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Uma onda de calor dominou Jean enquanto ele se refugiava nos braços de Beto, o fluxo febril fazia toda a sua sensualidade reprimida se expandi de forma submissa aquele desejo, que parecia também dominar Beto da mesma forma.

Todo o seu corpo afogueava estimulado por aquele beijo oferecido em uma concordância que estava acima de sua vontade, os dois se arrastavam até a cama já arrancando suas roupas pelo meio do caminho, Beto com o rosto afundado na curva do pescoço de Jean saboreava o gosto de sua pele, sua sanidade se tornava inexistente e todos os poros de seu corpo respondia aquele fumegante desejo, era incrível como podia render-se se entregando por inteiro naquele braços fortes.
O paradoxo de erotismo e inocência o absorvia em uma sensação de prazer quando Beto o tornava seu novamente.
Suas costas arquearam de encontro ao corpo de Beto, quando de costas para ele ajoelhado sobre aquela cama sentia a mordida no lóbulo de sua orelha, Jean se ajeitou de forma a facilitar a penetração, o mover de seus corpos guiando por caminhos totalmente eloquente, os beijos se misturavam aos murmúrios clamorosos e por fim, atingido pelo clímax máximo sentia seu corpo pulsar em um denso gozo.

Após os dois ficaram ali, deitados, abraçados, até a normalização de suas respirações, Jean novamente beijava os lábios de Beto, sentindo-se incapaz de abandonar aqueles braços que o envolvia, mas tinha que chegar em casa antes que seus pais desse por sua falta:

_ Eu preciso ir.

_ Não Jean, fica aqui comigo vai.

_ Beto, eu sai sem avisar ninguém, se meus pais acordam e não me encontram vão ficar preocupados.

_ Você poderia ligar para eles e avisar que está aqui comigo.

_ Você sabe que não posso fazer isso.

_ Você pode se quiser.

Jean respirou fundo tentando mudar de assunto:

_ Você é tão lindo.

_ É impressão a minha ou você quer desviar o assunto?

_ Eu prometo resolver essa história logo, mas não me pressione Beto, estou com um conflito muito forte ainda dentro de mim.

_ Conflito...? _ Conflito com o que?

_ Eu me sinto traindo o Gillian.

_ Ah Jean.

Beto meneou a cabeça, sentando na beira da cama de costas para Jean:

_ Beto não faz isso.

_ Acha que não vale a pena, tudo o que estamos prestes a viver não vale a pena?

Jean aproximou beijando seu rosto:

_ Claro que vale, Beto, você é muito mais do que eu imaginei encontrar um dia na minha vida.

_ Então por que a dúvida?

_ Você nunca vai entender. O Gillian foi o grande amor da minha vida, perdê-lo foi como perder meu chão, algo dentro de mim morreu junto com ele, de repente você chega e ressuscita o que para mim estava morto.

_ Eu sempre estarei em desvantagem então?

_ Não, não está.

_ Tem certeza Jean, eu vou sempre ter que disputar você com o Gillian, isso é injusto comigo, é muito difícil disputar com uma pessoa morta.

Jean levantou-se pegando sua cueca do chão colocando-a:

_ Eu sinto muito. Não queria que se sentisse assim.

_ Eu também não queria me sentir assim, não é nada fácil.

_ Desculpa ter vindo aqui atrás de você, eu me controlarei da próxima vez.

_ Jean, você não tem esse direito, você não pode vir aqui, fazer amor comigo e depois invalidar o que fizemos.

_ Não estou invalidando nada, mas não quero te fazer sentir diminuído pelo fato de ainda amar o Gillian.

_ Esse amor nunca vai acabar Jean, e eu não tenho a pretensão de que eu consiga fazer você esquecer o Gillian, porém, eu queria mesmo que um pouco desse amor que dedica a ele, fosse direcionada a mim.

Jean ficou calado, mordendo o lábio inferior, abraçando o próprio corpo:

_ Para mim, isso é muito pior por que estou mesmo gostando de você Jean. Você é uma pessoa apaixonante, seus beijos, seus toques, tudo em você me faz desejar algo a mais, contudo a impressão que eu tenho é que é um sentimento unilateral.

_ Não é... Eu gosto de você também.

_ Então aconselho a tomar à decisão rápido Jean, a vida é muito curta para ficar prorrogando o que podemos abreviar. Podemos ser feliz juntos, só depende de você.

_ Eu vou, vou resolver tudo, eu prometo, só peço um pouco mais de paciência comigo. Mas agora eu preciso mesmo ir.

_ Vou levá-lo, espera apenas eu tomar um banho?

_ Claro.

Jean não se atreveu a ir ao banho com Beto, mesmo que essa fosse a sua vontade, colocou suas roupas e ficou o esperando sentado naquela cama que minutos atrás serviu de conforto para seus corpos embolarem.

Beto voltou ao quarto enrolado apenas em uma toalha no seu quadril, um silêncio terrível os separava, Jean não ousava quebrá-lo, o rapaz se vestia e depois os dois se entreolharam, com a voz rouca Beto afirmou:

_ Estou pronto, podemos ir, ou você pode ficar.

Jean levantou-se, caminhando até ele e sem dizer nada o abraçou, buscando os lábios dele em um beijo lento, Beto recepcionou os lábios dele terminando o beijo a puxar o inferior com o dente:

_ Como dizer não a um beijo desses Jean, como recuar?

_ Eu prometo que vou resolver isso o mais rápido possível. Em breve olharemos para trás e veremos que esse tempo foi necessário.

_ Necessário para quem?

_ Para nós dois, aliás, nós três, não posso esquecer-me do meu filho.

_ Eu gosto muito daquele garoto, se você me permitir, poderia ser como um pai para ele, mas você insiste em...

Ele fez um gesto jogando a mão para trás:

_ Deixa para lá.

_ Acho que posso sobreviver com a sua opinião, mesmo que ela seja contrária a minha, eu sei que acha que dizer a ele que o Gillian é o pai dele é errado, mas eu não enxergo dessa maneira. Até uma semana atrás o Gillian havia sido o único na minha vida, você queria que eu dissesse o que para o meu filho, que arranjasse um pai que não existia?

_ Você tem razão, não existia, mas e agora?

_ Agora tudo se conturbou Beto, você bagunçou a minha vida de tal maneira que estamos aqui discutindo por algo que não deveria ser discutido.

Ele assentiu com uma expressão triste:

_ Valeu por deixar bem claro a exclusão que sempre haverá na sua cabeça em relação a mim e ao Gillian.

Jean calou-se mais uma vez, levando as duas mãos ao rosto. Depois Beto o levou até o portão de sua casa, o trajeto foi realizado em um silêncio absoluto, somente quando ele parou o carro que se virou para Jean a dizer:

_ Quando poderemos voltar a nos ver?

_ Eu ainda estou aqui com você, mas você insiste em permanecer com raiva.

_ Não estou com raiva, só não queria ter que me separar de você.

_ Quantas vezes tenho que dizer que resolverei isso.

_ Até o dia em que resolver isso de verdade.

Um sorriso surgiu no rosto de Beto e ele aproximou seus lábios para mais um beijo serpenteando a língua em sua boca.
Depois Jean separou seus lábios abrindo a porta do carro desocupando o lugar onde estava, se despediu de Beto com um mover de mão e ficou olhando até que o carro dele desaparecesse do seu campo de visão, abriu a porta devagar evitando fazer barulho, porém foi surpreendido por sua mãe a lhe perguntar:

_ Onde esteve Jean, o Gillian acordou de madrugada mais você não estava?

Meu ex - O tempo não paraOnde histórias criam vida. Descubra agora