16. Trégua

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Somente eu posso saber quantas vezes fechei os olhos para dormir, mas não consegui. Fiquei horas de olhos fechados, outros tantos minutos com eles abertos encarando o teto, mas dormir que é bom, nada. 

Eu estou odiando aquilo tudo, estou detestando me ver refém dos meus pensamentos impróprios. Não sei quem era mais idiota nisso tudo, Emma por ter feito isso comigo, com o único propósito de me irritar ou eu, por ter cedido e pior ainda, ter gostado. 

Não!! Eu não gostei. Fiquei surpresa, sim, eu não esperava por aquilo, mas gostar? Não, nem pensar. 

Antes que o sol pudesse entrar pela janela eu consegui dormir umas poucas horas, o que obviamente não foi suficiente. Quando o dia amanheceu, precisei me levantar para o trabalho. Olhei o quarto ainda sentada na cama, buscando coragem para sair dela, e vi as roupas que ontem joguei no chão. Com esforço e muita preguiça começo a juntar minhas coisas que estavam espalhadas no quarto e colocar tudo de volta nas malas. Vou fazer check-out no hotel e ir para a URBAN. É sábado e eu vou trabalhar sozinha na presidência, é meu plantão. 

Liberei Belle neste sábado, segundo ela, teria que resolver umas coisas pessoais e eu não questionei. Teria apenas trabalho de mesa e não tinha reunião presencial com nenhum cliente, então seria um dia de trabalho tranquilo e sem muitas emoções, assim espero. 

Tomo um banho rápido, visto um jeans simples, uma blusa de botões e mangas 3/4, meu amado salto alto (nunca saio sem um, os considero indispensáveis) e prendo o cabelo em um rabo de cavalo. Pronto, estava pronta para mais um dia de trabalho e pronta para mais uma etapa na minha vida: minha nova casa. 
É esquisito estar nesse andar sozinha, sempre tem Belle, Elsa, David e agora a Peste. Está tudo tão quieto, não sei se gosto disso ou não. Em partes, posso ficar a vontade com meus desenhos, minha papelada e minha cadeira reclinável. 

Como eu já esperava, o dia foi tranquilo. Recebo apenas a dona do meu novo apartamento para assinar a compra no fim do expediente e não me demoro mais, estou ansiosa para começar a mudança. Saio da URBAN para o meu novo lar com um certo sorriso, sentia-me voltando aos trilhos, e dessa vez sem um peso morto me consumindo, seria apenas eu e mim mesma. 

Começo a arrumação pelo meu quarto, colocando minhas roupas e sapatos no closet, algumas coisas no banheiro, ainda preciso passar no shopping e comprar alguns utensílios e produtos de banheiro. O segundo quarto, não vou mexer em nada, pois iria ficar desocupado. Essa arrumação durou até quase 22h, eu e minha mania de não poder ver nada fora do lugar, desalinhado. Pelo menos os quartos e o escritório estavam finalizados, faltando apenas colocar algumas coisas que ainda estavam na minha casa. 

Recebo uma mensagem de David perguntando como foi o meu dia. Contei sobre a compra do apartamento, sobre o dia de faxina e arrumação.
Ele falou que estava a toa e queria companhia para o jantar. Passei meu novo endereço e ele disse que logo chegaria. 

Após tomar um banho e sentir meu estômago roncar de fome, ouço a campainha tocar e eu vou atender. David estava parado em minha porta com algumas sacolas de um restaurante japonês, que a gente adorava e algumas cervejas também. 

- Não me diz que isso aí é Heineken. - Aponto para a grade de garrafas que ele tinha na mão. 

- Experimente antes de criticar, minha cara... - David me lança um sorriso de canto e eu abro a porta para ele passar enquanto reviro os olhos. 

A tv é por assinatura, logo David, já acomodado no sofá, colocou no Premiere e por pura coincidência o jogo da vez é Vasco x Corinthians, nossos times. Ficamos ali, comendo sushi, tomando cerveja e assistindo ao jogo. David é do tipo escandaloso e intenso, nessa péssima fase do Vasco ele ficou ainda mais calvo. Mas torcedor de verdade não larga o time numa fase ruim, não é? Com o fim do jogo, saímos um pouco da parte comentarista e começamos a conversar. 

His Daughter - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora