14 - Dias de cão

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Uma semana  antes.

Xeique

Estou olhando a moto do Renato descendo com um grande problema na garupa. Glória tem se tornado constante demais em meus pensamentos.

Logo o pessoal chega, sou tirado dos meus pensamentos,  entramos em casa.  — Qual a ordem do dia? Preciso repassar a todos. — Bode fala.

— Alerta total. Ninguém que não seja morador, sobe e também não desce. Avisa na rádio pra todos se recolherem, que estamos em alerta.

Convoco os meus homens.  O Sancho tem que ser muito estúpido para subir aqui. — Seus olheiros? — Pergunto a Sorte.

—Nenhuma novidade. Um fio fora do lugar e eu saberia. Mas volto a dizer,  Xeique, alguém aqui dentro da favela está passando informações ou eles não saberiam dela.

Mais cedo, quando recebi a ligação, um dos meus infiltrados disse ter visto o Sancho com uma foto da Glória. Foi a primeira vez que eu fico com alguém em público e aquele porco já quer usa-la para me atingir.

— Eu nunca fico com uma mulher em público, e quando decido assumir alguém, querem o que é meu. — Jogo um garrafa de whisky longe e todos me olham.

—  Então vai mesmo assumir a prima da Silvia, e a Russa nisso tudo? Sua situação com o pai dela? — Bode se aproxima de mim.

—Ela é minha, desde que eu a vi pela primeira vez. Ninguém toca em minha mulher. A Russa é um problema secundário. Depois me resolvo com ela.

— Pelo jeito, o Xeique foi abatido. — Sorte conclui.

Tenho que afasta-la daqui, e ela não volta, enquanto eu não tiver enfiado uma bala na testa daquele Colombiano, filho de uma puta.

— Mas e o Renato? Vai dar conta de mantê-la em segurança? Não seria melhor mandar mais homens com elas? — o Sorte pergunta.

Enquanto eu não souber quem é o cagueta, prefiro manter o paradeiro da Glória desconhecido do pessoal aqui do morro. O único que sabe, é o Bode, já que a mulher dele está indo também.

—Eu já tenho tudo organizado. Prefiro não falar sobre esse assunto, podem estar ouvindo. Agora vamos focar no problema do momento.

Colocamos nossos coletes e seguimos cada um para sua função. Eu e Bode vamos dar uma olhada na mata atrás do morro. Se for pra eles subirem, com certeza,  não será pelas portas da frente, usarão esse lugar.  

Conheço cada centímetro dessa região. Temos locais com armas escondidas em vários lugares. Ficamos em um dos nossos pontos e logo os porcos aparecem.

Os Colombianos são ótimos com o cultivo da coca, mas em ser silenciosos ao invadir a área alheia, péssimos, fazem muito barulho. Ouvimos seus passos e cochichos de longe.

—Mataremos cinco e deixaremos dois vivos. —  Falo com o Bode.

Minutos depois, estão abatidos e dois só com tiros para evitar fuga. Mando leva-los ao berçário e sigo de moto para outro ponto da favela.

Estou chegando em uma das bocas, quando ouço tiros. Tem homens dentro da favela. Como entraram aqui? Merda.

Logo tudo vira um caos. Outros pontos são atacados, meus homens estão bem abastecidos com armas e munição, e conhecem esse morro, como se fosse a porra das suas casas.

— Xeique. Homens atirando em três pontos. — Gordo me relata a situação pelo rádio.

— Mandem furar todos de bala. Estou preso entre dois tiroteios e não consigo chegar aí. Quem não for morador, é pra ser derrubado.

Sem Saída: Crime Organizado Onde histórias criam vida. Descubra agora