8. Efeito do álcool

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Já me disseram várias vezes que álcool e Regina não formavam um bom par, eu não sou um tipo legal de bêbada, que ri e faz brincadeiras. Eu sou do tipo que discute por tudo, que fica emotiva, falo o que não falaria e principalmente, faço o que nunca faria.

Por que fiz isso? Por estar levemente alterada. Talvez um dia eu consiga aceitar que não posso beber, algo que é ótimo pra esquecer os problemas ou comemorar o fim deles.

- Ah, mas agora o negócio ficou ainda melhor... - fala um tanto animadinho demais e eu reviro os olhos. - Vocês duas são gatas, nem sei se dou conta. - Com isso, levanto-me e me próximo, pondo-me entres eles.

- Com certeza, não dá... Então dá o fora daqui, moleque! - bato minha não no balcão com certa força e mantenho uma postura firme,  já estava perdendo a paciência.

- Falou, então...- disse o tal de Eric, levantando as mãos em rendimento e se afastando.

Volto para o banquinho e quando olho para Emma, ela está me encarando. Não consigo decifrar bem suas emoções, mas surpresa era uma delas.

Um silêncio um tanto constrangedor se instala. Obviamente eu estava esperando que ela, no mínimo, me agradecesse. Mas eu estava vendo em seus olhos, nos quais eu ainda segurava o olhar, que ela não daria o braço a torcer. Ela iria segurar o orgulho dela até o fim.

- Não precisava fazer isso. - enfim, quebra o silêncio, se volta para o balcão e mexe sua bebida com o canudo vermelho.

- Por nada, menina... - Ela rapidamente virou o olhar pra mim, que me divirto por provocá-la. Ela nitidamente ainda não gostava que se referissem a ela assim.

- Não estou interessada em entrar no seu joguinho... Reginia. - Rebate, e eu percebo que quase, quase senti falta da troca de farpas com ela. Pela primeira vez em anos, e talvez pela primeira vez na vida, nos encaramos sem ódio.

E então, ela fez algo que costumava fazer sempre. Ela desceu os olhos pra minha boca, e depois, lentamente pelo resto do meu corpo, analisando-me.

Eu estava notando que ela estava, um pouco, digamos que bonita esta noite, mas claro que era por conta do álcool. Estava de preto como sempre, inclusive no lápis de olho. O cabelo estava preso, e nos lábios um batom bem vermelho. Quando terminou sua ronda sobre meu corpo, voltou para os meus olhos.

- Procurando algo? - arqueio a sobrancelha e ela apenas revira os olhos e dá um pequeno gole na sua bebida.

Que garota descarada, me come com os olhos e depois banca a desentendida.

Novamente o silêncio se instala, o que torna o som do ambiente um pouco mais vivo. O lugar era aconchegante, o balcão onde estávamos era em um canto do bar e a sua frente, tinha algumas mesinhas redondas e cadeiras dispostas, ambas de madeiras, muitas desocupadas por ser quinta feira. Tinha uma pequena pista de dança, que ninguém havia arriscado a ir até lá ainda e do outro lado, um pequeno palco, acredito que para os dias de música ao vivo. Eu gostava de prestar atenção nos detalhes, na decoração e noto alguns quadros com artes desconhecidas, paisagens e algumas luminárias amarelas, dando um toque rústico ao lugar.

- E você? Mais alguma coisa? - Emma quebra o silêncio, se voltando para mim.

- Sim. - Me pus a poucos centímetros dela e tomei seu copo da sua mão. Entornei o que ainda restava daquela caipirinha extra forte e coloquei o copo com força no balcão. - Te vejo na URBAN. - Sussurrei próximo ao seu ouvido e caminhei até a saída.

Fiquei parada na calçada do bar, esperando algum motorista do Uber aceitar a corrida.

Consigo ver o carro de David estacionado do outro lado da rua e sorrio só de pensar que ele deve estar com o coração na mão. Nunca vi ele tão feliz quanto no dia que chegou na URBAN com esse carro.

His Daughter - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora