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A aula transcorreu normalmente, contudo no intervalo os três se reuniram com alguns alunos para falar sobre o projeto, alguns se esquivaram outros se aproximaram e por fim estavam com uma equipe motivada, o diretor foi de sala em sala para falar sobre o projeto e outros alunos se apresentaram para ajudá-los, também foi marcada uma data para a apresentação.
No final da aula como combinado Jean estava acompanhando Gillian direto para sua casa percebendo seu nervosismo Gillian tentava acalmá-lo com um beijo assim que fechou o portão de sua casa:

_ Está nervoso? _ Fica calmo, minha mãe parece brava, mas não é não, ela é bem legal.

_ Será que ela vai gostar de mim Gillian?

_ Tenho certeza disso.

Quando abriu a porta, não tinha ninguém na sala, mas logo Solange apareceu com o habitual sorriso no rosto:

_ Que bom que chegou filho. Olá Jean.

_ Oi dona Solange.

Encabulado ele se aproximou para beijá-la no rosto, mas ela abriu os braços para abraçá-lo o que fez ambos se atrapalharem e nem ele a beijou, nem ela o abraçou, apenas se deram as mãos em um aperto:

_ Seja bem vindo Jean a nossa casa.

Apesar do primeiro impacto, a tarde foi até agradável, se não fosse por Gillian ter um refluxo no almoço, que causou preocupação tanto em Solange como em Jean, eles nem mesmo conseguiram estudar, Gillian sentia como se um nó trancasse sua garganta, sua voz parecia não sair e o que conseguia dizer era balbuciado sem que ninguém entendesse.

Solange forçou o filho a deitar e descansar, junto com Jean o levou ao quarto praticamente arrastado, o colocaram na cama, Solange o enrolou em um cobertor, apagou a luz e fechou a porta, sozinhos novamente na sala Jean mordia o canto de seus lábios nervoso, mas criando coragem quase a implorar pediu:

_ Dona Solange, será que posso ficar aqui até o Gillian acordar?

_ Claro que pode, ele vai gostar de te ver quando acordar, ele deve ter comido alguma besteira na rua, o Gillian é teimoso, ele não anda se alimentando bem de uns tempos para cá.

Jean ligou para sua mãe para avisar que talvez demorasse a chegar, explicou a ela sobre o estado de Gillian e que pretendia ficar até que ele acordasse.

Enquanto Gillian dormia, Solange e Jean conversaram bastante sobre ele, apesar da preocupação Solange foi bastante receptiva com Jean.

Ficando a sós com dona Solange, os dois tiveram oportunidade de se conhecerem e quando ela foi preparar um caldo quente para quando Gillian acordasse, Jean ficou ao lado dele no quarto.

Três horas depois Gillian despertou, ainda estava sonolento devido ao remédio que sua mãe lhe dera, Jean sorriu, mas ainda estava com uma expressão preocupada, Gillian retribuiu o sorriso:

_ Eu estraguei tudo não foi?

_ Claro que não Gillian, você não estragou nada.

_ Você veio para conhecer a minha mãe e eu estrago tudo.

_ Deixa de ser bobo, sua mãe e eu tivemos muito tempo para nos conhecer sabia, ela me contou muitas histórias da sua infância.

Ele tentou levantar, o que foi terminantemente proibido por Jean:

_ Nada disso meu capitão, você tem que descansar.

_ Eu já me sinto bem Jean.

De fato ele parecia bem, ainda assim Jean insistia que ele permanecesse deitado:

_ Vou avisar a sua mãe que acordou, não ouse sair dessa cama Gillian.

Ele deixou o rapaz por alguns minutos e voltou com dona Solange que colocou o termômetro para medir a temperatura de Gillian, depois colocou a mão em sua testa para ver se estava quente:

_ Febre não tem.

_ Mãe, a senhora está me tratando como criança na frente do Jean.

_ Não reclama, prefere que eu cuide de você ou te leve a um hospital?

_ É isso mesmo dona Solange, não dá mole não.

_ Não acredito que vocês dois fizeram uma aliança para me manter nessa cama. Eu já estou melhor, posso até correr uma maratona.

_ Eu não duvido disso Gillian, mas mesmo assim todos nós precisamos de um pouco de descanso. Agora eu vou ter que ir para casa, amanhã cedo eu passo aqui para te ver, se conseguir ir para a escola vamos juntos.

_Nem pensar que eu ficarei na cama amanhã, ficarei hoje por causa da ameaça, não vou ir parar no hospital por algo tão insignificante, eu já estou melhor até.

_ Então te vejo amanhã.

Como dona Solange estava por ali os observando, Jean só encostou os lábios sobre os de Gillian se afastando em seguida, piscando para ele, ela o acompanhou até a porta:

_ Não se preocupe Jean, ele vai ficar bem, alias teimoso do jeito que é, não garanto nada que daqui a pouco ele esteja em pé, segurá-lo na cama vai ser uma tarefa difícil.

_ Promete que qualquer coisa me liga, dona Solange, eu gosto mesmo do seu filho, por mim eu ficaria aqui para cuidar dele, mas minha mãe deve estar me esperando também, mas me liga?

Ela levou a mão ao rosto dele fazendo um leve afago:

_ Ligarei sim, mas não vai acontecer nada, só vou manter esse menino na cama hoje por que ele  precisa parar um pouco vez ou outra, mas já viu que a tarefa é mais difícil do que se imagina, não o ouviu dizer que pode correr uma maratona.

_ Foi muito bom conhecê-la. Pena que o Gillian acabou passando mal.

_ Foi bom te conhecer também, saco vazio não para em pé, o Gillian precisa se alimentar melhor.

_ Minha mãe diz isso todos os dias.

Os dois riram e Jean foi para casa, pensativa a mulher ainda mantinha a porta aberta, um longo suspiro a fez sair do transe que se encontrava e seguiu para o quarto:

_ Gillian eu fiz um caldo quente para você se alimentar.

_ Só vou comer alguma coisa quando me falar o que achou do Jean.

_ Ele me pareceu um bom menino, educado, gentil e gosta mesmo de você filho.

_ Eu falei que a senhora iria gostar dele mãe.

_ Gostei Gillian, eu gostei dele, mas agora me deixa cuidar de você.

_ Vai me dizer que vai fazer aviãozinho como quando eu era criança?

 _ Se for preciso sim.

Os dois riram, mas Solange não saiu do quarto até que ele terminasse a última colherada.

Meu ex - O tempo não paraOnde histórias criam vida. Descubra agora