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Jean definitivamente conseguia entender a decepção que presenciou no rosto de Beto embora ele concordasse com um mover de cabeça. Eles não eram nenhum adolescente para manter um romance proibido, ao contrário eram dois homens maduros com suas feridas ainda abertas que precisava ser cicatrizada.

Supostamente aceitando a decisão de Jean a expressão no rosto de Beto assumiu um sorriso forçado:

_ Então está tudo certo, eu presumo que você saiba o que é melhor para você.

_ Não faz assim Beto. Vamos simplesmente deixar acontecer.

_ Se esse é o seu desejo, está bem, mas eu quero deixar claro, que eu quero algo sério com você Jean.

Antes de findar aquela conversa, Jean se entregou a mais um beijo que foi interrompido com o barulho de ranger da porta, Jean puxou suas roupas cobrindo o próprio corpo e Beto sorriu adiantando seus passos até o garotinho:

_ Não acredito que você acordou garoto, quer um chocolate quente?

Gillian concordou e Beto o levou a cozinha para que Jean se vestisse, não demorou em que Jean juntasse aos dois, Gillian tomava o seu chocolate e Beto sugeriu:

_ Que tal um lanche, acho que todos nós merecemos?

Em concordância unânime Beto começou a retirar os frios da geladeira e pegar o pão de forma do armário:

_ Quer ajuda?

_ Nem pensar, pode ficando ai sentadinho que eu irei servir aos dois.

Jean sorriu, observando Beto preparar o lanche. Ele pegou um pão colocou maionese, queijo, presunto, tomate, alface e um molho verde de alho batido no liquidificador, depois de pronto colocou em um pratinho de frente á Gillian que deu uma farta mordida no pão:

_ Que gostoso tio.

_ O cheiro está mesmo muito bom, posso experimentar?

_ Claro.

Enquanto se virava para pegar uma colher, Jean já havia besuntado o dedo com o molho, estava pronto a conduzir o dedo a boca quando Beto mais rápido segurou-o pelo pulso, surpreso Jean o olhou fixamente quando ele levou o seu dedo a própria boca desfrutando de todo o sabor, ficou claro que Jean se abalou com aquela atitude, pois imediatamente olhou para Gillian que comia seu lanche sem se importar com o que acontecia a sua volta, então rapidamente Jean selou os lábios de Beto:

_ Está realmente delicioso. Vamos Jean experimente.

Um sorriso franco se desenhou no rosto de Beto, e ele entregou a colher para Jean, e continuava a preparar os outros lanches. Após experimentar a iguaria Jean teve que concordar:

_ Que homem prendado, mas eu já imaginava que estava muito bom, o gosto do Gillian é bastante exigente, e se ele confirmou que estava bom eu acreditei.

_ Gosto exigente hein... Vou ter que ver umas receitas na internet para sempre agradar. Assim ele sempre vai querer comer aqui.

Alheio aquele assunto Gillian olhou para Beto pedindo:

_ Tio quero mais um.

Os dois homens trocaram uma risada, e Beto entregou o que estava preparando para Gillian e ao entregá-lo solicitou:

_ Será que posso ganhar um beijinho desse garotinho hum?

Gillian não apenas deu um beijo como deu também um abraço bem apertado em Beto, e voltou a mordiscar o sanduíche, o rapaz terminou de preparar os outros dois sanduíches, serviu um para Jean e levou o outro com ele para perto de Jean sentando com a cadeira próxima a que ele sentara:

_ Parabéns, seu filho é muito lindo e educado, é uma criança adorável.

_ É engraçado que ele se adaptou tão rapidamente aqui, que eu acho que se voltasse para os EUA, ele sentiria falta desse lugar.

_ É como você falou, crianças se adaptam mais fácil.

_ Também isso, mas acho que é por que aqui ele se sente em família. Lá era só eu e a Amélia.

_ Amélia?

_ É a babá dele, ela veio conosco, é uma senhora sozinha, não tem família, então desde quando começou a cuidar do Gillian o trata como um neto, ela não hesitou por um minuto sequer em vir conosco ao Brasil.

