34. Fim do orgulho

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Uma semana... Seis dias, para ser mais exata.

Os ânimos na URBAN estão tensos de uma forma que nunca estiveram. Nunca, nenhum fator externo interferiu no nosso trabalho, até sábado passado.

Emma não tem falado comigo e pelo que soube, nem com David. Troca meia dúzia de palavras com Belle e só. Com Elsa, eu nem preciso comentar.

David continua na obra do restaurante de Margot e Alice. Na verdade, tem passado na URBAN apenas para falar comigo de manhã e no final do dia, caso ainda tenha algo para fazer. Ele está visivelmente abalado com tudo o que aconteceu e eu, apesar de disfarçar melhor, também não estou muito bem.

Eu não deveria me importar, não deveria estar preocupada com isso. Apesar de ter sido envolvida, esse não é um assunto meu, não tenho o direito de interferir.

Devido Emma e eu estarmos trabalhando nos preparativos do evento, alguns assuntos não poderiam ser deixados de lado. Com isso, Belle ficou sendo a porta-voz, ou como ela mesma diz: Pombo-correio.

O projeto do nosso prédio está parado, não tem a menor condição de continuar trabalhando nele da forma que estamos.

Não trocamos um único "Bom dia" desde sábado e isso, sinceramente, já está me incomodando. Belle todo santo dia me enche o saco para ir falar com Emma de uma vez, que ela não é moça de recado para estar levando e trazendo informação, que se fosse para trabalhar como carteira ela teria feito o concurso dos Correios e blá blá blá...

Estou desenhando uma planta. O cliente quer algo moderno, porém sem muitos exageros. Traço a linha reta e um pequeno caimento de 45°, esse será o desenho da sacada. Quando estou no outro lado, na parte do caimento, minha porta abrindo sem anúncios me assusta, fazendo-me borrar. Já ergo a cabeça decidida a xingar quem entrou desse jeito, mas paro em minha ação quando vejo a conhecida figura de Emma se aproximando rápido.

Ela está com o cabelo preso, jeans branco, jaqueta vermelha, hum... Isso é novidade. O que não tem de escuro em suas roupas é compensado em sua expressão sombria. Ela vem até minha mesa, arremessa uma pasta e dá as costas para sair.

- Emma! - Ela me ignora e continua andando. Eu me levanto, apoiando as mãos na mesa. - Emma!! - Finalmente para, pouco antes de sair.

Ela se vira para mim devagar, suas sobrancelhas estão unidas em uma expressão séria, seu maxilar trincado e apesar de não estar próxima o suficiente, sei que seus olhos verdes estão escuros.

Eu quero falar com ela, não podemos mais nos ignorar, o evento está chegando, precisamos conversar sobre ele. E não só por isso. De cabeça fria nós temos uma perspectiva diferente, sabemos onde foi o erro, sabemos como teria sido melhor abordar o assunto.

Apesar de querer conversar sobre o que aconteceu, preciso entregar esse desenho amanhã mesmo e ainda estou no início, não tenho tempo no momento para discutir com Emma.

- Fala. - Seu tom de voz é seco e entediado.

Respiro fundo, fechando os olhos.

- O que é isso? - Aponto para a pasta jogada de qualquer jeito, numa justificativa por tê-la chamado. Ela suspira descrente, negando com a cabeça.

- Veja você mesma. - E sem esperar por mais, ela sai, deixando a porta aberta.

Droga, preciso controlar meu estresse. Ela não quer falar comigo, essa semana toda me serviu de exemplo. Decido parar de pensar sobre isso e olhar o que ela trouxe.

Abro a pasta e em tópicos está separado a organização do evento do aniversário da URBAN. Passo a passo da cerimônia, das vezes de fala, leilões, instituições, lista de convidados... Uau. Ela esteve ocupada. Apesar de não estar tudo preenchido, já está organizado, apenas algumas reuniões conseguem deixar tudo pronto.

His Daughter - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora