57. Pesadelo Dramático

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AVISO: Para compensar a demora, 17mil palavras. 

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- "Você não vai falar nada pra ela, está me ouvindo?" - O som abafado de algo se chocando contra a parede chama minha atenção, fazendo-me aproximar ainda mais da porta e me encostar nela. - "Deixa ela fora disso, Ruby!!" - A resposta de Emma faz com que eu una as sobrancelhas, estranhando ainda mais o rumo que essa conversa está tomando. De quem exatamente elas estão falando?

Uma risada razoavelmente alta ecoa do outro lado da porta, seguida de mais algumas palavras incompreensíveis para mim, que apesar de estar quase me fundindo com a porta de tão próxima que estou, não consigo ouvir com clareza tudo que se é dito ou quem está falando, como se não estivessem mais tão próximas da porta.

- "Por quê? Não estou te reconhecendo, Emma, está com peninha dela? Justo agora? Não, mesmo achando que talvez ela não mereça o que você está fazendo, ela não é uma mulher digna de pena." - Apesar de saber que é a Ruby do outro lado da porta, eu não a reconheço como sendo aquela mulher gentil e até um pouco tímida na maioria das vezes, o que aflora ainda mais em mim sentimentos de dúvidas sobre quem ela realmente é; contudo, o que paira na minha mente não é sobre sua real personalidade, e sim sobre tudo estar dando a entender que essa "mulher que não é digna de pena", na verdade sou eu.

Negação, essa é a palavra que melhor pode descrever o meu estado emocional nesse exato momento. Estou aqui, parada à porta do quarto de Emma com a mão na maçaneta, ouvindo parcialmente a sinuosa conversa entre ela e Ruby, onde tudo parece mudar de direção o tempo todo, mas sempre volta para uma única conclusão. Conclusão essa que faz minha cabeça girar, como uma tontura, procurando algo para se apoiar, qualquer coisa, qualquer esperança de ser apenas um mal entendido.

Poderiam elas ter conversado algumas outras vezes na ausência do David e não terem se entendido muito bem por razões óbvias, e agora novamente estão simplesmente em um desacordo comum? Poderia a Emma estar sendo tão grossa com ela apenas por ter perdido a paciência com sua presença e decidido tirar satisfações?

Todas as minhas teorias estão se chocando na minha mente, gerando uma grande confusão. Mas por que eu tenho a sensação de que essa não é a primeira conversa que as duas estão tendo? O que foi que eu perdi?

- "Eu estou te avisando, Ruby!! Não envolve ela nisso, você sabe muito bem do que eu sou capaz." - Seu tom de voz é visivelmente irritado e ameaçador, um tom que jamais ouvi da Emma, nem mesmo nas nossas tantas trocas de farpas ou até mesmo nos desentendimentos com o pai.

Então, elas realmente se conhecem? São íntimas ou algo assim? Estavam fingindo não se conhecerem esse tempo todo? Por que como a Ruby poderia saber "muito bem" do que ela era capaz se não a conhecesse? Então Emma estava mentindo? Ela que sempre se mostrou tão irredutível quanto a nova namorada do pai, nunca quis dar nenhuma brecha para que houvesse qualquer tipo de aproximação entre elas, como se a repudiasse, então por que estão conversando agora nesse tom tão familiar?

De repente tudo fica em um total silêncio por incontáveis segundos, capaz de se fazer ouvir até uma agulha caindo no chão. Não ouço mais nenhuma movimentação no quarto, o único barulho audível é a minha respiração rápida contra a madeira da porta, o que me faz automaticamente prendê-la para evitar que me flagrem nessa situação, eu não sei o que poderia dizer às duas, o que eu poderia fazer.

- "O que você está esperando? Pode me beijar, Emma... Eu sei que você quer muito fazer isso, então vá em frente, faça o que quiser comigo". - Ouvir essas frases faz o meu estômago revirar, e de repente eu sinto o peso da bebida reagindo em meu corpo.

His Daughter - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora