Com os sentidos voltando ao meu corpo e o ar aos os meus pulmões, direciono meu olhar tenso para Emma, que percebendo o que acabou de acontecer, vejo seu rosto refletindo a mesma apreensão que o meu. Ela assente com a cabeça, puxando minha mão da sua boca.
O nervosismo é demonstrado em minhas mãos trêmulas, recomponho-me o máximo que consigo e busco o celular do sofá, aproximando-o novamente do meu ouvido.
- Regina? - Permaneço calada, em choque, sem saber o que dizer. - Quem está aí com você?
Sua voz entrega confusão e desconfiança, ele está tentando processar o que acabou de ouvir, mas pela pergunta, parece que não reconheceu a voz, acendendo um fio de esperança no meu peito. Pisco várias vezes e me levanto rápido, caminhando para longe até da respiração de Emma, para evitar que ele a reconheça.
- Oi... Não tem ninguém aqui comigo, é só a TV. - Uso minha mão para direcionar apenas a minha voz no microfone do celular. O silêncio dele deixa nítido sua incredulidade na minha fala. - Então, aproveitem muito aí, curtam bastante e-
- Regina... - Sua voz soa firme agora. Merda, não queria transparecer tanto nervosismo, eu mesma estou me entregando. - Tem alguma coisa que queira me contar?
Ele não percebeu, percebeu?
Possivelmente ele associou a pessoa aqui apenas como uma mulher. Uma mulher na minha casa tão cedo e referindo-se a mim carinhosamente. O que leva exatamente a...
Não! Não estou preparada para falar sobre isso, não assim por telefone.
- Ah, sim, não esquece do protetor solar e de beber bastante água. - Continuo fingindo que não entendi, numa tentativa claramente falha de fazê-lo tirar o foco. Ele demora um pouco para responder, e eu me pergunto em que ele está pensando; talvez o fato de eu ter escondido isso dele por tanto tempo.
- Entendi. - Sua animação de poucos minutos atrás se esvaiu. A inquietação dessa nossa conversa é palpável, posso sentir o clima pesado. - Ruby terminou de se arrumar e estamos descendo pra tomar café... Ela te mandou um beijo.
- Um beijo pra ela também. - Ficamos mais alguns segundos em silêncio. É como se ele estivesse tentando ler meus pensamentos, como se pudesse sentir a minha agonia, a minha tensão e pelos anos de amizade, não é algo tão difícil assim para ele. - Eu... Eu tenho que me arrumar, mais tarde nos falamos.
- Tudo bem. - Fecho os olhos, sentindo uma corrente fria percorrer todo o meu corpo pelo tom que foi usado por ele. Não foi um tom raivoso, amargo, mas triste, decepcionado.
Meu coração se aperta e sem que eu permita, sinto lágrimas se formarem em meus olhos, mesmo ainda estando com eles fechados. David desliga.
Encostada na bancada, ouço os passos de Emma se aproximando e rapidamente seus braços me envolvem. Com o rosto encaixado na curva do seu pescoço, eu me acalmo, seu abraço me transmite paz mesmo nessas circunstâncias.
- Me desculpa... - Emma sussurra baixo e eu a encaro, negando com a cabeça.
- Não, não foi sua culpa. - Minha voz também sai sussurrada. Volto a me aconchegar em seu abraço.
- O que ele disse? Ele me reconheceu?
- Acredito que não, senão ele teria mencionado você. - Ouço seu suspiro aliviado. - Mas pelo jeito que ele falou comigo, eu tenho certeza que ele não engoliu a história da TV. Ele percebeu que tinha alguém aqui, uma mulher, mais precisamente... - Afasto-me dela e começo a andar pela sala, passando as mãos no cabelo e no rosto, entregando toda a minha preocupação. - E se ele me questionar sobre isso novamente? Eu não vou conseguir continuar mentindo pra ele. Mas se eu falar a verdade, ele vai me odiar e...
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His Daughter - SwanQueen
FanfictionE se a filha adolescente do seu melhor amigo gostasse de te provocar? E depois de anos, voltasse mudada e isso começasse a mexer com você? Ser sócia de uma das mais famosas corporações de engenharia da América Latina, gera grande reconhecimento e in...