Não tinha mais como adiar, tinha que encarar a dura realidade, o que Gillian podia oferecer a Jean diante do quadro em que se encontrava só sofrimento e dor, não, tudo o que ele menos queria é ver Jean sofrer ainda mais sabendo que era ele o responsável.
Ali em frente à casa dele, Gillian sentiu toda aquela certeza falhar, a vontade era correr ao encontro de Jean e dizer o quanto o amava e precisava dele ao seu lado, mas não podia. Reunindo o pouco de força que ainda tinha, virou-se para o seu pai:
_ Me espere aqui, não vou demorar.
Alberto estava com os olhos cheios de lágrimas, sem que Gillian esperasse por aquilo ele o abraçou:
_ Eu estou aqui filho, quando você precisar, eu sempre estarei aqui.
Gillian não respondeu, abriu a porta e saiu do carro, caminhou lentamente por medo de cair, ou simplesmente para adiar o momento em que sua vida teria uma página virada, a página mais importante da sua vida teria um fim.
Tocou a campainha e Fabíola o atendeu:
_ Gillian, que bom que está aqui, o Jean estava aflito por não conseguir falar com você.
_ Onde ele está?
_ No quarto, vai lá falar com ele.
Duas batidas na porta e a voz de Jean fez seu coração bater mais forte:
_ Mãe já disse que não quero comer nada.
Gillian abriu a porta e assim que Jean o viu as lágrimas banhavam o seu rosto:
_ Gillian, por que, o que aconteceu para você sumir assim, te mandei várias mensagens e você não respondeu nenhuma, o que é que está acontecendo?
_ Eu precisei desse tempo Jean.
_ Tempo, tempo para que?
_ Para decidir o que fazer.
_ Decidir o que fazer, sobre o que Gillian, sobre nós?
_ Não pense que é fácil para mim, mas sim, sobre nós.
_ Muito bem, estou muito curioso para saber o que você decidiu Gillian, por que até onde eu sei, não tinha nada para se decidir.
_ Vou ser direto, para não prolongar ainda mais essa situação.
_ Ok, fala de uma vez.
_ Acabou.
_ Acabou?
_ Isso Jean, acabou, tudo, eu não quero mais ficar com você.
Jean permaneceu calado, as lágrimas a rolar, quando resolveu quebrar aquele momento de silêncio sua voz estava carregada de mágoa:
_ Você está dizendo que acabou?
_ Sim Jean, acabou.
_ O que foi que mudou Gillian, o que foi que aconteceu para você tomar essa decisão, por que até semana passada você dizia me amar, o que foi que eu fiz para você mudar assim?
_ Você não fez nada, o problema não é você sou eu.
_ O velho clichê do problema não é você, sou eu. Aja como homem Gillian, não como moleque, eu acho que mereço isso pelos cinco anos que estivemos juntos, e me fala o que foi que mudou?
_ Nesse momento eu o faria mais infeliz do que feliz, é isso o que mudou. Segue sua vida, seja feliz sem mim.
_ Eu sinto algo errado em você Gill, eu te conheço o suficiente para saber que está dizendo isso, mas seus olhos dizem outras coisas.
Jean diminuiu a distância de seus corpos, Gillian fechou os olhos quando sentiu os lábios dele encostarem aos seus, sem ter força suficiente para se afastar correspondeu ao beijo, com uma excitação crescente. Jean o apertava contra o seu corpo, e Gillian teve dificuldade em afastar-se:
_ Jean, Jean para, chega, eu não tenho intenção nenhuma em voltar atrás.
_ Esse beijo só me faz crer que você ainda sente algo por mim, assim como eu sinto por você Gillian, nada mudou.
_ Não seja tolo Jean, tudo mudou.
Jean o estudava cauteloso:
_ Então me fala, o que mudou?
Gillian desejou pela milésima vez que tudo o que vivia não passasse de uma mentira, mas não era, tudo o que iria enfrentar Jean não precisava enfrentar com ele, Gillian não o queria envolvê-lo:
_ Eu estou indo embora.
_ Não, você não sairá daqui enquanto não me falar o que foi que mudou.
_ Você não entendeu, eu vou embora, morar em outro país. Eu sinto muito Jean, eu estou indo embora. O meu pai me ofereceu uma viagem, e eu aceitei.
_ Você está me dizendo, que trocou tudo o que temos todo o tempo em que estivemos juntos, por causa de uma viagem?
Incapaz de responder, Gillian apenas assentiu:
_ Gillian, olhe para mim, diz que é mentira, que você não se vendeu ao seu pai por causa de uma viagem?
_ Eu sei que é difícil para entender nesse momento, mas haverá um dia em que entenderá.
_ Como você quer que eu entenda que te ofereci o meu amor sincero, e o que eu achava ser recíproco não passou de meros momentos.
_ Não, isso não é verdade Jean, o que vivemos foi forte, foi verdadeiro, mas...
_ Mas o que Gillian, me fala, por favor, para que eu possa entender.
_ Não me faça falar coisas que eu não quero dizer Jean.
_ Pois chegamos á um impasse Gillian, você tem coisas para dizer, e eu as quero escutar, então desembucha logo de uma vez.
_ Por favor, não me faças sofrer ainda mais. Jean, segue a sua vida, seja feliz, infelizmente o que vivemos é coisa passada.
_ Passada? _ Gillian, até uma semana atrás você e eu estávamos fazendo planos, como pode dizer que é passada?
Ele enxugou as lágrimas, passou a mão nos cabelos impacientemente, mordeu o lábio inferior e fixou o olhar com o de Gillian:
_ Então acabou? _ Eu não vou implorar pela tua caridade Gillian, eu estou deixando claro que te amo, e não sei o que está acontecendo com você, por que eu sei que você também me ama, mas mesmo assim está dizendo que acabou.
_ Você não deixa de ter razão, eu amo você de verdade, mas não posso ser egoísta com você.
_ Onde me amar te faz ser egoísta Gillian?
_ Eu irei entrar em uma fase da minha vida que esse amor não é cabível, só me perdoa, eu juro eu não queria.
_ Não queria o que? _ Gillian...
Como as vozes estavam bastante alteradas, Fabíola bateu na porta, e Gillian aproveitou o momento:
_ Dona Fabíola, cuide bem dele por mim.
Naquele momento ele saiu do quarto sem nem olhar para trás, mas ainda ouviu Jean o chamar:
_ Gillian, Gillian.
Naquela mesma noite, dona Solange e Gillian saíram da cidade, foram para casa de seu pai até o dia da viagem que seria marcada para a próxima semana.
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Meu ex - O tempo não para
RomanceExiste pequenos fragmentos em nós que muitas vezes queremos deixar escondidinho em uma caixa chamada esquecimento, mas nem sempre o que queremos de fato acontece e as lembranças teimam em nos atormentar. O passado vem como uma enxurrada de inquieta...