2 - A viagem de Glorinha

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Glorinha Me chamo Glória, mas todos me conhecem por Glorinha, estou prestes a completar 23 anos

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Glorinha
Me chamo Glória, mas todos me conhecem por Glorinha, estou prestes a completar 23 anos.

Sou Goiana do interior. Amo música sertaneja, dançar forró agaradinho e andar a cavalo. Minha cidade é muito pequena.

Só viajei dentro de Goiás mesmo,  Caldas Novas e Goiânia, ma vou fazer minha primeira viagem para outro estado. E sim, eu falo puxando o R. — PoRteira, poRta, poRtão e uai....

Vou visitar minha tia e primos no Rio de Janeiro. Estou com uma sensação boa dessa viagem.  Será que vou desencalhar de vez? Ou pelo menos, conhecer um carioca bem gato e gente boa?

— Mãe, será que a tia Telma não vai esquecer de me buscar na rodoviária, não? — Pergunto olhando pela milésima vez minha passagem e documentos. 

— Minha filha, fica calma, sua tia e primos estão ansiosos, te aguardando. Quando estiver chegando lá, manda uma mensagem ou liga e pronto. Falei com ela agorinha.

— O pai não ligou? — Pergunto mesmo sabendo a resposta. Minha mãe só nega com a cabeça e volta para a cozinha.

Meus pais se depararam, quando eu tinha 11 anos. Ele era meu herói, mas aos poucos foi se afastando, e como ele se casou novamente, e teve outros dois filhos, eu fui ficando de lado. Ele mora  a menos de 100km daqui. Mas se eu quiser ve- lo, tenho que ir até ele.

Com os anos, fomos nos afastando e basicamente nos falamos no Natal e no aniversário dele, porque eu ligo e vou visita-lo.  Fui lá no aniversário do meu irmão mais novo, tem cinco meses já.

Fico triste, mas quem perde é ele, eu teria amor para dar, mas não vou me rastejar. Meu padrasto supriu minha falta de pai, mas lá no fundo, eu sinto magoa, ele separou da minha mãe, mas não precisava se afastar de mim.

Minha tia Telma é a irmã mais nova da minha mãe, além dela, tinha meu tio, que infelizmente morreu de acidente de carro. Ela sempre foi muito legal comigo. 

Tia Telma era casada, e mudou pra lá tem nove anos, mas se separou também, ela tem dois filhos, o Renato e a Silvia.

Todo ano minha mãe me prometia que iríamos pra lá, mas sabe como é né. O dinheiro nunca sobrava e acabava eles vindo nos visitar.

Eu trabalhava num posto médico,   que infelizmente fechou e estou desempregada, vivendo do seguro desemprego.

Minha prima disse que era pra eu ir de avião. Meu padrasto também disse que sairia quase o mesmo valor, mas eu sou cagona e morro de medo de viajar de avião, nunca tive coragem e vou de ônibus, 28 horas na estrada. Tô com meu livro de romance pra ir passando o tempo.

Estou levando tanto coisa. Metade do bagageiro deve ser as encomendas da tia. São quatro caixas de isopor com queijo, requeijão, pamonha congelada, castanhas de baru, farinha, frangos e ovos caipira, palmito de guariroba, e pequi, uma fruta de cheiro forte e com muitos espinhos no caroço.

Sem Saída: Crime Organizado Onde histórias criam vida. Descubra agora