Timothée
Eu nem sabia contar em que copo eu estava, mas meu corpo estava completamente cansado e sem rumo, prometi a mim mesmo que não iria beber quando chegasse a Nova York, mas horas antes enfrentei o maior dilema da minha vida.
"Você podia ter me contado que Astrid estava grávida!" Ellie gritou a plenos pulmões no apartamento e levantou uma faca na mão enquanto estava cortando pedaços de carne. "Eu juro por Deus que..."
"Ela mentiu para mim! Ela estava com Steven enquanto eu não sabia de nada disso." Ellie abaixou a faca e me encarou perplexa como se eu fosse louco.
"Você abandonou uma mulher grávida? Eu esperava mais de você." Ela colocou as mãos na cintura. "Sério, sinceramente eu estou decepcionada com você."
"Eu também estou." Murmurei enfiando a cabeça entre os braços e resmungando. "Muito decepcionado com ela."
"Sabe por que você está decepcionado com ela?" Levantei a cabeça. "Porque você está com ciúmes! O Steven estava com ela quando a Astrid soube, não foi culpa dela, pode apostar que você está cometendo um erro."
"Eu não quero ficar com uma mentirosa." Resmunguei ainda mais baixo, fiz um beicinho para Ellie que revirou os olhos e despejou toda a carne na panela. "Ela mentiu para mim por uma semana enquanto eu estava preocupado e triste, ela mentiu para mim quando eu mais estava ansioso para o nosso casamento, eu ia me casar! Ia ficar fadado a uma mulher que não confiava em mim por anos, isso é pior do que me casar com Yuri."
Ellie franziu o nariz.
"Sabe qual é o seu problema? Você não sabe o que está fazendo e está descontando sua raiva na Astrid, ela está grávida e sim, cometeu um erro ao não te contar, mas você devia estar ao lado dela, apoiando Astrid e não fugindo dos seus problemas, você ainda é um bebê gigante filhinho da mamãe."
"Eu não sou um filhinho da mamãe." Balancei a cabeça e Ellie riu, acenando na minha direção.
"Claro que não." Ouvi seu tom debochado. "Você não passa de um bebê." Ela se inclinou na bancada e apertou minhas bochechas, reclamei de dor, batendo nas suas mãos para que ela parasse. "A propósito, consegui um emprego para você."
"É?" Falei pouco animado.
"É, consegui um emprego que combina muito com você."
Eu estava bebendo no final do expediente, estava cansado e usava uma roupa que não me caia nenhum um pouco bem, além do chapéu ridículo vermelho e o avental de bolinhas.
"Me serve uma bebida verde aí Timothée." Ellie disse, olhando para mim por cima do cardápio, eu nem sabia que diabos de bebida era essa, mas eu estava trabalhando na bancada do bar da empresa de Tecnologia, ela disse que combinava comigo e Ellie estava absolutamente louca. "Você ficou uma graça nesse avental." Ela riu um pouco e levou a mão a boca. "Você está bebado?"
Revirei os olhos e voltei a limpar a bancada, enquanto Ellie ficava ali me atormentando, um flash veio na minha direção outro e outro, me deixando completamente cego, cobri meus olhos e me escondi em baixo da bancada, engatinhando para o outro lado e puxando a perna da calça da Ellie, ela olhava para trás, para os fotógrafos do lado de fora.
"Ninguém pode me ver assim." Eu disse, Ellie se abaixou e me puxou pela gola da camiseta me obrigando a ficar de pé.
"Não é tão ruim assim." Ela disse claramente com deboche, era horrível e eu estava vestindo a pior roupa do mundo que alguém poderia vestir. "Isso acaba com sua vida sexual e eu me divirto." Ellie voltou a rir e girou no banco, os paparazzis ainda estavam ali sendo dispensados pelos seguranças, fiquei aliviado quando os flashs foram embora, mas nem tanto quando pensei nas fotos que estariam na internet no dia seguinte, eu estava completamente fora de si, havia bebido dois conhaques e uma vodca para afogar as mágoas do dia, aquilo parecia ser o melhor caminho até não parecer mais, era ruim, cruel comigo mesmo.
