Absorvido por aquele momento, Jean se deixou ser conduzido à casa de Beto, que ao estacionar o carro na garagem foi mais rápido em pegar Gillian no colo, sem deixá-lo ter tempo de arrependimento adentrou aquela casa observando Beto levar o garoto a um dos quartos, voltando para ele em seguida:
_ Ele costuma acordar durante a noite?
_ Não, foi um dia bastante agitado, agora ele só despertará ao amanhecer.
_ Muito bom, você quer beber alguma coisa, devo ter alguma coisa na geladeira.
_ Não.
Beto diminuiu a distancia entre seus corpos ficando próximo o suficiente para que Jean sentisse sua respiração:
_ Você é tão lindo Jean.
Ousado Beto contornava os lábios de Jean com o dedo polegar que ruborizava imediatamente sua face:
_ Não sou.
_ É sim, Jean você é muito lindo.
Um sorriso tímido surgiu no rosto de Jean quando Beto segurou em sua mão o conduzindo ao sofá onde se sentou do lado dele virando a postura do corpo em sua direção:
_ Jean está tudo bem, eu vou cuidar de você, nada será feito sem que você esteja de acordo.
Era difícil admitir, mas Jean não conseguia desviar os olhos dos dele, era inevitável que o nervosismo o tomasse, afinal o único homem com que ele esteve sozinho em um momento íntimo havia sido Gillian, e agora estava ali sozinho com Beto.
O cheiro de colônia o inebriava, coração batia em descontrole, mas por um minuto Jean se afastou:
_ Beto...
_ Jean, não se preocupe, nada será feito se achar que não está pronto, não precisamos fazer nada essa noite.
Se fosse sincero consigo mesmo Jean teria que admitir que queria avançar, queria romper aquele ciclo vicioso de medo e insegurança de se envolver com alguém que se formou depois da morte de Gillian, ali estava a oportunidade, mas ao mesmo tempo estava aquela imensa vontade de fugir, de sair correndo:
_ Eu nunca estive com outra pessoa além do Gillian.
_ Está tudo bem.
Beto acarinhou mais uma vez o rosto de Jean:
_ Eu não tenho nenhuma pressa Jean, vamos apenas deixar acontecer de uma forma natural, podemos apenas ficar aqui, conversando, nos beijando...
_ De uma forma natural?
Olhando desconfiado para o rapaz a pergunta pareceu pertinente em sua mente, mas quando as palavras saíram de sua boca soou em um tom de desconfiança que o deixou desconfortável:
_ Eu entendo que não confie em mim.
_ Não é questão de confiança, mas... Eu não acho que você traga alguém aqui apenas para conversar...
_ Não distorça as minhas palavras, eu disse que deixaria acontecer de forma natural por que sinto que ainda não está pronto, e tudo o que menos quero é te assustar, Jean, eu acho você um cara bastante interessante, você é lindo com esse jeitinho tímido, e mesmo tímido ainda assim nos olha diretamente nos olhos, eu quero e muito fazer amor com você, quero mesmo, mas tudo será no seu tempo.
_ Eu nunca estive com outra pessoa, o Gillian foi o único.
_ Eu compreendo que tenhas medo.
Beto selou seus lábios, mas logo iniciou um beijo, deslizando a mão pela película de seu pescoço, a pressão dos lábios de Beto sobre os seus obrigou Jean os recepcionar permitindo que ele invadisse sua boca com a língua que duelava com a sua, com a mão livre ele o puxava pelo quadril a juntar seu corpo ao dele, mas nada era forçado, nada era obrigado, pois Jean se permitia aos atos dele.
O fechar de seus olhos foi involuntário, quando a mão de Beto subiu pela lateral de seu corpo, fazendo com que a camiseta que usava subisse juntamente com a sua mão a desnudá-lo acima de seus mamilos, ele não a retirou, apenas a ergueu a essa altura, e quando Jean abriu seus olhos o encontrou a encará-lo:
_ Nada será feito sem a sua permissão Jean, se falar para parar eu pararei no mesmo instante.
_ O que...
Antes que ele conseguisse terminar a frase, Beto o estimulava a tocar na área sensível de seu mamilo direito, brincando com a extensão de sua saliência, leves beliscões eram efetuadas na área e tão logo foi substituído por sua boca a mordiscar o bico de seu mamilo, espontaneamente Jean deixou que alguns gemidos de prazer fossem soados, e sem que percebesse conduziu a mão aos cabelos de Beto a puxá-los, buscando seus lábios em um beijo mais avassalador. Ludibriando o próprio instinto de querer fugir, Jean o beijava com voluptuoso desejo, saboreando o gosto delicioso daquele beijo.
Quando o beijo teve fim, Jean continha uma expressão enigmática em seu rosto:
_ Você está bem?
_ Como posso estar bem com o que acabamos de fazer, não somos mais adolescentes Beto, não podemos arriscar ao perigo dessa forma e estar bem com isso.
_ Arriscar ao perigo?
_ Tudo o que menos imaginei ao retornar a essa cidade era encontrar alguém que viesse a mexer com a minha vida dessa maneira, eu te conheci ontem, mas olha o que estávamos prestes a deixar acontecer.
Beto voltou à postura impecável de seu corpo:
_ Somos dois homens descompromissados que sentem desejo um pelo outro, qual a dificuldade nisso?
_ A dificuldade está na consciência de que não voltei aqui para ter desejo por ninguém, essa cidade, essas pessoas, essas lembranças me deixaram fragilizado, me deixaram confuso.
_ E novamente acha que é um erro por causa do Gillian?
_ É melhor eu ir para casa, desculpa.
_ Jean, você não precisa ir, por favor, não me faça parecer um canalha, eu não sou.
_ Não, não é, ao contrário você foi muito gentil, eu que não deveria ter aceito o seu convite e ter vindo até aqui.
_ Não precisamos fazer nada, se quiser posso até ficar distante, mas não deixarei que saia daqui assim tremendo como está... Se alguém vê você assim, vai imaginar coisas.
_ Não é para tanto.
Dessa vez foi Jean que buscou os lábios dele em um beijo rápido:
_ Tudo isso é novo para mim, depois que o Gillian morreu eu nunca mais estive com ninguém, não é fácil recomeçar.
_ Shhhh! _ Passe a noite aqui, como já lhe disse, não faremos nada que você não queira.
Jean assentiu, Beto fez com que ele deitasse a cabeça em seu colo e ficou ali acariciando seus cabelos:
_ Tudo isso é muito novo para mim também Jean, pode parecer que não, mas desde ontem eu quis estar assim com você, e não irei abrir mão desse sentimento, e antes que entre no modo defensivo, estou falando sobre como você me atraiu com seu jeito, não estou falando de amor e nem de paixão até por que isso ainda é cedo demais para se falar, mas eu sinto uma conexão que pode vir a se tornar uma paixão arrebatadora se nós dois nos permitirmos que aconteça. Contudo hoje permita apenas que eu cuide de você.
Jean respondeu com um beijo.
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Meu ex - O tempo não para
RomanceExiste pequenos fragmentos em nós que muitas vezes queremos deixar escondidinho em uma caixa chamada esquecimento, mas nem sempre o que queremos de fato acontece e as lembranças teimam em nos atormentar. O passado vem como uma enxurrada de inquieta...