Por mais que tivesse mencionado o suflê que Jean fazia tão bem, Stephanny não deixou que ele fizesse nada em sua casa, era ela quem pilotava o fogão e o fazia experimentar tudo o que estava preparando.
Ela estava quase terminando o jantar quando Douglas chegou com alguns convidados, entre eles Thiago, que assim que o viu o envolveu em um abraço apertado:
_ Jean, quando o Douglas avisou que você estava de volta eu fiquei surpreso, afinal quem é vivo sempre retorna aos seus.
_ Isso é a mais pura verdade Thiago, todos sabem o porquê eu tive que ir embora, mas eu sentia muita a falta de todos vocês,
Jean também recebeu um abraço de Douglas:
_ Eu confesso que achei que nunca mais o veria Jean, agora que é um doutor neurológico.
Stephanny se intrometeu na conversa:
_ E pai... E, diga-se de passagem, um excelente pai.
_ Pai?
_ É sim Thiago, ele adotou um garotinho fofo, aquele ali que está correndo.
Os dois homens se viraram na direção que Stephanny apontava:
_ O nome dele é Gillian.
Thiago olhou para ele, depois sorriu:
_ Gillian é um nome bonito mesmo. Enfim... Veio para ficar ou só está aqui a passeio?
_ Vou me firmar aqui por um tempo, essa semana já tenho uma entrevista marcada com o diretor do hospital.
_ Ah que bom, então nos veremos mais vezes.
_ Sim, nos veremos sim.
Cada pessoa que chegava vinha dar uma palavrinha com Jean, todos sendo muito cordiais e a noite seguia em risos, lembranças e conversas animadas, afinal nada tinha mudado, ali estavam seus amigos de adolescência, amigos que fizeram parte da metade de sua vida.
Jean estava em uma conversa animada com Thiago, Douglas, Renato e Stephanny quando outra turma chegou, e vieram lhe cumprimentar, Michael o abraçou, mas o soltou em seguida, vendo que Gillian conduzia um rapaz até eles de mão dada fazendo com que todos os olhassem:
_ Papai, olha só quem está aqui, o moço que foi falar com o irmão que também não escuta igual ao papai Gillian.
Foi unânime o olhar ao rapaz que sorriu:
_ Olá Jean, eu avisei que os pontos turísticos não eram muitos. Só não imaginei que nos encontraríamos aqui na casa de amigos.
Um sorriso tímido surgiu no rosto ruborizado de Jean:
_ Oi, eu não imaginava te rever aqui, na casa da Stephanny.
_ Vocês já se conhecem? _ Jean esse é o irmão do professor Júlio que eu te falei.
Tentando manter-se racional Jean moveu a cabeça lentamente:
_ Eu sinto muito pelo seu irmão, eu não sabia.
_ Você conheceu o meu irmão?
_ Sim, eu cresci nessa cidade, estudei na escola em que ele treinava os rapazes do futebol.
_ Que maneiro você fazia parte do time?
_ Eu... Não, eu não, o Gillian que fazia, ele era o capitão do time.
_ Gillian é o rapaz que você foi visitar no cemitério?
_ Isso, ele é o Gillian. Meu namorado.
_ Ah sim eu sinto muito também. Bom te rever, seu filho é mesmo uma graça, vou estar ali com os rapazes, depois nos falamos?
_ Sim, depois.
Boquiaberta Stephanny puxou Jean a um canto mais afastado:
_ Não acredito Jean...
_ O que foi?
_ Por que não me contou que já tinha conhecido o Beto?
_ Eu contei que tinha conhecido um Beto no cemitério, como eu iria adivinha que o Beto que você estava falando era o mesmo Beto?
_ Isso não interessa, o que interessa é... Diz a verdade ele não é mesmo um gato?
_ Sim.. Quer dizer, ele tem seu charme.
_ Eu só deixei de te falar que ele gosta de rapazes.
_ E daí Stephanny, eu já estou imaginando o que você está pensando em dizer, por favor, não diga.
_ Ele é uma pessoa legal Jean, quem sabe conhecendo-o, você acabe se apaixonando?
_ Isso não vai acontecer. Pare de imaginar coisas.
Inevitavelmente Jean lançou um olhar para o rapaz, que também o olhava:
_ Eu já devia imaginar que essa reunião seria uma armadilha sua para tentar alguma coisa.
_ Lógico que não era eu nem mesmo sabia que vocês haviam se conhecido, mas agora que eu sei...
_ Não Stephanny, nem pense nisso.
_ Eu não estou pensando em nada.
_ Eu te conheço.
Foram servidos alguns petiscos enquanto a mesa de jantar era preparada, tudo corria perfeitamente bem, logo Stephanny anunciou o jantar e todos ocuparam o seu lugar á mesa. Sobretudo ela começou a discursar:
_ Esse jantar foi preparado ás pressas devido à volta do nosso amigo Jean, por motivo maior ele há 10 anos foi morar em outro país, mesmo sabendo que isso serviu para o crescimento dele, nós seus amigos sentimos muito a falta dele, e agora que ele está de volta temos que comemorar...
O discurso dela continuava, se tinha algo que Stephanny gostava era de falar, Jean não se sentia confortável sendo o centro das atenções ainda mais quando sentia o olhar de todos incluindo de Beto sobre ele. Quando ela terminou de falar, todos aplaudiram e apreciou o jantar que ela havia preparado, Gillian acabou adormecendo e Jean cogitou a ideia de ir embora, mas Stephanny não permitiu:
_ Não Jean, você é o nosso convidado especial, esse jantar foi feito para você, ficará chato você ser o primeiro a ir embora, coloca o Gillian lá no quarto e nada de ir embora.
Por mais que tentasse argumentar era impossível, Stephanny não o deixaria ir, já se aproximava da meia noite quando os primeiros convidados começaram a deixar a casa dela, no fim ficaram apenas alguns convidados, Jean foi buscar Gillian no quarto e quando voltou a sala, Stephanny estava conversando com Beto e fez sinal a ele que meio sem jeito aproximou-se:
_ Jean, eu conversei com o Beto e ele gentilmente disse que não tem problema em te dar uma carona até em casa, afinal ele vai para o mesmo caminho que você, e o Gillian está adormecido não é bom ele pegar esse frio da noite.
_ Não precisa, realmente não precisa, eu posso pedir um carro de aplicativo, Stephanny você não precisava incomodar o Beto com isso.
_ Não é incomodo algum Jean, será bom ter companhia para voltar para casa.
_ Então se é assim, eu agradeço.
Jean despediu-se dos amigos que ainda se encontravam por ali, e quando foi abraçar Stephanny ela lhe disse em seu ouvido:
_ Me agradeça depois.
O rapaz a repreendeu com o olhar e ajeitou Gillian em seus braços, seguindo com Beto até o seu carro.
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Meu ex - O tempo não para
RomanceExiste pequenos fragmentos em nós que muitas vezes queremos deixar escondidinho em uma caixa chamada esquecimento, mas nem sempre o que queremos de fato acontece e as lembranças teimam em nos atormentar. O passado vem como uma enxurrada de inquieta...