Olhei para o outro lado do corredor e fiquei pasmo, quase pálido ao ver a mesma mulher em que fiquei alguns dias atravessando o corredor de mãos dadas com um homem bem vestido, de terno fino e sapatos de bico largo. Merda, aquela era mesmo aquela mulher, meus desejos nunca funcionavam e eu era apenas um idiota.
"Qual é o nome daquela mulher?" Ellie girou na cadeira e assistiu a mulher atravessar a porta de entrada.
"Ah, ela é a Cassey, a mulher do meu chefe."
O que? Que porra é essa?!
Eu estava completamente fodido. Se Ellie soubesse ela iria me matar e me mandar de volta para Washington, eu mal havia chegado e estava estragando tudo, não tinha como eu saber que ela era casada, nem era culpa minha mesmo, mas eu estava muito fodido. Se Ellie soubesse tudo ia por água a baixo.
Me escondi novamente e só me senti seguro quando Ellie sumiu, eu estava sozinho e já podia ir para casa.
Esperei por Ellie no saguão, ela saiu um pouco tarde e eu estava super cansado sentado em um dos bancos do lado de fora, pegamos um Uber e fomos direto para o apartamento, minha cabeça estava dolorida e eu não devia ter bebido tanto, acho que estou fora de controle com todas essas emoções bagunçadas enchendo meu peito e o calor da emoção tomando completamente minhas atitudes, eu não queria viver fadado a essa vida medíocre, eu queria ser mais que o filho do Presidente.
"Você pode se deitar, vou preparar um café bem forte para passar essa ressaca ou você vai perder o seu primeiro emprego amanhã." Ela tinha razão, eu nem havia pensado no amanhã, tudo ocorria muito rápido e eu mal conseguia acompanhar. Ellie foi preparar o café e eu corri para o banheiro e vomitei, me senti nojento é enjoado novamente.
Ellie me entregou o copo de café e eu bebi em dois goles rápidos. Sentindo minha língua pegar fogo.
"Você está fora de controle." Ellie disse. "Você não quer ir ao psicólogo?"
Olhei para ela e fiz uma careta com o nariz espremido. Eu não sabia se ela estava me zoando ou falando sério.
"Eu não preciso de um psicólogo, eu estou bem."
"Não é o que parece." Ellie suspirou. "Vai dormir, amanhã resolvemos isso juntos." Eu estava bem com ela aqui, ao meu lado, pelo menos podia contar com alguém que parecia se importar, mas por que ela se importa mesmo?
"Ellie." A chamei enquanto estava voltada para o corredor, ela se virou para mim. "Eu te amo." Os olhos dela se arregalaram e eu comecei a rir, levando a mão até meu peito.
"Você é um idiota." Ela fechou a porta e saiu.
Fiquei sozinho esperando o enjoo passar e me levantei para tomar um banho e ir para cama, deitado percebi que estava imerso nas fotos de Astrid, ela estava postando mais do que o normal, fiquei confuso, ela estava...em Paris? Como assim ela estava em Paris? Com quem ela estava? Será que estava com algum cara? Com Steven? Merda!
Levantei da cama e calcei os chinelos, fui até a cozinha e bebi um copo de água. Eu estava me sentindo um idiota de novo, ela estava seguindo em frente, pode parecer egoista, mas eu não queria que isso fosse tão rápido, respirei fundo com as mãos sobre a bancada, as lágrimas começaram a rolar por minhas bochechas, eu estava tão chateado, não era justo o que eu estava fazendo, não era certo, eu estava mentindo para todos que amo, estava magoando a todos que amo, estava excluindo todos que amo da minha maldita vida, eu estava sendo mimado e egoista como sempre fui, as pessoas costumam sempre se aproximar por interesse e eu estava bem com isso, mas Astrid não, ela me amou de verdade, ela implorou para que eu ficasse e eu a ignorei, eu precisava consertar isso e dizer que sentia muito, que lamentava por ter sido um péssimo pai, eu devia parar de ter medo de tudo e enfrentar a realidade.
A realidade de que Astrid era a única mulher que me fazia feliz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
TOMORROW| Timothée Chalamet
FanfictionAstrid Davis tem dezoito anos e está no seu último ano da faculdade de jornalismo, quando ela recebe uma nota ruim que pode faze-lá repetir seu semestre, ela precisa provar seu valor em uma nova matéria exclusiva, o momento perfeito chega na férias...