CHAPTER THIRTY TWO

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Astrid

  "Timothée." Nicole o chama e ele desperta de um transe nos meus braços se afastando bem devagar. "Posso conversar com a Srta. Davis?"

"Claro." Timothée diz, aperta meu braço e me dá um sorriso esperançoso deixando o corredor, Nicole se aproxima devagar, com as mãos nos bolsos da calça social.

"Eu entendo vocês." Ela inicia com um sorriso de lado. "Quanto você quer para ficar longe do meu Timothée?" Eu respiro fundo tentando manter a calma.

"Por que você acha que preciso de algo de você?" Nicole vira o rosto e solta um riso. 

"Não teria outro motivo para que você fosse tão imprudente em insistir com meu filho." Eu aperto minhas mãos em punho, me segurando para não causar nenhum acontecimento drástico. "Uma menina como você não poderia simplesmente querer amor."

  Tem algo sim, eu tenho em mãos.

"Se você não nos deixar em paz..." Eu suspiro devagar. "Vou publicar para o país inteiro que você não é a verdadeira mãe do Timothée." O sorriso dela se desmancha como água e seus lábios se apertam, ela fica mais vulnerável.

  Ela volta a rir.

"Você pensa que é uma grande jornalista não é?" Nicole cruza os braços e ergue o queixo. "É claro que isso faria você mais forte, mas não tem como provar."

"Tenho tudo tudo que preciso." Ameaço. Nicole suspira olhando para qualquer direção. "Tenho tudo que preciso para que você acredite em mim. Eu não sou quem você pensa."

    Ela suspira mais uma vez e se aproxima, seu rosto a centímetros do meu.

"Eu nunca vou deixar você estar com meu filho." Sibila lentamente, eu reviro os olhos e com um sorriso tento a provocar.

"Certo." Respondo tentando não perder minha segurança, Nicole não me assustava e não era capaz de me intimidar, eu iria lutar. "Pode ter certeza Nicole, que você ainda vai me ver muito."

  Esbarro em seu ombro para sair dali, escuto um choro, um engasgo abalado, eu me viro devagar olhando para Nicole com os joelhos no chão.

"Nicole?" Ela não se vira e eu me aproximo devagar, tocando seu ombro.

"Eu estou doente." Murmura com a cabeça abaixada. A ajudo se levantar, ela se encosta na parede abafando o choro com a mão. "O Timmy ainda não sabe, mas desde que ele soube que a Gentlyn é sua mãe, tudo isso..."

  Engulo em seco, como eu poderia acreditar nela de verdade? Essa mulher não é confiável.

"Vem comigo." Ela pede, eu a acompanho até uma sala pequena, Nicole pega alguns papéis em uma gaveta, e me entrega, parecem documentos do hospital central. "Eu tenho pouca esperança que..."

"Você está com um tumor no cérebro?" Pergunto, confusa analisando o raio x. "Isso..."

"Eu sei que você não entende." Ela pega os papéis da minha mão. "Mas não pode contar a ele sobre isso, desde que me entendo por gente, Timothée jamais conseguiria entender porque estou mentindo tanto. Porque estou fazendo isso por ele."

  Balanço a cabeça devagar, eu deveria entender o que ela está tentando fazer? Me afastar de Timothée para protegê-lo de que? Eu não sou uma ameaça, mas ela me vê como alguém infeliz em busca de aprovação e eu não estou querendo nada além de estar com ele.

   Eu quero sim uma reportagem, eu quero sim algo que me traga benefício na faculdade, mas não assim. Não em custo das pessoas que amo. Abro a porta da sala para sair e olho para as costas de Nicole, tudo isso me abalou um pouco, aqueles documentos pareciam simplesmente coisa de outro mundo.

   Eu esbarro em alguém, ao levantar a cabeça, vejo o Sr. Chalamet e dois ministros logo atrás dele. Ele segura meus ombros para me afastar.

"Você está bem?" Ele pergunta gentil. O que vi aqui, hoje, só me fazia pensar em Nicole, na família deles sendo destruídas se eu simplesmente abrisse a boca.

   Eu quero me afastar disso tudo, não é justo.

   Balanço a cabeça sem olhar nos olhos dele e corro pelo corredor até o salão, eu preciso encontrar Gentlyn.

    Eu queria que Gentlyn soubesse de tudo, mas eu não podia contar sobre nada, carregar esse fardo é exaustivo e assustador. Eu queria mesmo dizer tudo que me permitia. Queria me livrar desse fardo de estar em uma posição que não posso escolher, entre amar Timothée ou acabar com a sua família, Nicole tem razão, eu sou só uma garota que não entende nada disso, não entende o que essa família representa e porque Timothée não podia ser só um garoto normal, sem carregar esse peso de mentiras e dores que ele não pode superar sozinho, eu queria que ele pudesse ser só um menino nos meus braços. 

  Eu queria poder protegê-lo mas não sou capaz de fazer isso sem ajuda. Eu o amo tanto que não posso dizer isso em palavras, é o primeiro garoto que me causa tantos sentimentos do avesso. Timothée, eu quero ser sua âncora, mas eu não sou forte suficiente para aguentar toda essa pressão nas minhas costas, eu caio de joelhos na grama, com o rosto nas mãos, com as lágrimas caindo na minha pele.

   Ouço um disparo de um flash e ergo a cabeça depressa sendo abordada por uma porção de fotógrafos, eles se acumulam ao meu redor fazendo perguntas e perguntas que não consigo captar. São muitas pessoas falando ao mesmo tempo e eu tento correr, mas eles me param, empurrando para trás, eu caio no gramado, perdendo o sapato, ergo a saia do vestido para correr para longe, dando a volta pela casa, um dos seguranças me param, e olha para a pulseira no meu braço e me deixa entrar novamente.

"Astrid!" Escuto a voz de Gentlyn, ela me segura pelos meus ombros, e eu paro, a abraçando com força, encosto a testa no seu ombro desejando sumir para sempre. "Astrid, querida." Eu a aperto um pouco mais.

"Eu não aguento mais Gentlyn..." murmuro, chorando um pouco mais, Gentlyn me afasta e olha nos meus olhos, com o polegar secando as lágrimas caindo. "Eu não posso viver desse jeito, com medo."

"Eu sei querida." Ela sussurra, passando as mãos ao redor dos meus ombros. "Eu vou estar do seu lado."

"Eu sei." Encosto a testa no seu ombro, eu poderia fugir, mas não quero, eu disse que lutaria por ele, e que venceria todas essas mentiras, só não sei se sou capaz disso.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora