Timothée
Astrid me leva até seu quarto do outro lado da cozinha, há uma camada de mofo nas paredes, sua cama é pequena, não tem muita coisa pelo espaço além de livros espalhados pelo chão e roupas em um cesto abandonado.
"Esse é meu quarto." Ela abre o braços e sorri com uma pitada de alegria, eu sorrio soando um pouco forçado, tudo bem, não é tão ruim quanto imaginei. "Você pode dormir aqui, eu durmo na sala."
"Tudo bem, eu posso dormir na sala."
"Nada disso." Ouço uma voz atrás de mim e vejo a mãe de Astrid ali na porta. "O primeiro filho não vai dormir no chão." Ela é muito parecida com a mãe, tem olhos escuros, uma pele morena, o contorno do rosto é muito semelhante. Um rosto oval com bochechas destacadas. Tanto as duas são muito bonitas.
"Não tem problema." Balanço as mãos, eu não queria mesmo ficar nesse quarto, já estou me sentindo sufocado só de olhar para ele, eu estou um pouco enjoado só com o cheiro de poeira. "Eu fico na sala e não vejo problema nisso." Eu acrescento duramente, a mãe de Astrid levanta as mãos e ri um pouco. Eu tenho quase certeza que essa situação é bem mais constrangedora para Astrid do que para a mãe dela.
A porta da frente se abre e imagino que o homem passando pela porta seja seu pai, ele é um homem baixinho, de cabelos grisalhos, Astrid se parece bem mais com ele pela expressão de preocupação.
"Quem é..." o homem se cala ao me analisar de cima a baixo e engasga. "Meu Deus do céu, o que diabos ele está fazendo aqui?"
"Olá senhor." Eu aceno. Fico um pouco apavorado porque estou na frente do pai da garota que comecei a gostar, nunca passei por isso e não é uma sensação muito agradável, o pai dela se aproxima deixando as sacolas no chão perto da mesa da cozinha.
"Eu não acredito que você trouxe ele aqui." Ele diz e me sinto ofendido.
"Pai!" Astrid grita, colocando as mãos na cintura, ela não parece muito séria de verdade.
"Me desculpe o incômodo senhor, eu juro que não queria que Astrid tivesse passado pelo o que aconteceu." Eu lamento, recebendo um olhar de lado. "Eu entendo que o aconteceu e como sua filha foi exposta a mídia, mas posso jurar que estou aqui para fazer de tudo para que ela seja feliz, ao meu lado." Coloco a mão sobre o peito soando meio melodramático, Astrid cerra os lábios escondendo uma risada, seu pai abre um sorriso no rosto e passa o braço pelo meu ombro.
"Não se preocupe rapaz." Ele diz. "Vamos almoçar!" Eu suspiro de alívio.
Enquanto Astrid arruma a mesa com a sua mãe em um clima um pouco tenso, eu não sabia muito sobre sua família e como era a relação dela com a mãe porque as duas parecem muito sérias, estou colocando as panelas na mesa quando dou um aperto no braço de Astrid que sorri para mim, eu me sinto um pouco mais normal por estar em família com alguém que gosto, pelo menos sem que as coisas estejam estranhas entre nós.
"Como vai ficar sua mãe?" Astrid pergunta, dobrando os guardanapos de flores.
"Vamos dizer que estou em férias." Eu balanço a mão achando nada demais. Astrid assente em silêncio. Acho que ela está um pouco preocupada com o que vai acontecer quando minha mãe começar a entrar em ação. Com toda certeza ela não vai sossegar enquanto não souber o que está acontecendo comigo.
"O almoço está pronto." O pai dela avisa, e pega os talheres para por na mesa, eu estou sorrindo por ver tudo isso acontecendo de perto, Astrid e sua família são um pouco diferentes da minha, mas não há nada que impeça que meus pais aceitem isso de verdade, por mim, pela minha felicidade.
Astrid e eu estamos vendo um programa de Tv qualquer, sentados na poltrona do seu pai, ela está rindo da piada ridícula da mulher da programação, a observo por alguns segundos achando graça que tudo para ela seja leve e humorado. O seu sorriso é incrível e me deixa confortável pelos minutos que estou abraçado ao seu corpo, encostado no seu ombro, sentindo que nenhuma festa, nenhuma outra garota me fará tão feliz quanto ela. Astrid significa o mundo para mim, em tão pouco tempo fui capaz de descobrir que poderia amar sem nada em troca e que a beleza disso tudo é tornar a pessoa que ama feliz.Aperto seu queixo bem devagar e trago seu rosto para perto do meu para beija-la, tudo parece bem mais simples quando estou ao seu lado, eu não me sinto pressionado para ser quem minha mãe deseja que eu seja, eu não preciso me esforçar.
"Quero que você me conheça de verdade." Eu sussurro em seus lábios, Astrid abre um pequeno sorriso, minha mão vai para baixo da sua camiseta, os dedos passando pelas dobrinhas laterais da sua barriga, dou um sorrisinho diante sua boca, ignorando o fato que estamos sendo observados do outro lado do cômodo.
"Você é linda." Eu digo, me aprofundando em seu beijo, sua mão vai até minha nuca me puxando para mais perto, ela encosta a testa na minha, sua respiração circulando contra a minha. "Muito linda."
Astrid esfrega a ponta dos dedos em meus cachos, ela se levanta do meu colo e me leva para o seu quarto, fechando a porta, eu me sinto imensamente aliviado ao que estamos sozinhos, estou agradecido por ter alguém como ela por perto, como se fosse um milagre pronto para me salvar de qualquer coisa que eu tenha feito.
"Posso dormir com você?" Pergunto achando graça da sua cara assustada quando se vira para mim. "Ei." Ela joga uma almofada em mim, e eu a pego pronto para devolver o golpe, Astrid saltita rindo, jogando outra almofada na minha direção e eu desvio depressa, sorrindo com ela, tudo isso me faz pensar que nunca tive nada parecido, eu queria muito que ela soubesse que eu tentaria ser melhor por ela.
A noite chega quando menos espero, passamos o dia todo dentro da sua casa, eu não podia sair e passar despercebido pelo Texas, mas não era ruim com Astrid ao meu lado, ela me disse que faltava duas semanas para que voltasse as aulas, e estava ocupada escrevendo a sua matéria que até então ela me negava a dizer do que se tratava. Deitado na sua cama, o colchão não era muito macio e a madeira rangia quando eu me movia, tento fechar os olhos por alguns segundos apenas para esquecer dos problemas que vou ter que lidar com o amanhã. O amanhã é assustador, toda vez que penso nisso, fico pouco a vontade em saber que não poderá ser perfeito, nunca poderá, eu posso tentar ser melhor do que o dia anterior, mas o amanhã é só a parte mais assustadora da minha história, eu queria sobreviver sem ter medo de agir, queria ser alguém que pudesse fazer o melhor para todo mundo que me ama, e sinceramente o amanhã é só uma parte da minha história.
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TOMORROW| Timothée Chalamet
FanficAstrid Davis tem dezoito anos e está no seu último ano da faculdade de jornalismo, quando ela recebe uma nota ruim que pode faze-lá repetir seu semestre, ela precisa provar seu valor em uma nova matéria exclusiva, o momento perfeito chega na férias...