Meu ex - O tempo não para

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De portas fechadas os dois sentaram na cama, um ao lado do outro, o notbook aberto, mas os dois aproveitavam aquele momento em um beijo demorado que só foi interrompido por causa de uma batida na porta:

_ Jean, Gillian, posso entrar?

Ainda a rir o rapaz respondeu:

_ Pode mãe.

Fabíola carregava uma bandeja cheia de guloseimas, colocou na cômoda que ficava ao lado da cama, percebendo que o notbook estava aberto, mas desligado:

_ Vejo que a pesquisa de vocês tem avançado bastante, é sobre qual assunto mesmo?

_ O Gillian vai ter que pesquisar sobre jovens que morrem por causa de homo fobia mãe.

_ Esse é um assunto que me preocupa muito, vocês podem não imaginar como para nós pais esse assunto assusta. O medo de que alguém faça algum mau a um filho nosso, eu não gosto nem de imaginar.

_ Dona Fabíola, o que a senhora acha de dar um depoimento no final da pesquisa, a visão de uma mãe que o filho sofre bullyings na escola?

_ Boa idéia Gillian, o que acha mãe?

_ Acho que antes de falar do final, vocês primeiro terão que iniciá-la. Com o notbook desligado não conseguirão pesquisar nada, primeiro o estudo depois o namoro, hummm vocês dois pensam que me enganam.

Antes de fechar a porta ela virou-se novamente para eles:

_ Gillian, quando a pesquisa estiver terminada me procure, juízo vocês dois.

Assim que Fabíola deixou-os, os rapazes resolveram levar a sério a pesquisa, e a primeira palavra que escreveram na pesquisa foi homo fobia, resolvendo ver a definição:

Homo fobia:

A homo fobia pode ser definida como "uma aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceito que algumas pessoas nutrem contra os homossexuais, sejam lésbicas, bissexuais e transexuais ( também conhecidos como grupos LGBT)"

Os dois se olharam em silêncio, mas voltaram a focar na pesquisa, Jean recitava em voz alta ao abrir outra página:

A homo fobia pode ter causas culturais e religiosas e algumas etnias ou religiões assumem mais tendências homo fóbicas . Apesar disso, mesmo entre estes grupos existem aqueles que defendem e apóiam os direitos dos homossexuais. Ainda hoje, alguns países aplicam a pena de morte como condenação para quem é homossexual, como Irã, Afeganistão e Arábia Saudita.

A organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o dia 17 de maio como o Dia Internacional contra a Homo fobia (International Day Against Homophobia)

A data comemora a exclusão da homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre 1948 e 1990, a homossexualidade (Que era chamado de "homossexualismo") era considerada um transtorno mental.

Homo fobia no Brasil:

Pelos dados divulgados por órgãos de pesquisa e de proteção á população LGBT, o Brasil conta com um grande número de denúncias de crime de homo fobia.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, as violências contra homossexuais mais denunciadas são:

Atos de descriminação;

° Violência Física;
° Violência psicológica;
° Violência sexual

Os rapazes se aprofundaram na pesquisa, quanto mais liam sobre o assunto mais indignados ficavam com tamanho absurdo que aconteciam com jovens por causa da homo fobia, a pesquisa era rica para quem desejasse entender o assunto, dados alarmantes de agressão gratuita.

Pelos números publicados, o Brasil é um dos países que mais registra mortes de pessoas LGBT. São Paulo, Bahia e Pará são os estados com o maior número de ocorrências.
Dados publicados Grupo Gay da Bahia, uma instituição de proteção aos direitos dos homossexuais, informam que o Brasil tem em média 550 mortes de homossexuais por ano.

Interessado no assunto os dois passaram a tarde pesquisando e já estava anoitecendo quando Fabíola bateu na porta:

_ Jean, já está anoitecendo, vocês não acham melhor terminar a pesquisa amanhã. Venha comer alguma coisa, saco vazio não para em pé, o seu pai já chegou e quer conhecer o Gillian.

Gillian cochichou no ouvido de Jean:

_ Vamos enfrentar a fera.

Assim que saíram do quarto, Marcelo não esperou nem que os dois se sentassem e já foi logo dizendo:

_ Então, você é o famoso capitão do time de futebol, seu nome é Gillian, certo?

_ Sim, é Gillian

O homem lhe estendeu a mão em um aperto firme:

_ A Fabíola falou que vocês estavam pesquisando sobre um assunto para a escola?

_ Sim pai, o Gillian terá que pesquisar sobre homo fobia para apresentar a escola.

_ E a pesquisa tem que ser feita as portas fechadas, no seu quarto?

_ Pai!

_ Estou brincando rapaz, precisava ver a sua cara de assustado.

_ Não dê importância para o Marcelo, Gillian, ele gosta de fazer essas brincadeiras, logo você se acostuma com o jeito dele.

_ Falando assim vai assustar mesmo o rapaz Fabíola.

_ Ou ele terá que se acostumar comigo dona Fabíola, por que pretendo estar com o Jean o bastante para que isso aconteça.

Fabíola olhou para o marido que avaliava a ousadia de Gillian em silêncio, depois de alguns minutos disse:

_ De uma coisa não podemos falar que o seu namorado não tenha Jean, determinação e ousadia, eu gosto disso rapaz.

Em menos de dez minutos Marcelo e Gillian já conversavam de igual para igual como se fossem velhos amigos, o rapaz só se ressentia por saber que com o seu pai a reciprocidade não seria a mesma em relação a Jean.
Na hora de ir embora os pais de Jean insistiram em levá-lo de carro, ainda que sua casa não fosse tão distante, ele aceitou a carona pois assim ficaria mais tempo ao lado de Jean, quando estacionou na frente da residência de Gillian, Marcelo olhou para trás o surpreendendo:

_ Gillian, a Fabíola me falou que seus pais não aceitaram muito bem o seu namoro com o Jean.

_ Não é nada específico com o Jean, seu Marcelo, acontece que meus pais, na verdade é mais o meu pai que não aceita, minha mãe está mais propícia a ver o meu namoro com o Jean com bons olhos.

_ Gillian, não condene seus pais de imediato por não entenderem, é difícil mesmo, eu mesmo tive muita dificuldade no início, mas eu amo meu filho e sei que se ele ficasse com uma menina para me agradar, isso faria com que ele fosse infeliz.

Ele bagunçou o cabelo de Jean com as mãos:

_ Eu só quero ver esse rapaz feliz. Vai ver com o tempo seus pais também irão aceitar.

Concordando com as palavras do homem, Gillian deu um beijo em Jean antes de sair do carro, se despediu de dona Fabíola que sorriu e apertou novamente a mão de Marcelo:

_ Eu espero que meus pais pensem como vocês rápido, obrigado por entender seu filho tão bem e respeitarem os sentimentos dele.

Ele dizia isso para Marcelo, mas o olhar procurava os de Jean.