Desde os meus dezoito anos, eu deixei de comemorar aniversários. O motivo é uma cicatriz que especificamente nessa data volta a arder.
Meus pais me deixaram logo após o meu aniversário. É como se estivessem esperando a minha maioridade para que pudessem me deixar sem carregar a culpa por terem abandonado a filha "adolescente".
Na verdade, bem antes disso acontecer, eu já não comemorava aniversários, não como todo mundo. Mas quando eu era criança, adorava a ideia de ficar cada ano mais "adulta", mesmo que não houvesse nenhum tipo de comemoração.
Eu não tinha amigos para comemorar ou nenhum outro familiar próximo; e meus pais, eles não eram muito de demonstrar carinho, principalmente a minha mãe, Cora. Suas felicitações se resumiam em: Parabéns, crie juízo. Meu pai Henry era um pouquinho mais carinhoso, onde essas mesmas palavras vinham seguidas de um beijo na testa.
Presentes não eram muito comuns também, não somente em aniversários, mas em qualquer data comemorativa. Quando conheci David, isso mudou um pouco. Desde que começamos a trabalhar juntos, ele sempre fez questão de me presentear e me incluir em suas festas, já que fazemos aniversário próximos. E não só ele, mas Robin e até mesmo Graham, um dos antigos sócios da URBAN, que sempre foram muito amáveis comigo, nunca deixavam essa data passar despercebida, como geralmente acontecia.
Mas como eu disse, isso mudou apenas um pouco, ou melhor, essa minha felicidade foi momentânea, só durou até eu completar dezoito, que foi quando tudo aconteceu, quando essa data deixou de ter importância para mim.
Mesmo depois de tudo, David continuou sendo presente em minha vida e talvez até mais do que antes. Ainda que eu não me sentisse feliz nessa data, ainda que esse período me trouxesse recordações ruins, vem sendo suportável por causa de David. Ele tem sido, de longe, a melhor coisa que já me aconteceu.
Ainda não acredito que ele fez isso, algo totalmente inesperado e talvez até imprudente e impensado.
Meus pensamentos vagam pelos acontecimentos dos últimos dias antes de David viajar. Tento lembrar em que momento esses papéis foram assinados por mim, porque a hipótese de ele ter falsificado minha assinatura nunca será considerada.
Merda!!
O dia em que ele foi até a minha sala e pediu que eu levasse Ruby ao shopping. Ele trouxe alguns documentos para assinar e eu nem ao menos li.
Ok, vou começar a ler minuciosamente cada documento antes de assinar.
- O que tem nesses papéis? - Emma se aproxima e senta na cama ao meu lado. Sem ter uma resposta minha, ela pega os documentos das minhas mãos e passa a ler. - Nossa... Isso é incrível!!
- Incrível?! Vocês só podem ter perdido o juízo... - Levanto-me e começo a andar pelo quarto, vendo Emma cruzar as pernas e sorrir lindamente para mim. Por que ela está tão tranquila? Isso a afeta diretamente, afinal, sua parte na futura herança está menor agora.
- Linda, não é bem essa a reação que a gente espera quando faz algo legal pra alguém. - Emma me alcança, pondo as mãos em minha cintura e trazendo meu corpo para junto do seu.
- Isso não é algo legal, isso é algo idiota... - Tento resistir ao seu aperto, mas Emma não me deixa sair. - Ele não deveria ter feito isso.
- Regina, por favor!! Isso não é algo de outro mundo, ele apenas transferiu os 10% das ações que o tornava sócio majoritário pra você...
- Você tem noção de quanto 10% das ações da URBAN valem atualmente? - Emma dá de ombros, não dando a mínima para minha resistência em aceitar o "presente". - Milhões, Emma. Milhões!!
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His Daughter - SwanQueen
FanfictionE se a filha adolescente do seu melhor amigo gostasse de te provocar? E depois de anos, voltasse mudada e isso começasse a mexer com você? Ser sócia de uma das mais famosas corporações de engenharia da América Latina, gera grande reconhecimento e in...