Jean se sentiu em plena adolescência tendo que ser questionado por sua mãe, isso fez com que ele sorrisse corando a face instantaneamente:
_ Eu... Bem, eu não conseguia dormir, e acabei saindo para dar uma volta.
_ Uma volta sei, Jean você é maior de idade, não precisa nos dar satisfação do que anda fazendo, porém, sou a sua mãe e tenho que te alertar para tomar cuidado com esses aplicativos, você não sabe quem encontrará ao marcar esses encontros noturnos.
_ Aplicativo mãe... Acha que marquei um encontro com alguém por aplicativo... Não.
_ Não? _ Então quem foi que acabou de te deixar ai na frente de carro?
_ Mãe, não é nada disso que está imaginando, eu apenas quis espairecer um pouco.
_ Espairecer de madrugada, sair sem dizer nada a ninguém?
_ Você e o papai já estavam dormindo, e não iria querer que eu batesse na porta não é?
_ Jean eu te conheço tão bem para saber que está me escondendo algo, só quero que saiba que estarei aqui quando se sentir pronto para contar.
_ Obrigado mãe por sempre confiar em mim. Quando estiver acontecendo algo concreto, saiba que serão os primeiros, a saber, sobre tudo o que acontece comigo.
Beijando o rosto de sua mãe, foi ao quarto de Gillian que sorriu ao vê-lo:
_ Papai.
_ Estou aqui Gillian.
Jean aproveitou o dia com Gillian, levou-o para passear, brincou com ele na praça, visitou alguns amigos entre eles Stephanny que o submeteu a um interrogatório sobre como andava o seu relacionamento com Beto, e só retornou para a casa á noite, na manhã seguinte foi cedo ao hospital e depois de uma longa conversa com o diretor ficou acertado que começaria a trabalhar por lá na semana seguinte.
Ele aproveitou os dias que tinha ainda livres para procurar uma escola para matricular Gillian e assim ele ficaria o período integral na escola e Amélia o buscaria apenas no período da tarde.
No primeiro dia de aula do menino, Jean o levou, mas Beto fez questão de participar desse momento e no horário marcado ele estava lá na frente do portão da escola.
Eles não chegaram juntos para não levantar suspeitas dos outros pais, então aparentemente o encontro foi "coincidência".
Gillian o abraçou assim que o viu, era incrível como o menino gostava dele, e que esse sentimento era recíproco, Jean sorriu ao ouvi-lo:
_ E aí garotão, preparado para enfrentar o primeiro dia de aula?
_ Sim, aqui tem um monte de brinquedo, o papai disse que vou ter um monte de amiguinho para brincar.
_ O papai Jean tem razão, tem um monte de guris assim desse tamanhinho querendo brincar com você. Você não vai chorar não é?
_ Eu não, eu sou um homenzinho, tio Beto, já sou grande tá vendo.
Na hora de entrar, Gillian todo corajoso entrou na escola, mas ao ver que Jean e Beto ficaram para trás, olhou-os com os olhos cheio d'água:
_ Não pode chorar né papai?
Beto olhou para Jean e deu risada reparando que estava enxugando o rosto molhado com as lágrimas que corria por sua face:
_ É filho, não pode chorar.
Do portão da escola os dois se separaram para não chamar a atenção.
Os dias se passaram e os meses chegaram, e tudo continuava igual, os encontros furtivos, as cobranças de Beto, e a insegurança de Jean.
Uma quarta-feira, após ter saído do hospital e ter ido direto para a casa de Beto, saindo de lá de madrugada onde todos achavam que ele se encontrava no hospital cobrindo o plantão da noite, seus pais esperavam ele acordar e como estavam apenas os três Marcelo puxou o assunto:
_ Jean... Você tem algo a nos contar filho?
_ Não pai, por que está perguntando isso?
_ Ontem por acaso você deixou o plantão cedo?
_ Fiz o horário normal.
_ Eu falei que não era ele.
Fabíola virou para Marcelo convencida:
_ Vocês dois podem me explicar o que está acontecendo?
_ Seu pai foi ao barbeiro hoje logo de manhã, e parece que viram alguém parecido com você saindo essa madrugada da casa do Beto. Eu disse ao seu pai que você estava no hospital.
