43 - Bom dia, querida

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Glória

Desde que vi a Marília pela primeira vez, eu sabia que alguma coisa estava fora do lugar.

Quando ela me tratou de forma ríspido na fazenda, me mandando usar o banheiro de funcionários e o jeito que olhou para o Tales na minha frente, sem disfarçar, não tive dúvidas.

Quero ver até onde vai essa história. O que o Tales fez durante nossa separação,  por mais que me doa, não foi traição, não posso cobrar nada, já que eu terminei tudo.

Mas se eles tiveram alguma coisa e ele está aceitando essa mulher conviver comigo e me deixando no escuro, é uma falha da parte dele. Isso eu não vou admitir.

— Oi amor. Bom dia. Estou indo.  Evite ficar muito longe da sede, tem seguranças espalhados, mas não quero ninguém tão próximo a você.

— Não exagera. Você é muito ciumento.

— Nunca neguei isso. Em se tratando de você, não tem negociação.

— Se eu for andar a cavalo? Alguém vai comigo?

— Prefiro que ande perto da casa, não se afaste muito. E não se esqueça de tomar suas vitaminas e comer direitinho. Vou deixar ordens pras funcionárias te manterem alimentada.

— Ah, isso já é exagero. Elas vão achar que sou criança.

— Elas não tem que achar nada, só fazer o que mando. Te alimentar na minha ausência.

— Você é muito grosso. Só fazer o que mando. — Imito sua voz.

— E grande também. Você nunca reclamou. — Fala e gargalha me dando uma mordida na bunda, em seguida.

— Babaca e prepotente, isso sim. —  Puxo seu corpo pra mim e começamosa nos beijar e acabamos num sexo delicioso.

Ele diz que precisa organixar uns carregamentos, mas é muito vago no assunto, então se arruma e sai, eu fico mais um pouco deitada e depois vou tomar café da manhã.

— Bom dia, Neusa, Maria. Tudo bem? E esse tanto de comida, é  pra quem?

— Seu Teles nos mandou ficar de olho em sua alimentação e não deixar faltar nada.

— Seu patrão é muito exagerado e chato, sabia. — Elas sorriem mas não falam nada.

Após um café da manhã perfeito,  resolvo dar uma volta na fazenda, só nos lugares delimitados pelo Tales.

Eu sei que se eu pisar um passo fora de onde ele acha seguro, ele ficará sabendo e terei que ouvir um sermão.

— Oi, tudo bem? — Chego a baia e vejo um homem cuidando da minha égua, que batizei de Estrela.

—Opa, bom dia, senhora. — Ele não olha em meu rosto e sei que deve ter recebido algum recado do meu noivo.

— Sabe me dizer em quanto tempo ela poderá ser montada?

— Ela já tem adestramento, mas ainda é meio arisca, talvez um mês e ela esteja no prumo.

— Que bom. Tenha um bom dia. Ele sorri e saio andando. De longe vejo um carro chegando, é o Roberto.

Ele, é sempre muito respeitoso, mas não trocamos mais que algumas palavras. Vou em sua direção,  ele parece ter trazido umas coisas para os animais.

— Bom dia, Roberto. Tudo bem?

— Bom dia, dona. Tudo sim e com a senhora?

— Bem. Obrigada por perguntar. Em, você é o irmão da Marília,  estou certa?

Sem Saída: Crime Organizado Onde histórias criam vida. Descubra agora