3. Vivendo com o inimigo

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A maioria se casa por amor, alguns por interesse, outros por obrigação ou conveniência, mas no meu caso, foi por livre e espontânea pressão.

Conheci Robin graças ao projeto de David. Naquela época ele me atraiu por ser focado, de início, inteligente e também muito educado e respeitoso comigo.

Começamos a namorar em 2006, namoro esse que durou cerca de 4 anos, até ele me pedir em casamento. De início não aceitei, nunca tive esse sonho de casamento em igreja e vestidos de noiva, mas ele me prometia muitas coisas, e principalmente, sabia ser bem insistente. Acabei cedendo, e nos casamos no civil, no mesmo ano, sem comunhão de bens.

David foi nosso padrinho e como presente de casamento deu a Robin algo que ele vivia falando que queria, um PC Gamer de super capacidade. Era realmente uma máquina, todo equipado e depois desse castigo, digo, presente, Robin não comparecia nos projetos, reuniões nem nada sobre a URBAN, então David e eu o demos um ultimato e ele teve que escolher entre os jogos e o cargo.

Dado que sua rotina hoje é: Acordar de 12h, não tomar nem um banho ou sequer sair do quarto, deixa bem claro que escolheu viver como um adolescente de 13 anos.

Dias atuais

A minha paciência com Robin está com saldo negativo. Todo fim de semana ele sai com os amigos para beber, volta bêbado e até drogado. Passei a pagar um valor de quase dois mil reais em conta de energia por causa desses joguinhos dele durante todo o dia. É 24h por dia com vários computadores e televisões ligadas, e como esse estilo de vida não traz lucro para ele, em compensação traz muitos prejuízos financeiros e mentais para mim.

Nossas brigas são diárias, isso quando não acontece mais de uma vez por dia.

Quanto mais a URBAN crescia, menos tempo eu passava em casa e acredito que esse fato fez esse casamento durar até agora, exatos 10 anos.

Muitos devem se perguntar o porquê não me divorciei ainda. Eu odeio processos e brigas judiciais, faço tudo para não passar por isso, e como essa vida é incrivelmente conveniente para Robin, ele não aceitaria o fim sem brigar. Então também é conveniente para mim mantê-lo na minha vida em troca de algum tipo paz.

Na URBAN, eu conseguia esquecer que tinha uma vida amorosa desastrosa (se é que posso me referir assim a essa parte escura da minha vida). Lá eu estou acompanhada de pessoas competentes, inteligentes e que não largam suas carreiras por jogos imbecis.

- Bom dia, Belle. - Cumprimento minha secretária e meus dois braços na empresa (não só o direito).

- Bom dia, Regina... - Lanço um sorriso e caminho para minha sala, mas sou interrompida - Ahh, Regina, o Sr. Robin ligou a alguns minutos pedindo para que retornasse a ligação para ele. - Reviro os olhos, pois já sei do que se trata.

- Ok, vou pensar no caso dele. - Belle apenas sorri e assente para mim.

Belle é além de minha secretária, uma ótima ouvinte. A coitada ouve todas as minhas reclamações e xingamentos em momentos de raiva, quase todos destinados a Robin. Ela sabe do meu fracassado casamento e de todos os problemas que enfrento após sair da URBAN todo santo dia. Falando nisso, preciso aumentar o salário dela o quanto antes.

Ao entrar na minha sala e me acomodar na minha confortável cadeira, pego meu celular e decido retornar às inúmeras ligações perdidas de Robin.

- O que aconteceu? Por que acordou tão cedo, querido? - Pergunto assim que ele atende a ligação.

- Regina, você só pode estar de sacanagem comigo!! O que você ganha colocando esse inferno de despertador pra tocar as 8h da manhã? E ainda por cima, trancou a porta do meu setup e escondeu a CHAVE!! - Pergunta com tom de voz extremamente irritado e eu apenas me divirto do outro lado da linha.

His Daughter - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora