Nunca imaginei que com um impulso eu estragaria tudo, nunca me senti tão culpado quanto agora. Estou furioso comigo mesmo, por machucar Astrid do pior jeito que podia."Você não pode se culpar." Gentlyn disse com a mão em meu ombro e me desvencilhei apressado, atirando minha última roupa na mala. Eu queria descobrir o que havia provocado tanta raiva em mim. "Estava magoado e..."
"Mas eu não tinha o direito!" Gritei a espantando, Gentlyn arregalou os olhos e se afastou. "Eu não tinha o direito de machucá-la." Diminui a voz me sentindo ainda mais um bosta por estar gritando com a minha própria mãe. Gentlyn só queria me fazer ficar, mas eu sabia que meu lugar não era aqui.
"Não, você não tinha." Gentlyn me advertiu me fazendo virar para ela com as mãos em meus ombros. "Mas não pode agir assim, com raiva do mundo." Ela me observou.
"Não estou com raiva do mundo." Me desviei fazendo um bico como uma criança emburrada. "estou com raiva da Astrid, por ela..."
"Vocês terminaram não foi?" Gentlyn me lembrou. "Você não tem motivos para ficar chateado."
"Nos beijamos." Falei de repente deixando Gentlyn ainda mais surpresa.
"Minha nossa." Disse. "Tudo bem. Eu sei que está chateado." Ela pediu para que eu me sentasse na cama. "Mas tem coisas que acontecem por um motivo, e Astrid deve ter tido o seu para fazer o que fez."
"Tipo beijar outro homem?" O deboche lavou minha voz. "Fala sério mãe, Astrid é uma vadia." Levantei, andando até as minhas malas. "Eu já devia saber disso quando ela e meu melhor amigo flertaram no ano passado."
Gentlyn ficou em silêncio, porque entendia que eu estava certo.
"Tenho que voltar para Nova York, Hailey tinha razão. Garotas são uma perca de tempo." Resmunguei.
"Timothée, você não tem mais cinco anos." Retrucou. Ela tinha razão, eu não tinha mais cinco anos, embora pensasse como uma criança de cinco anos. Mas Astrid havia me deixado abalado por beijar Ethan. Já era ruim suficiente pensar que ela recorreu a ele.
"Estou voltando para Nova York." Repeti, pegando minhas malas, desci com elas pelas escadas da mansão e as deixei no saguão. Hailey se levantou do sofá em alerta e guardou o celular no blazer.
"Está pronto?"
"Sim." Ela pegou minhas duas malas e carregou pelo hall em direção ao carro, Gentlyn me segui até o lado de fora, cessando os passos.
"Mande abraços ao papai." Pedi. Meu pai estava em Veneza trabalhando, fazia um longo tempo.
"Tudo bem." Ela segurou meus ombros e me levou para seus braços em um abraço apertado. " Qualquer coisa me liga."
"Ligo." Sussurrei ao me afastar. Obriguei meus lábios a formarem um sorriso. Abri a porta do carro e deslizei no banco de trás. Acenei pela janela e Gentlyn ergueu a mão para acenar de volta.
Voltar para Nova York mais uma vez da mesma forma em que cheguei aqui com Astrid me tornava um cara ainda mais fracassado. Passei dias pensando em como minha vida havia se tornado uma bagunça de sentimentos que eu não sabia controlar, uma montanha russa de sensações que eu não conseguia amontoar.
Os dias se passavam rápidos e tranquilos sem que eu pudesse perceber, ocupado demais com as gravações do filme não tive tempo para pensar em Astrid, não tive tempo em pensar nos meus erros. Por um milhão de anos eu estava feliz passando um tempo comigo mesmo sem frenquentar bares nas noites nubladas de Nova York ou causar algum tipo de confusão, sem estresse.
Eu ainda pensava em Astrid e de como nossa relação era complicada, de como não conseguimos resolver nossas diferenças e nossas bagunças. Ela estava certa se queria seguir em frente e eu não impedi-la. Mas com Ethan? O cara é um babaca.
É tão difícil para mim me preparar para seguir em frente, todas as vezes em que acordo sozinho, sinto que perdi a parte mais importante da minha vida, que não tenho mais ninguém, minhas escolhas me fizeram alcançar onde estou agora, o sucesso era tão importante que me fizeram perder a mim mesmo e passar o tempo sozinho me fez crer que não era isso que eu queria.
Enchi um copo de água e fui para a varanda, observando o céu estrelado, a lua está excepcionalmente brilhante essa noite e ilumina os ladrilhos do piso. Cubro o rosto com a mão, o silêncio é quebrado com meus soluços tensos preenchendo o ar, as lágrimas molham minha pele e meus músculos e tencionam.
Eu não acredito que a machuquei!
Sua expressão de raiva e medo percorrem minha mente se repetindo em sequência sem parar, me fazendo derramar ainda mais lágrimas furiosas. A culpa me permeia violentamente, batendo contra meu peito de forma involuntária.
Eu só queria que ela me perdoasse por tudo que causei, sei que não sou bom. Mas não quero deixá-la ir. Mesmo que estejamos desmoronando, somos mais fortes que isso. Sei que somos. Porra.
Não consegui dormir a noite toda, vaguei pelo quarto com os olhos atentos, a chuva de Nova York aterrissando do lado de fora até o amanhecer, não peguei meu celular com medo de que eu pudesse me arriscar a ligar para ela. Sei que Astrid não quer nem me olhar nos olhos e isso já é o suficiente para me deixar machucado.
Ao meio dia, almocei com Hailey no restaurante do hotel, autografei papéis e tirei fotos o dia todo, dei uma volta pelo Central Park e retornei ao estúdio pela noite passando a madrugada nas gravações.
"Timothée." Houston me chamou, ela era a produtora, seus cabelos loiros sacudiram nos ombros ao balançar a cabeça. "Estamos indo comer alguma coisa, quer vir?"
Eu estava cansado, embora com muita fome.
"Quero." Respondi, ela sorriu, os lábios com batom se repuxando.
"Tá legal, fica pronto em cinco minutos." Pediu, sacudi a cabeça e fui pegar minha bolsa no camarim. A porta se abriu, e Houston estava ali novamente.
"Tudo bem?" Perguntei confuso porque havíamos acabado de nos ver.
"Eu esqueci uma coisa." Disse, se aproximando de mim, suas mãos contornaram meu rosto e me puxaram para ela, seus lábios roçaram aos meus hesitando lentamente, dei um passo para frente e nossas bocas se encontraram em um beijo adocicado de café. Envolvi minhas mãos ao redor dos seus quadris largos, descendo para os botões dos seus jeans. A empurrei contra a porta escutando ela arfar em meu lábios, suas mãos agarraram meus cabelos, os dedos puxando cada mecha, ergui seu corpo contra o meu, respirando ofegante. Nossas roupas foram sumindo de nossos corpos, nossas peles entrando em contraste uma com a outra, era tudo que eu precisava.
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TOMORROW| Timothée Chalamet
Fiksi PenggemarAstrid Davis tem dezoito anos e está no seu último ano da faculdade de jornalismo, quando ela recebe uma nota ruim que pode faze-lá repetir seu semestre, ela precisa provar seu valor em uma nova matéria exclusiva, o momento perfeito chega na férias...