10. Inesperado

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Não consigo decifrar o que é mais estranho, ver a peste concordar com algo que eu disse ou falar o meu nome correto. Era algo extremamente novo e a interrogação na expressão de David era igualzinha a minha.

- Investir em algo novo é sim, algo muito tentador. Sair da zona de conforto, explorar novas coisas, novas ideias, novas áreas, isso pode trazer experiências incríveis. Se a aposta não tiver um resultado satisfatório e vocês não consigam vender, o que eu acho difícil, considerando o trabalho incrível que vocês têm aqui na URBAN, vocês terão um prédio luxuoso, localizado numa capital onde a taxa de turismo é altíssima, pode ser a oportunidade de vocês abrirem uma nova sede da URBAN. - Ok, eu estou ouvindo coisas. Onde ela aprendeu sobre negócios? Com a mãe é que não foi.

Todos ficamos em silêncio por alguns segundos, surpresos é claro.

- Ainda assim, eu acho arriscado demais. - David piscou algumas vezes antes de responder, ele ainda não estava convencido.

- David, para pra pensar. Se a gente conseguir um bom preço, a gente investe um pouco mais na reforma e como a Pes... a Emma falou, dificilmente faltará compradores, justamente por ser um local com grande taxa de turismo. A gente pode transforma-lo num hotel ou num residencial de luxo...- Meus olhos brilham enquanto explico, apesar da pequena confusão com o nome da filhinha do dono. Essa é uma vontade antiga minha, melhorar tudo que tenho a reclamar dos hotéis em que já me hospedei.

- Mas e se a gente não conseguir vender? Esse é o problema, Regina. Temos que trabalhar com o SE também. - Ele bate de leve na mesa, insistindo.

- Concordo, papai, mas o SE não precisa ser algo negativo. Por exemplo, E SE der certo? E SE conseguirmos um bom preço? E SE o lugar der lucro real?

Por um segundo analisei a Peste. Ela parecia outra pessoa. Vê-la numa reunião de negócios dando opiniões e argumentando contra o dono, era quase que... Inimaginável.

- É verdade, David. Podemos ouvir a proposta e saber mais detalhes... - David torce o nariz, ainda não se deu por vencido.

- Até eu estou interessada, papai. Vamos sair um pouco do habitual, pode ser bom pra URBAN. Vai ajudar até no marketing... - Emma faz uma boa observação, e dessa vez ele ficou pensativo, com a mão no queixo.

- Tá, tá bem. Pode marcar a reunião pra segunda. - sorrimos vitoriosas e trocamos um olhar... cúmplice?! - Se vocês estiverem erradas e eu perder dinheiro, eu mato vocês duas. - falava apontando pra nós.

- Você não é capaz, David. Não é homem o suficiente pra isso. - provoco e ele levanta e agarra meu pescoço fingindo força, o que arranca sorrisos de todos na sala, exceto da Peste, que desfez o seu.

A verdade é que a gente se amava. Nos conhecemos muito jovens e nos mantemos tão presentes na vida um do outro, que não poderíamos ter outro sentimento, se não um amor fraterno. Suspeito que Zelena me odeie por ter uma relação com David bem melhor e mais leve que a deles, e ele com certeza confia mais em mim do que nela, no final é apenas ciúmes da Cobra Ruiva.

Apesar da reunião ter sido muito produtiva e eu estar super animada com a ideia de comprar o prédio, uma coisa ainda não saía da minha cabeça. Por que Emma me ajudou com David? Ela estava me ajudando ou só estava realmente interessada no projeto? Se bem que não precisava da ajuda dela, conseguiria de um jeito ou de outro. Mas aquilo me intrigou de qualquer maneira e eu vou descobrir o porquê.

Após todos saírem da sala de reuniões e eu também já estar de saída, ouço a notificação do meu celular, avisando sobre a mensagem recebida. Era August.

"Boa noite, está tudo bem? Queria saber como anda as coisas sobre o divórcio e a transferência."

Digito uma mensagem breve.

His Daughter - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora