuir um pouco do meu tempo e passei a tarde toda escolhendo meus sapatos enquanto Katherine me trazia comida francesa e trocava suas roupas umas dez vezes. Passamos mais tempos juntos do que eu queria admitir e era bom estar esquecendo de todos os meus problemas com Astrid, era bom poder estar em paz de novo por algumas noites estando sozinho com Katherine por ela ser uma amiga que estava se aproximando de mim, ela era boa e me fazia se sentir nas nuvens.
Terminei minha escolha de sapatos e Katherine ainda estava naquele vestido cor de cereja que amarrava muito bem sua pele branca, os saltos combinavam muito bem com ela. Estávamos prontos para sair do hotel e ir direto para a premiação, eu estava mais nervoso que o comum, vibrando em energias boas, embora pensasse em Astrid em meu lado compartilhando do mesmo sentimento, era fácil dizer que eu estava bravo e magoado por ela não estar comigo, claro que estava tentando levar tudo em uma boa porque ela tinha sua vida em Washington e não podia parar tudo por minha causa e tinha Luka, nosso filho.
Eu estava sendo um péssimo pai, estava perdendo o amor da minha vida e minha família, estava perdendo a dignidade e honra que meu filho merecia ter do próprio pai.
"Onde você vai?!" Katherine gritou pegando a bolsa e jogando no ombro, apressei-me em direção aos elevadores apertando o botão freneticamente. "Onde diabos você está indo?"
"Eu preciso ir embora."
Ninguém precisava me ver assim, tendo uma crise emocional das grandes em que eu não conseguia enxergar um palmo a minha frente, não conseguia enxergar que essa noite não seria especial se as pessoas que amo estiveram sofrendo por minha causa.
"Você não vai a lugar nenhum, você tem um prêmio para pegar essa noite." Ofeguei baixo, com a respiração carregada, o sombreado de vermelho ocupando meu rosto enquanto eu suava frio, me apoiei na parede tentando recuperar o fôlego. "Timothée?" Ela sussurrou com o tom de voz mudando no momento em que deslizei na parede e cai no chão.
"Eu estou sendo um péssimo pai, um péssimo marido, um péssimo ator....péssimo em tudo." Choraminguei, Katherine afagou minhas costas bem devagar permitindo que minha respiração pudesse voltar ao normal aos poucos. Eu não conseguia enxergar como minha vida estava de ponta cabeça, não sabia como ser responsável é muito menos não estava pronto para ser pai. Eu nunca imaginei que chegaria tão longe depois de dois anos e meio.
"Vai ficar tudo bem." Garantiu embora eu soubesse que ela só estava sendo legal comigo. Ela me ajudou a ficar de pé e me puxou para um abraço agradável me fazendo ficar aliviado por tudo que está acontecendo. "Você vai arrasar, vai levar seu prêmio e vai fazer a Astrid sentir orgulho de você."
Astrid não sentia orgulho de mim, eu não conseguia dar motivos para isso. Mas balancei a cabeça devagar e dei um sorriso molenga trazendo Katherine para perto novamente e me derreti em seu abraço. "Nós temos que ir." Ela disse me empurrando devagar e estendendo a mão para que eu segurasse, apertei sua mão, os dedos entrelaçados e entramos no elevador assim que as portas se abriram e estávamos prontos para essa noite inesquecível.
Nossa limusine parou bem em frente ao evento, estendendo um tapete vermelho de entrada principal, saltei do carro e ergui a mão para ajudar Katherine, seu vestido longo caindo ao redor de seu corpo, os flashs maltratando meus olhos enquanto caminhamos pelo corredor, sendo fotografados por milhões de paparazzis que se jogavam nas grades disputando pela atenção.
"Timothée! Você e Astrid terminaram?!" Uma voz se sobrepôs ao som dos murmúrios altos.
Olhei para os lados toda vez que uma voz se sobressaia pelas vozes, Katherine me puxou pelo tapete vermelho e subimos as escadas passando para trás das cortinas.
"Obrigado." Murmurei perto do seu ouvido, Katherine me apertou contra seu corpo e descemos mais escadas até as mesas de convidados, nós estávamos distante do palco de apresentações, estreitei os olhos devagar ao ver minha ex namorada, Carol Mackeller sentada junto a Brad Pitt e Angelina Jolie, Carol era atriz até que me lembro, seus filmes são um fracasso toda vez nas bilheterias, sua atuação é mesquinha além de ela não ser boa com as expressões.
"Aquela não é a Carol?" Katherine disse. "A sua polêmica namorada que levou você a uma praia de nudismo e seu bilau saiu na capa da Vogue?"
"Ei." Exclamei, eu odiava lembrar desse episódio que me gerou problemas com Gentlyn. Lembro que Carol me arranjava problemas que eu não conseguia lidar, era polêmica e fora de si, e minha mãe Nicole a odiava, tive muitas ex namoradas e todas elas eram diferentes de Carol que se mostrava determinada demais para uma pessoa só.
"Não vamos falar sobre isso, vamos falar sobre aquilo." Katherine apontou para a mesa de bebidas e já estava me puxando naquela direção. Eu a soltei e disse que iria ao banheiro, procurei pelos corredores a entrada do banheiro e me perdi por ali, com a multidão estreita em uma fila. Uma garota esbarrou em mim, derramando sua bebida em meu terno caríssimo e saindo cambaleante pelas paredes.
"Que saco!" Gritei assustando o garoto na fila, passei por todos eles e empurrei a porta com força dando de cara com um cara comendo uma garota na pia do banheiro, aquilo era demais para mim. "Saiam daqui!" Pedi nenhum um pouco gentil, os dois saíram depressa e liberaram o banheiro, tranquei a porta, puxando lenços de papel para limpar meu blazer, a mancha ficou cada vez maior e pior, gigante.
Bufei de frustração e sentei no banco de estofado de couro. Puxei meu celular do bolso da calça e digitei para Astrid uma última mensagem.
"Precisamos de um tempo."
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TOMORROW| Timothée Chalamet
Hayran KurguAstrid Davis tem dezoito anos e está no seu último ano da faculdade de jornalismo, quando ela recebe uma nota ruim que pode faze-lá repetir seu semestre, ela precisa provar seu valor em uma nova matéria exclusiva, o momento perfeito chega na férias...