Passados alguns meses, Gillian ainda tinha dificuldade com a mão, mesmo que ela houvesse voltado a mover-se, ainda que tentasse a erguia somente até a altura do seu pescoço, podia fazer a força que fosse não conseguia levantar mais do que isso.
Ainda assim ele teimou em continuar com os treinos na academia, e em uma luta, sentiu que seu braço não obedeceu para fazer a guarda e o seu oponente lhe acertou um golpe chamado direto, o direto é um golpe reto que facilmente é bloqueado se a guarda está bem montada, contudo não estava. A pancada foi certeira, na mesma hora Gillian desarmou os pulsos abaixando-os esticados em cada lado do seu corpo, o mundo parecia girar ao seu redor, aos poucos foi perdendo a consciência e quando despertou estava em uma cama de hospital.
Ao seu lado estava sua mãe, e Jean com expressões preocupadas, ciente de que ouviria um longo sermão lentamente abriu os olhos:
_ Ainda bem, ele acordou. Que susto você nos deu Gillian.
_ Onde estou?
_ Está em um hospital, você levou um golpe nessa sua invenção de lutar, está um dia e meio desacordado, já estava ficando desesperada, meu filho.
_ Um dia e meio?
_ Isso mesmo Gill, um dia e meio, o rapaz que te acertou disse que você não montou a guarda, e te acertou com tudo, você perdeu os sentidos e trouxeram você para cá.
_ E quando vou poder ir para casa?
_ Os médicos fizeram um Raio-X para saber se está tudo bem com o seu nariz que foi onde ele acertou.
Ele então levou a mão ao nariz, e gemeu de dor:
_ Você está proibido de fazer essas lutas de novo Gillian.
A bronca só não foi maior por que o doutor entrou no quarto:
_ Que bom te ver acordado rapaz.
_ Esse menino só me apronta doutor.
_ Já posso ir doutor...?
_ Gillian... Eu preciso que faça alguns exames antes de ir.
_ Ah doutor, foi só um murro na cara, estou pronto para outra.
_ Senso de humor ele tem. Isso é bom.
_ Que exames são esses doutor, algum problema com o raio-x?
Jean quis saber:
_ Não, tudo certo com o raio-x, precisamos ver um exame mais específico.
_ Que exame doutor, algum problema com o meu filho?
_ Gillian, me fala uma coisa, essa foi a primeira vez que você entrou em um ringue?
_ Não!
_ Então não foi à primeira vez em que lutou?
_ Não doutor, faz um ano que eu treino, foi um descuido por não ter montado guarda.
_ E por que não se defendeu?
_ Meu braço direito, eu não consegui levantar.
O doutor olhou de relance para o enfermeiro, depois anotou no prontuário, falando com dona Solange:
_ Não se preocupe, são apenas alguns exames de precaução, que o seu filho deverá realizar, quando ele fizer voltaremos a conversar se necessário for.
_ Então tá tudo certo, já posso ir embora?
_ Pode, vou assinar a sua alta agora, mas vou te encaminhar para esse hospital para que faça o exame, e me traga aqui para que eu veja o resultado.
No carro Gillian deitou a cabeça no ombro de Jean que comentou:
_ Nunca mais você faça isso com a gente Gillian, eu fiquei desesperado.
_ Não confia Jean, o Gillian é especialista para nos deixar malucos, sempre inventando uma estripulia. Pra ele ficar parado só se amarrar ele na cama.
_ Quem disse que o Jean não tem esse dom? _ Fala para ela Jean, no nosso aniversário de namoro se saímos da cama?
_ Gillian!
Quando chegou Jean auxiliou a levar Gillian para o quarto, quando ele já estava bem acomodado, ele debruçou-se e beijou seus lábios:
_ Descanse, amanhã logo cedo eu venho te ver.
Ainda grogue Gillian moveu a cabeça, era natural ele estar sonolento devido aos medicamentos, seu rosto estava inchado devido ao golpe que levara Gillian ainda tentava responder, mas foi impedido pelo rapaz:
_ Shhh, você precisa descansar, amanhã volto para te ver.
_Ele vai ficar bem não é dona Solange?
Indagava Jean comedido:
_ Vai sim Jean, agora tudo o que precisa é de um bom descanso.
_ Três dias é o suficiente, já foram dois dias e meio.
Jean não conseguiria ir ao hospital com Gillian onde ele seria submetido ao exame, sua manhã estava toda ocupada, ainda assim passou logo cedo para vê-lo, e o encontrou ainda adormecido, dona Solange serviu uma xícara de café a ele e sentaram para conversar:
_ Que horas está marcado o exame dona Solange?
_Para aqui três horas.
_ É porque eu preciso entregar esse trabalho na faculdade, se não fosse isso iria com vocês.
_ Eu te manterei informado de qualquer coisa Jean.
_ Diz a ele que deixei um beijo, não vou acordá-lo.
_ Digo sim.
Meia hora após Solange foi ao quarto de Gillian que já estava em pé:
_ Gillian, está na hora filho, precisamos ir fazer o exame que o doutor passou. Alias o Jean te deixou um beijo.
_ Porque ele não me acordou?
_ Por que você estava dormindo tão gostoso que ele resolveu não te acordar.
_ Vamos logo para esse hospital vai.
Reclamou de mau humor.
Solange estacionou o carro e outro carro estacionou ao lado do seu, apressado um rapaz desceu dando a volta até o banco de trás do carro de onde tirou uma jovem aparentando seus 25 anos, a segurou em seus braços, a jovem não moveu o braço para segurá-lo, ele teve que colocar os braços dela em volta de seu pescoço, ela respirava com dificuldade puxando o ar com sofrimento. Ele adentrou rapidamente portas adentro daquele hospital gritando:
_ Ajudem, minha mulher está morrendo.
Rapidamente os enfermeiros a colocaram sentada a uma cadeira de rodas, ao lado uma máquina que foi acoplada em um tubo de oxigenação em seu pescoço e foi visível que aos poucos ela foi voltando o ar.
A imagem era impactante, e Solange e Gillian se entreolharam em silêncio. Na recepção entregaram o papel para a recepcionista que olhou primeiro para Solange a perguntar:
_ O exame é para a senhora?
_ Não, é para o meu filho.
Foi então que ela ergueu o olhar para Gillian, a expressão em seu rosto era de pesar:
_ Quantos anos tem rapaz?
_ 18 anos.
_ Tão novo. Espera naquele corredor, sala 7, o doutor já irá te chamar.
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Meu ex - O tempo não para
RomanceExiste pequenos fragmentos em nós que muitas vezes queremos deixar escondidinho em uma caixa chamada esquecimento, mas nem sempre o que queremos de fato acontece e as lembranças teimam em nos atormentar. O passado vem como uma enxurrada de inquieta...