17 - No seu colo

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Glória

Levanto bem. Praticamente sem dor na nuca, o sol está lindo. Coloco um biquíni e uma canga enrolada na cintura. Vamos aproveitar aquela piscina gigante, né,  já que não tem nada pra fazer.

O Tales disse que iríamos para o Rio em três dias, mas teve um atraso em umas mercadorias e teremos que ficar aqui, mais uma semana, pelo menos.

A loira bonitona voltou de viagem, eu a vi chegando e conversando com o Xeique. Possivelmente sobre o que aconteceu ontem com o funcionário dela.

Ela e a comitiva estão enfiados com ele na sala de tv. Mais uma vez, o Tales foi super frio comigo, como sempre faz quando eles estão aqui. Não sei o porque de ele mudar tanto, mas não quis perguntar.

Estou pegando umas coisas pra levar pra piscina e ouço a risada dele, eu reconheço imediatamente, e a segunda é de uma mulher.

Eles estão na sala de tv. Sigo a risada e vou entrando, passo por uns dez homens, alguns dele e outros dela, que estão na sala e uma das mulheres, sentada numa poltrona. E lá estão os dois, ele sentado no sofá e ela praticamente em seu colo. Estão participando de uma vídeo chamada, com um homem.

Ele me vê e se levanta, vindo em minha direção. — Glória? O que está fazendo aqui?

— Nada, só confirmando se sua convidada está sendo bem tratadas. Pelo jeito, sim. Com licença, não quero atrapalhar. — As mulheres começam a falar numa língua impronunciável, me olhando sem entender nada.

Ele vem atrás de mim. Foi um golpe vê-los tão íntimos, depois do que tivemos. — Glória, estou falando com você.

— Vai pro inferno, Xeique. Você e essa cabelo de espiga de milho, que estava em seu colo. VÃO PRO INFERNO. Grito e saio da sala, indo para o quintal

— Glória, dá pra parar? — Ele me alcança. E todos os homens ficam nos olhando,  as mulheres, não as vejo.

— Era bom demais pra ser verdade. "Sou seu homem" você me disse isso há menos de sete horas atrás. Filho de uma égua estrupiada. Me fez acusações por causa de uma ligação para minha mãe, e agora tá aí se esfregando nessa franga de granja.

— Eu posso explicar. — Ele me segura mais forte, me fazendo parar.

— Ai que tá, eu não te pedi explicação. Volta para o seu pessoal. Eles estão te esperando. Você não me toca mais — Puxo meu braço.

— Não te toco, um caralho, deixa de ser cabeça dura. A gente vai conversar sim, e é agora. — Ele volta a me puxar pelo braço, rumo ao quarto.

— Você está me machucando. Solta meu braço. — Ele percebe que está colocando muita força e me solta imediatamente.

— Desculpa, não queria te machucar.

Baby, what’s the problem? (Qual o problema) A Russa chega até a porta e fica nos olhando com os braços cruzados.

—Vai lá, baby, cuidar da sua gringa. Não sei inglês, mas se ela te chama de baby, demonstra que vocês dois tem muita intimidade.

— Merda, Glória. Eu estava no meio de uma reunião importante. — Ele esfrega o rosto. Falq alguma coisa com a Russa,  que se afasta.

— Vai ser fuder, você, ela e essa reunião. Eu quero ir embora dessa merda de lugar. — Me viro saindo.

Sou agarrada pela cintura e jogada em seu ombro, como se fosse um saco de batata. — Que boca suja é essa, Goiana? Você não é assim. Dá um tapa em meu traseiro.

— Me solta, Xeique. Que merda, me solta. Aprendi com você, a xingara e a ser ruim também, posso te matar. — Fico esperneando e batendo em suas costas.

Sem Saída: Crime Organizado Onde histórias criam vida. Descubra agora