Por baixo da mesa Beto segurou a mão de Jean, entrelaçando seus dedos:

_ Ele é um garoto de muita sorte em ter o seu carinho e devoção, de longe se percebe que você é louco por esse garoto.

_ Ele é o grande culpado disso, desde que chegou à minha vida me deu tanto amor que eu não consigo me imaginar viver sem ele.

_ Então basta te amar para obter o seu carinho?

A pergunta pegou Jean desprevenido e ele quase engasgou, olhando para Beto de sobressalto:

_ Que tipo de pergunta é essa?

_ O tipo de pergunta de alguém que se interessa em saber a resposta.

_ Isso seria o começo.

A resposta pareceu agradar a Beto que sorriu a acariciar o rosto dele levemente:

_ Se você quiser qualquer dia desses podemos levá-lo em um parque que fica aqui perto, ele vai gostar bastante.

_ Beto, Beto, estou achando que está querendo conquistar meu filho, acha que assim cairei de amores por você?

_ Funcionaria?

Jean não conseguiu evitar, inclinou-se para frente e beijou-o docemente:

_ Você não ousaria usar uma criança para seus intentos mal intencionados.

_ E quem disse que são maus intencionados?

Ele encolheu os ombros a sorrir:

_ As minhas intenções com o senhor só eu as conheço, porém as minhas intenções requerem uma participação especial sua.

_ É mesmo?

_ Sim, é essencial que tenha uma participação sua sumariamente.

_ Sei, sei, mas agora precisamos ir, o dia já amanheceu, meus pais devem imaginar que estou na casa da Stephanny, tenho que chegar em casa, antes que eles resolvam ligar para ela.

_ Mas ainda são 06h, precisa mesmo ir agora, é tão cedo ainda?

_ É preciso, você não vai querer que ninguém me veja saindo da sua casa logo ao amanhecer.

_ É você que quer manter esse segredo.

_ Já conversamos a respeito Beto, achei que tivesse entendido?

_ Eu entendi os seus motivos, mas isso não significa que eu concorde com eles. Mas por enquanto não posso fazer nada além de esperar, você está indo para sua casa agora, e como fazemos quando nos encontrarmos por acaso na rua, fingimos que não nos conhecemos ou nos cumprimentamos como dois desconhecidos, para mim isso ainda está bem confuso.

_ Vamos nos cumprimentar como duas pessoas civilizadas Beto, como dois amigos que se encontram.

_ Entendi, e quando é que podemos nos encontrar como duas pessoas que sentem a necessidade de estar juntos?

_ Encontraremos um jeito.

_ Tá bem Jean, iremos fazer do seu jeito, posso pelo menos levar os dois á frente da casa de seus pais?

_ Pode, claro que pode.

Jean sorriu para Gillian:

_ Então filho, vamos para casa dos vovôs, eles estão nos esperando lá.

_ O tio Beto também vai papai?

_ Outro dia ele vai, hoje ele só vai até o portão.

_ Mas outro dia vamos passear nós três em um parque muito legal, você, o papai e eu, o que você acha, acha legal?

O menino balançou a cabeça energicamente:

_ Obrigado Beto pela noite perfeita.

_ Eu quem agradeço.

Beto afivelou o cinto de segurança em Gillian no banco de trás e ocupou o seu lugar, segurou a mão de Jean que estava ao seu lado e levou aos lábios onde depositou um beijo:

_ Só dizer o caminho.

Jean lhe dava a direção e por fim chegaram a sua residência, contudo assim que chegou Beto sorriu:

_ Não acredito, você é filho do Marcelo?

_ Sim, ele é o meu pai, você o conhece?

_ Ele é um grande amigo. Inclusive seus pais sempre me falaram de você, eu só não imaginei que nosso encontro fosse ser assim tão intenso, já adianto para não se surpreender se acaso eu aparecer na sua casa coincidentemente.

_ Pura coincidência?

_ Não é rotineiro, mas já vim conversar com o seu pai, e é melhor não se surpreender se me encontrar aqui.

Ao entrar em casa após se despedi de Beto, Jean sorria sozinho como um adolescente bobo que é pego fazendo algo de errado. 

Meu ex - O tempo não paraOnde histórias criam vida. Descubra agora