Faço rápidos percursos sobre seu rosto com o olhar. Suas pupilas verdes estão dilatadas, um olhar indignado. Emma abre e fecha a boca várias vezes novamente, negando com a cabeça e passando as mãos pelo rosto, mas não quebra o silêncio sepulcral.
Minhas mãos suam em ansiedade por sua resposta, que eu não sei se estou preparada para ouvir, mas minha consciência tem sua própria certeza de que essa é a verdade, Emma simplesmente perdeu o interesse em mim. Afinal, essa é a única coisa que passa em minha mente que justifique tudo isso. As atitudes, o distanciamento, tudo pode ser justificado com uma simples perda de interesse.
- Regina... - Ela ergue as mãos, caminhando em minha direção, deixando clara sua intenção de me tocar, dando-me tempo para desviar. Porém eu não o faço, permaneço imóvel, prendendo a respiração assim que sua proximidade revela seu perfume inebriante e tão íntimo meu. - Eu não perdi o interesse em você, de onde você tirou essa ideia absurda? - Emma acaricia meu rosto com os polegares.
Seu toque faz a raiva que eu tinha segundos atrás se esvair de mim como mágica. Sua resposta, apesar de não ter me convencido completamente, causa uma sensação de conforto, pois diferente do que eu pensava que iria ouvir, isso é exatamente o que eu queria ouvir.
- De você, Emma. Você simplesmente sumiu! Por dias! - Tento me afastar, mas suas mãos me prendem firmemente. - Você parece até que esqueceu que eu existo.
- E nesses dias não teve um só segundo em que eu não pensasse em você, em como você estava... - Desvio o olhar, reconhecendo a sinceridade no seu tom e me recusando a acreditar, afinal, se fosse realmente assim ela teria me procurado. Emma toca meu rosto, guiando meu olhar até o seu para que eu preste atenção em si. - Não teve um único dia em que eu não sentisse a sua falta. - Solta a última frase num sussurro, fazendo a análise das minhas expressões assim como eu fazia com ela há pouco.
Ouvir essas palavras ditas como uma confissão agitam meu coração. Eu sinto mais por Emma do que eu pretendia e sinceramente, mais do que deveria.
- Mas eu estava bem aqui... - Minha voz sai baixa, como se estivesse acabando.
- Eu sei, me desculpa por isso! - Desliza sua mão para minha nuca, onde prende seus dedos entre os meus cabelos. - Eu sei que deveria ter ligado, mas eu não estava conseguindo lidar com o meu próprio caos, não queria te envolver nisso. - Emma encosta sua testa na minha, onde sinto o calor da sua respiração. - Eu precisei de um tempo para processar esse tanto de mudança que está acontecendo na minha vida. Eu me sinto confusa, me sinto perdida... É aquela sensação de que algo ruim vai acontecer e eu me sinto impotente em meio a tudo. - Afasta seu rosto do meu, onde vejo perfeitamente sua insegurança refletida em seu olhar. - Eu estou tentando entender tudo isso, preciso reorganizar minha mente, aprender a lidar com essa bagunça que eu sou.
Ela respira fundo após terminar de falar, fechando os olhos em seguida. Toco suas mãos que ainda estão em minha nuca e passeio as minhas por ela, deslizando suavemente por seus braços, num carinho, numa tentativa de confortá-la. Emma abre os olhos e sorri para minha ação e em seguida quebra nossa distância, apertando-me dentro do seu abraço. Rodeio sua cintura e retribuo sua intensidade, deitando a cabeça em seu ombro, aconchegando-me ao calor e ao cheiro do seu corpo.
- Emma... - Ainda abraçadas, eu me ponho a falar. - Todos nós temos nossas bagunças, temos nossos conflitos internos, nossas inseguranças e com você não seria diferente. Mas sabe qual o problema nisso tudo? - Eu me afasto para olhar em seus olhos um pouco acima. - É querer enfrentar tudo isso sozinha. Você não está sozinha, você tem seu pai que te ama mais que tudo, mesmo vocês não estando nos melhores dias; e quero que saiba que você agora tem a mim também. - Seus olhos se abrem em surpresa pelas palavras ditas, confesso até estar surpresa também, pela forma que ela chegou aqui pensei que no mínimo isso terminaria comigo expulsando-a para nunca mais voltar. - Eu também não sou uma pessoa fácil, então eu entendo o que é querer se fechar e lidar com os próprios conflitos sozinha por medo de ser incompreendida, mas não precisa ser assim com você, porque eu estou aqui. Eu estou aqui para te aconselhar, pra te ouvir, estou aqui para te ajudar a lidar com o seu próprio eu. - Seus olhos não desviam dos meus em momento algum. Levo minha mão ao seu rosto, onde acaricio suavemente, vendo seus olhos se fecharem em resposta ao meu toque. - E principalmente, eu estou aqui pra você... Inteiramente pra você.
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His Daughter - SwanQueen
FanfictionE se a filha adolescente do seu melhor amigo gostasse de te provocar? E depois de anos, voltasse mudada e isso começasse a mexer com você? Ser sócia de uma das mais famosas corporações de engenharia da América Latina, gera grande reconhecimento e in...