9 - Na fila do banheiro

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Glória

Hoje tem um grupo no baile e parece-me que todos ficam esperando o final de semana para se encontrarem e dançar. Estou indo para minha segunda semana aqui, e tenho essa mesma sensação.

Até parece as festas de rodeio que costuma acontecer na minha cidade. A gente fica morrendo de agonia esperando a data chegar e saber quais duplas sertanejas vão cantar. Coloca calça jeans, bota e chapéu pra ficar traiado. É uma delicia.

Mas, não vou para o rodeio e sim mais um baile funk e as meninas me ajudaram a me vestir para tal evento.

Coloquei outra saia curtíssima, agora da Tainá, eu ia de calça jeans,  mas ela quer implicar o Xeique, e um top,  basicamente seguindo as dicas dela e da Silvia.

Usei meu coturno. Queria ir de bota,  mas elas disseram que era baile funk e não festa country.

Me vestir para macho? Nunca. Apesar do orgulho ferido, ele que se exploda. Eu quero é me acabar na pista.

—Tia, as meninas vão dormir lá em casa, tá? — Tainá antecipa pra minha tia algo que não temos certeza. Eu mesma, não dormirei com o Xeique.

— Tudo bem. Vou pra casa do Juca. Se divirtam e vê se arruma um homem pra Glorinha. 23 anos virgem é tempo demais.

A tia jura que eu continuo virgem. Mas ela ainda está muito triste com o Renato, pra saber que a sobrinha transou com o dono do morro. Melhor não. Sem contar a Silvinha. É  desgosto demais.

Passo meu perfume e por algum motivo desconhecido, eu jogo um pouco nas nádegas. Sério, não sei o motivo. Mas já foi.

Vamos de mototáxi e mais um que com certeza verá minha calcinha. Chegamos no bailes e está lotado já que no sábado passado, foi mais controlado a entrada por causa dos gringos.

Assim que chegamos, está uma movimentação, logo chega o Xeique, Bodão, Sorte e Gordo com quatro mulheres. Tainá olha com ódio para Sorte, que levanta as mãos e, sinal de rendição e a agarra.

—Eu vou te matar, Marcos. O que você tem que andar com as meninas que vão ser dançarinas, hoje? — Ela tenta se soltar e ele beija seu pescoço. Rimos da situação.

Finjo não ver o Xeique, mas é impossível, já que eles estão vindo de frente. Alguns homens com armas circulando, o mesmo clima de sempre. Fico olhando na direção dos homens, enquanto eles entram.

Silvinha não parece muito feliz também, já que o Bode dela, estava com o braço em volta da cintura de uma das meninas. Ela não assume, mas também não larga.

Entramos e o pessoal está numa animação. Já aprendi um pouco a rebolar e vamos para o meio da galera. Tem muita gente, e me jogo no ritmo.

Danço durante um tempo. Aviso que vou banheiro e passo do lado da escada de acesso ao camarote. De longe eu o vejo num grupo cheio de mulheres, conversando.

Aparentemente ele não me vê, só sei que na fila do banheiro, que é imensa, assisto a uma mulher dando um tapa em uma menina que estava na frente dela.

—Sai da minha frente ou mando o Xeique tocar fogo no seu barraco, com você trancada dentro.

— Menos, Marcia, ser puta dele, não te dar o direito de bater em ninguém. — Outra menina diz.

Outra puta? Esse homem deve ter um harém, ou uma mulher em cada esquina, e eu toda triste pensando nele.

—Quem você pensa que é, pra falar assim comigo. — Ela fala com a garota, e as pessoas vão se juntando, atrapalhando que eu saia da confusão.

Sem Saída: Crime Organizado Onde histórias criam vida. Descubra agora