16 - Minha

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Xeique

A semana que estou passando com a Glória, só nós dois e sem interferência da tia, tem sido perfeita. Mesmo eu não podendo dar toda a atenção que ela mereça, eu tenho tentado ser presente.

É a primeira vez que me dedico a alguém, nunca vivi isso antes e quando resolvo dar vazão ao meu desejo, ele é todo direcionado para uma mulher que é completamente alheia ao mundo em que eu vivo.

O problema, para ela, é que não tenho nenhuma intenção de deixa-la ir embora. Eu não sei definir o que eu sinto pela Glória, mas jamais eu senti algo parecido por outra mulher.

Com todas as outras que me relacionei, era praticamente um negócio, eu querendo sexo, e elas dinheiro ou prestígio no morro.

A goiana foi diferente. Ela nem tinha ideia do que se passava em minha cabeça ou das atitudes que eu poderia ter com ela, simplesmente confiou.

Eu fiquei encantado, talvez essa seja a palavra. Vivo num mundo onde morrer e matar são situações tão comuns, que a gente se surpreende quando se depara com alguém bom.

O ciúmes que ela desperta em mim, o sentimento de posse, é quase doentio. E não espere uma relação comum, não sei ser assim, comedido.

Quando decidi que eu a queria como minha mulher, eu iria convence-la a me aceitar, outro homem com ela, estava fora de cogitação.

Ela me deu sua primeira vez e isso me deixou ferrado. A confiança, e talvez a ingenuidade de ter ido comigo e me presenteado com sua virgindade foi o ápice do meu encantamento.

Saber que o Vieira ficou olhando e a desejando, e ela deu atenção a ele, mesmo que por educação, teve seu preço, ele sentiu o peso da decisão de querer o que não podia. Ele sabe que não terá outra oportunidade.

Até rolou nossa primeira briga. Eu não quero falar sobre o Sancho com ela. Não vai ajudar em nada. Eu sei que essas não foram as férias que ela planejou, mas se esbarrou comigo, agora é seguir um novo roteiro.

Não tenho a intenção de enganá-la, mas ela não pode ficar sabendo dos meus planos. Eu não exitaria em usar ninguém para protegê-la. Glória é minha e saber que o Sancho sequer desejou toca-lá, me deixa doente.

Ela é petulante, talvez por não ter tanto convívio comigo ou não saber das barbaridades que eu já cometi, se sinta tão corajosa para me enfrentar.

Outras mulheres, como as do morro, que me conhecem, já teriam aceitado o que eu falo, sem questionar, mas a goiana foi corajosa, falou alto, colocou as mãos na cintura e pos banca, mesmo eu puto com sua atitude, não pude deixar de notar que ela não se flexiona com facilidade.

Após nossa reconciliação pela manhã, tive que deixá-la, para organizar um carregamento que chegaria por um pequeno porto em campos.

Estou a caminho do lugar com meus homens, quando um dos seguranças que estavam na casa, me liga. - O que houve?

- Xeique é a sua mulher, ela está machucada. -Meu sangue gela.

-Como assim, está machucada? Que porra você está falando? Me viro para o motorista e peço pra ele voltar.

- Um dos homens dos russo disse que a encontrou bisbilhotando o galpão e ela tentou sair, ele deu uma coronhada nela. Ela tá aqui, apagada.

- Como que ela estava dentro do galpão. Ele estava trancado. Eu tô chegando. Tira todos de perto dela.

Mas o que ela estava fazendo dentro do depósito. Como ela entrou lá sozinha? Eu vou dar um tiro no filho da mãe que ousou bater em minha mulher.

Chego e nem espero o carro parar direito e dou de cara com o Vieira carregando a Glória no colo. Ele está afim de ver o diabo, só pode. Eu a tomo de seus braços, sem esconder meu desagrado.

Sem Saída: Crime Organizado Onde histórias criam vida. Descubra agora