Ao atravessar o saguão, Gillian passou por uma sala cheia de aparelhos, havia algumas cadeiras de rodas, andadores, uma esteira com cintos, uma maca inclinável, algumas pessoas ali se exercitava com o auxílio de um enfermeiro.
Em outra sala, havia várias pessoas em cadeira de rodas, e os que estavam sem ela, ou estava de muletas, ou arrastava a perna.
_ Mãe, tem certeza de que é esse o hospital, eu não acredito que um murro na cara, faça alguém ficar em cadeira de rodas.
_ Tenha mais respeito Gillian.
Gillian se calou quando chegou à sala indicada, Solange sentou-se e ele sentou ao seu lado. Dez minutos depois um rapaz sentou de frente a Gillian puxando assunto:
_ Também veio fazer a ressonância?
_ Ressonância?
_ Sim, o exame, ressonância magnética.
_ E para que serve essa coisa aí?
Antes mesmo que ele respondesse, Gillian foi chamado pelo médico.
Sua mãe entrou junto com ele, o doutor olhou o prontuário:
_ Estou olhando aqui no seu prontuário que é o primeiro exame que será submetido Gillian.
_ Sim.
_ Hoje você fará a ressonância magnética, e caso precise começaremos com os corticóide?
_E o que é corticóide?
_ Os corticóide são uma classe de medicamentos anti-inflamatórios e imunossupressores, ou seja, são usados principalmente para suprimir os mecanismos de defesa do nosso corpo em casos de transplantes ou enxertos, por exemplo.
Ressabiado Gillian novamente o questionou:
_ Porque terei que tomar esse medicamento que pelo que sei é como uma droga que vicia, se não fiz nenhum transplante e muito menos enxertei nada em mim?
_ Não vamos pular etapas Gillian, primeiro vamos fazer a ressonância e quando tivermos os resultados nas mãos, aí o seu médico lhe explicará todos os procedimentos. Antes de ir para a sala, iremos fazer um exercício básico com você, tudo bem?
_ Tenho alguma escolha?
_ É importante fazer.
Estava claro que Gillian não tinha escolha, então não falou mais nada:
_ Não se preocupe, é um exercício fácil, só quero que você junte os seus dedos com o polegar, um á um.
_ É só isso, que baboseira é essa?
Ele começou a juntar o dedo mínimo com o polegar, o indicador juntou com dificuldade, e os demais dedos ele não conseguiu juntar, com a mão direita nem mesmo o indicador conseguiu mover.
Dona Solange, estava com os olhos fixos nos movimentos de Gillian e analisando a expressão do doutor:
_ Muito bem Gillian, me diz uma coisa, você tem sentido algo diferente em seu corpo, como cãibras, formigamento, sensibilidade neutra nas mãos e pernas, falta de ar, ou dificuldade para engolir?
Relutante o rapaz não respondia de imediato, então Solange tomou a iniciativa:
_ Teve uma vez que ele teve um refluxo doutor.
_ Foi apenas uma vez?
Gillian cruzou os braços, indiferente ao que o doutor perguntava:
_ Sim doutor, foi apenas uma vez que eu saiba.
_ E os outros sintomas?
_ A mão dele.
Ela olhou para o filho que continuava carrancudo:
_ Vou encaminhá-lo para o exame imediatamente.
Depois de anotar suas anotações no prontuário chamou um dos enfermeiros e o instruiu:
_ Leve-o para o exame, faça um eletrocardiograma e depois o leve para realizar a ressonância magnética.
Seguindo pelo saguão rumo à sala que faria o exame, murmurou com dona Solange:
_ Então é isso, vou me tornar um rato de laboratório?
_ Gillian, o momento não é para brincadeira, faz o favor.
Preparado para a ressonância, Gillian recebia as últimas instruções:
_ Gillian, se tiver algo metálico no bolso, por favor, coloque aqui nessa bandeja, moedas, chaves, qualquer coisa, a máquina tem uma alta voltagem magnética e esse material pode atrapalhar o exame. Você está em jejum?
_ Sim.
_ Vista esse avental naquele banheiro ali.
Voltando para a sala, Gillian recebeu as últimas instruções:
_ Você irá deitar aqui, e quando o exame começar procure não se mexer, a máquina detecta cada movimento e isso pode alterar as imagens.
O assistente de saúde o posicionou deitado, os braços cada um do lado de seu corpo, a mesa foi avançando para o túnel, a radiação emitia as imagens em alta definição e vinte minutos depois o exame acabou.
Gillian e Solange retornaram a sala do doutor que analisava as imagens pelo computador, ele deu um longo suspiro:
_ Muito bem Gillian, o resultado ficará pronto de 3 á 7 dias.
O rapaz deixou o consultório em silêncio, já dona Solange estendeu a mão ao doutor:
_ Muito obrigada doutor, desculpa o meu filho.
_ Eu entendo, não deve ser fácil aos dezoito anos ter que passar por tudo isso.
Já no carro, rumo a sua casa, Gillian silenciara, chegara a fechar os olhos simulando que estava dormindo, mas Solange sabia que não, contudo também não o perturbou.
Somente quando ela abriu a porta que entrou com a voz meio arrastada ele pediu:
_ Mãe... Não conte nada disso ao Jean, ele é muito preocupado e não há necessidade, eu não tenho nada, esses médicos que estão querendo arrumar doença onde não tem.
_ Gillian, eu preciso saber, todos aqueles sintomas que o doutor falou, alguns deles você já sentiu?
Sim Gillian já havia sentido, e isso o assustava, mas não adiantaria nada falar para sua mãe, isso só iria encher de caraminhola e ela ficaria no seu pé ainda mais:
_ Não!
_ Filho não minta para mim. Eu estou preocupada.
_ Não fique, eu estou bem.
Ele se aproximou, deu um beijo em sua testa e se fechou em seu quarto, as imagens daquela moça voltando a respirar com o tubo de oxigenação não o abandonou a tarde toda, só conseguiu esquecê-la quando Jean apareceu.
Os dois ficaram deitados na cama:
_ Como foi o exame, eu queria ter ido com você, mas tive um trabalho importante para entregar na faculdade.
_ Não se preocupe, não foi nada demais, foi coisa simples.
_ O que foi que o médico disse?
_ Nada... Eu fiz o exame e depois ele disse que o resultado sairia de 3 à 7 dias.
_ Então não deve ser nada sério, ou os médicos teriam falado certo?
_ Não, não é nada sério. Não vamos mais falar sobre isso, vamos aproveitar que estamos juntos.
Jean concordou aproximando os lábios dos dele em um beijo lento e demorado, suas línguas serpenteava em suas bocas e quando se separaram Gillian o surpreendeu:
_ Vamos ficar noivos?
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Meu ex - O tempo não para
RomanceExiste pequenos fragmentos em nós que muitas vezes queremos deixar escondidinho em uma caixa chamada esquecimento, mas nem sempre o que queremos de fato acontece e as lembranças teimam em nos atormentar. O passado vem como uma enxurrada de inquieta...