32 - Limbo

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Este capítulo pode conter cenas que causam desconforto para alguns leitores.

⚠️ Agressão física.

🟡 Tenham cautela.

🚫 Pode conter gatilhos.

Xeique

Fico olhando do alto de um morro, alguns barracos onde os homens do Sancho estavam, agora queimam com os corpos dentro — Falta muito pouco. —  Gordo se junta a mim.

—  Aquele porco mandou os homens, mas ele mesmo é um covarde. Em nenhum dos embates que tivemos, ele estava junto.

—  Ficou sabendo das novidades? — Gordo me pergunta e acende um cigarro.

— Sei sim, a Jennifer já foi localizada, a vadia tinha sido expulsa da favela, mas ela quem levou a proposta do Colombiano até o Carlão.

— E o pai do Renato? — Ele pergunta, me oferece o cigarro e dou um trago.

— O Bode quer se acertar com ele, pessoalmente. Vendeu a Silvia para o Carlão. — Devolvo o cigarro.

— O Renato não teve nada haver com isso, mesmo? Gordo pergunta desconfiado.

— Não, o moleque tá limpo. O pai usou o carinho do filho pelos irmãos. — Falo e olho em volta.

—  Eu mandava se ferrar, o pai, madrasta e os moleques. Por isso não me apego. É ter um ponto fraco, isso é cilada.

Fico olhando o Gordo falar e me lembro do meu grande ponto fraco. Glória se tornou tudo isso.  Feri-la, me atingirá em cheio.

Imagina-la passando por alguma situação por minha causa, seria catastrófico. Nem quero imaginar.

— Que horas vamos falar com o Bode? — Gordo me tira dos pensamentos.

— Já está na hora. Pega o rádio. Nada de falar com os russos que sobraram. Depois peça para abrirem uma vala e enterramos os nossos e seguimos pelas matas.

Sintonizo a linha segura e falo com o Bode. — Como estão as coisas aí?

Xeique, não tem jeito melhor pra te falar isso. — Sei que não vou gostar do que ele vai dizer. Estalo o pescoço e respiro fundo.

—  Manda, Bode. Oque não saiu conforme tínhamos combinado?

O Carlão pegou a Glória. — Tenho a sensação de ter levado um tiro no peito ou um soco no estômago. Balanço a cabeça. Minha boca fica seca. Não,  não,  não. Mas que porra.

— Não, você não pode estar falando sério. Bode, aquele merda não pode ter pego a minha mulher. Eu deixei cinco homens além do Renato tomando conta dela, três escondidos. Que porra você está me dizendo?

Ele fugiu, talvez tenhamos subestimado o cara.

— Ele estava sob sua responsabilidade. Era pra você ter tomando conta e tinha a obrigação de dar um fim naquele merda. Como ele chegou até ela?

Eles não esperavam que a Glória fosse com ele, de espontânea vontade. Eles nem viram quando eles saíram. O Renato quem falou com ele.

— Eu vou matar o Renato com minhas próprias mãos.

Talvez não seja necessário. Ele levou um tiro do Carlão e está muito mal no hospital. Pegamos mais quatro homens que estavam preparados para atacar a mim e o Sorte, mas já estão no inferno.

— Tem certeza que neutralizou todos os ratos aí? Preciso de mais homens. A minha mulher não pode chegar nas mãos do Sancho. Frete um avião, quero eles aquio mais rápido possível.

Sem Saída: Crime Organizado Onde histórias criam vida. Descubra agora