Jean só percebeu que estava prendendo o ar quando a lufada saiu acelerada, não tinha mais como esconder que há exatos três meses estava saindo com Beto. Ele sorriu meio sem jeito para seu pai:
_ Pai, mãe...
_ Esquece isso filho, foi besteira nossa, você lá no hospital a trabalho, e nós cogitando que você estava com o Beto.
Toda a coragem do minuto anterior se desfez com a fala de seu pai, resolvido de que teria que resolver aquela situação de uma vez por todas, disso convicto:
_ Eu irei dar uma saída hoje, será que podem preparar um jantar para algumas pessoas?
_ Algumas pessoas quem Jean?
_ A dona Solange e o seu Alberto, talvez a Gláucia e os meninos.
_ Não tem problema nenhum, posso fazer o jantar, mas por que isso assim do nada?
_ Eu preciso contar algo a todos vocês. Eu vou à casa da dona Solange agora convidá-la.
Jean sorriu para os pais, saindo porta a fora, mas o sentido que tomava era a casa de Beto, tocou a campainha e quando ele atendeu Jean se surpreendeu com a presença de um rapaz por lá:
_ Jean... Eu não estava te esperando.
_ Eu vim aqui te fazer um convite, mas parece que você está ocupado.
Beto olhou de um a outro e forçou um sorriso:
_ Deixa que eu os apresente, este é o Jean, Jean esse é o Muriel.
_ Muriel...?
Jean imediatamente encheu os olhos de lágrimas, sentindo sua confiança ruírem, Beto estava ali com o seu ex amante, sem dizer nada ele virou-se para sair Beto o alcançou já praticamente no portão e o impediu:
_ Jean...
_ Você não me contou que mantinha contato com ele.
_ Você confia tão pouco em mim assim Jean, eu não mantinha nenhum tipo de contato com ele, mas ele apareceu aqui, eu disse que ele não podia ficar, mas ele pediu para tomar um banho e comer alguma coisa, disse que depois ele iria embora sem problema, e ai você chegou.
_ Ele não está com cara de quem quer ir embora. Se ele veio atrás de você, acha mesmo que vai embora assim só por que você pediu, acha que vai abrir mão de você assim tão fácil?
_ Eu não posso responder por ele Jean, mas posso responder por mim, e eu não quero abrir mão do que eu e você estamos construindo juntos, a minha história com o Muriel acabou.
_ E o que exatamente ele ainda está fazendo aqui?
_ Você não é o dono dessa casa ainda por que não quis Jean. Você ainda não entendeu, entra e sai da minha vida somente quem você quiser.
Mais calmo com as falas de Beto, Jean retornou para dentro da casa e sentou-se de frente para o rapaz que cerrou o olhar:
_ Então você é o motivo pelo qual o Beto não me quer na casa dele?
_ É exatamente isso, você pode tomar banho, comer o que quiser, mas depois seguir o seu caminho. O Beto e eu estamos juntos e não queremos nenhum fantasma do passado entre nós.
_ É isso mesmo Beto, vai deixar esse rapaz ditar com quem pode ou não falar?
_ Muriel, segue seu caminho, eu errei em me envolver com você enquanto estava com a Graziella, por causa disso eu trouxe muito sofrimento a ela e a mim, perdi o meu filho, mas a vida me restituiu trazendo o Jean e um garotinho lindo, e eu não permitirei que estrague tudo dessa vez, eu amo o Jean, amo o Gillian como meu filho, então eu te peço para ir embora, encontre alguém que te ama que irá querer construir uma vida com você, essa pessoa não sou eu.
_ Está bem, se é assim que quer, assim será, mas quando esse seu romancezinho não der certo, não adianta me procurar, eu não volto atrás Beto.
Raivoso Muriel pegou as duas malas que havia trazido e uma mochila que colocou nas costas e saiu batendo a porta.
Jean sorriu e questionou Beto:
_ O que disse a ele é verdade?
_ Tudo o que eu disse a ele é verdade.
_ Beto... Você disse a ele que me ama que ama o Gillian.
_ E você Jean, me ama como eu o amo, será que está preparado para deixar os fantasmas do passado para trás?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu ex - O tempo não para
RomanceExiste pequenos fragmentos em nós que muitas vezes queremos deixar escondidinho em uma caixa chamada esquecimento, mas nem sempre o que queremos de fato acontece e as lembranças teimam em nos atormentar. O passado vem como uma enxurrada de inquieta...