23. Volta à realidade

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"Dentro de instantes estaremos pousando no Aeroporto de São Paulo. Mantenham os encostos da poltrona na posição vertical e suas mesas fechadas e travadas. Observem os avisos luminosos de apertar cintos."

Desperto do meu sono sem sonhos com a voz eletrônica ecoando por todo o avião. Pisco os olhos seguidas vezes me acostumando com a claridade e percebendo as coisas ao meu redor. Emma ainda dorme ao meu lado, minha cabeça estava apoiada em seu ombro e nossos dedos ainda estão entrelaçados.

Olho a hora no meu relógio e são 22h37. Antes de chamar Emma, solto sua mão devagar. É uma sensação boa e assim que esse contato é desfeito, o estranhamento logo surge, já que passamos as três horas de voo dessa forma. Mas estamos de volta à nossa realidade, estamos no mundo real de novo e tudo que vivemos, apesar de ter sido bom, deve ficar para trás, as coisas devem voltar a ser como eram antes, ou pelo menos, o mais normal possível.

- Emma... - Toco seu braço. - Emma, acorda! - Aumento um pouco o tom de voz e balanço seu corpo. Ela desperta lentamente e vai abrindo os olhos. - O avião vai pousar, já chegamos.

Endireito minha postura e passo a mão nos cabelos, ajustando os fios que estão fora do lugar. Volto meu olhar para Emma e ela ainda está na mesma posição, apenas olhando para mim. Não sei exatamente o que se passa em sua mente, mas aquele olhar fixo em mim, parece querer ler os meus pensamentos e agradeço mentalmente por ela não ter esse poder.

Minha mente está a mil, meus neurônios tentam reorganizar as ideias e colocar meus conceitos de certo e errado nos seus devidos lugares.

Quando finalmente pousamos, andamos lado a lado até o lugar onde esperaremos nossas malas.

Emma retira o celular o bolso da calça e eu repito sua ação, fazendo o mesmo com o meu.

- Meu pai mandou uma mensagem. - Diz casualmente, quando paramos em frente a esteira de onde as malas virão. - Droga! Meu avô está no hospital...

- Ele está bem? - Pergunto, lançando um olhar preocupado.

- Meu pai disse que não é nada grave, mas decidiu levá-lo para o hospital para fazerem alguns exames. - Responde, digitando no celular, supostamente mandando mensagem para David.

Meu celular vibra, avisando o recebimento de uma mensagem.

"Regina, desculpa, não pude buscar vocês. Meu pai está sob observação no hospital e eu preciso ficar com ele. Emma pode dormir na sua casa hoje? Ela não levou a chave dela e eu não posso sair. Não sei que horas ele será liberado, então eu vou passar a noite aqui com ele e Emma vem amanhã pra eu poder ir pra casa... Amanhã cedo você pode vir me buscar no hospital e trazer Emma com você?"

Não contamos favores! Ele está sobrecarregado, preciso ajudar no que puder.

"Ok, sem problemas. Me liga se precisar de alguma coisa..."

Volto o olhar para Emma e ela ainda está com a cara enfiada no celular. Sua expressão é preocupada, se George sempre se recusa a ir ao hospital, provavelmente era algo bem mais grave do que David deixou transparecer em suas mensagens, com isso, até a minha preocupação é aumentada.

- Emma, a gente vai ter que ir para minha casa. Seu pai...

- Eu já sei, ele falou na mensagem. - Interrompe-me e vira a tela do seu celular, mostrando-me a mensagem de David. Confirmo com a cabeça e voltamos a ficar em silêncio.

Não conversamos ainda sobre manter a trégua ou simplesmente voltar a frieza de antes. Confesso que não quero isso, nessa viagem eu conheci várias versões de Emma e muitas delas me encantaram, boa ouvinte, boa nos negócios, sem contar que prometi ajudá-la a se encontrar nos negócios, isso não funcionaria se a gente voltasse a relação de gato e rato.

His Daughter - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora