Isso não é real...
Sinto minha garganta secar e as lágrimas grossas caírem por meu rosto. Todas as palavras que saíram da minha boca foram mínimos sussurros, com um nó na garganta prendendo minha voz.
Minha respiração ofega. Sinto Emma subindo seus lábios para minha boca, quando seus olhos encontram os meus eles se assustam, interrompendo imediatamente seus toques pelo meu corpo.
- Regina?! O que foi?!?! - Suas duas mãos ocupam os dois lados da minha face. Seus olhos verdes me analisam preocupados. Olho para onde Emma prendeu o cinto, num dos pilares esculpidos de madeira e veludo no topo da cabeceira. Ela rapidamente desprende meus braços, jogando o cinto para longe, onde o ouço se chocar com força contra alguma coisa. - Eu te machuquei, foi isso? - Pergunta nervosa, massageando o local suavemente marcado pelo couro preto.
Nego com a cabeça, fechando os olhos na tentativa de impedir que aquelas lágrimas se derramem mais. Olho em volta do quarto escuro e não vejo qualquer semelhança do meu quarto antigo, da posição dos móveis, e ao olhar para Emma, tão pouco vejo semelhança com aquele ser miserável que um dia dormiu do meu lado.
Corro para o colo de Emma, sentando de frente para ela com a cabeça em seu ombro. Seus braços me recebem rapidamente, apertando-me contra si.
- Não me deixa sozinha. - Minha voz sai falhada, em meio a alguns soluços.
- Não vou deixar, eu estou aqui! - Aperta seus braços ao meu redor com mais força, beijando meus cabelos e me encaixando melhor em seu abraço.
Aspiro o cheiro do pescoço de Emma, numa forma de correr da lembrança daquela fatídica noite e me acalmo ao sentir o cheiro de banho em sua pele quentinha. O ombro dela está um pouco molhado pelas lágrimas. Tento me aconchegar mais a Emma, buscando encontrar segurança em seus braços.
Após alguns minutos me acalmando, ela me puxa para a encarar, limpando as lágrimas que restaram, passando a mão sobre meus cabelos algumas vezes.
- Me desculpa por isso... - Falo ainda com a voz baixa. Sentindo‐me um pouco envergonhada por ter desabado assim. Emma nega com a cabeça e deposita um beijo em minha testa.
- Regina... Me fala o que aconteceu. - Respiro fundo, ainda sentada em suas coxas com uma mão em seu ombro. Olho para baixo, as cenas daquele momento passando como flashes em minhas lembranças. Sinto o dedo de Emma em meu queixo, erguendo meu olhar para seus olhos verdes aflitos.
- Não é nada... - Repito sua ação de secar meu rosto, forçando um pequeno sorriso.
- Como não é nada? Você está chorando. Eu fiz algo errado? - Toda a sua preocupação é nítida em seu tom de voz e seus olhos entregam sua angústia, enquanto seus dedos nervosos acariciam minha bochecha.
Novamente nego com a cabeça, ainda não consigo processar as palavras para contar, mesmo sabendo que ela merece saber.
- Naquela noite... - Respiro fundo, está sendo difícil contar, as lágrimas pesam e descem por meu rosto novamente. Fecho os olhos na tentativa de me encorajar. - Eu...
Eu nunca imaginei que iria sentir isso algum dia, é uma sensação ruim, de impotência, de insegurança. Apesar de alguns momentos ainda estarem presentes em minha memória, estavam cada vez mais distantes, cada vez menos frequentes.
- Fica calma... - Emma volta a me abraçar e retoma seu carinho em minhas costas e meu cabelo. - Espera aqui. - Faz menção de se levantar, mas eu a impeço sem pensar, jogando todo meu peso em cima dela.
- Não vai, não quero ficar sozinha... - Peço novamente. Emma não responde, mas comigo ainda agarrada em seu pescoço ela se levanta, segurando em minhas coxas e me levando com ela para fora do quarto.
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His Daughter - SwanQueen
FanfictionE se a filha adolescente do seu melhor amigo gostasse de te provocar? E depois de anos, voltasse mudada e isso começasse a mexer com você? Ser sócia de uma das mais famosas corporações de engenharia da América Latina, gera grande reconhecimento e in...